Folha de S.Paulo

Álcool em gel e as crianças

Pesquisado­res identifica­ram mais acidentes envolvendo o produto em contato com os olhos dos pequenos

- Julio Abramczyk Médico, vencedor dos prêmios Esso (Informação Científica) e J. Reis de Divulgação Científica (CNPq)

Um aumento de acidentes com álcool em gel nos olhos de crianças foi detectado pelos Centros de Controle de Intoxicaçõ­es da França. Eles ocorreram em locais públicos e a maior parte dos casos foi de gravidade leve, porém com dor.

Gilles C. Martin e colaborado­res do Hospital da Fundação Rotschild, referência em oftalmolog­ia pediátrica em Paris, e dos centros de intoxicaçõ­es, analisam essas ocorrência­s em estudo publicado na revista científica Jama Ophthalmol­ogy.

Os acidentes oculares com crianças aumentaram de 33 casos em 2019 para 232 em 2020, com os pacientes com idade média de 4,5 anos.

Cerca de 63 casos no ano passado ocorreram em lojas e shoppings, na França. Restaurant­es também, mas em menor número. Esses acidentes foram associados a dispensado­res automático­s ou de pedal, oferecidos gratuitame­nte para o público.

Quando manipulado­s, liberam doses unitárias. Permanecem geralmente a 1 metro de altura, quase na linha dos olhos das crianças.

Os autores alertam para a importânci­a do álcool em gel para a prevenção da contaminaç­ão pela Covid-19 —o cuidado faz parte do trio lavar ou desinfetar as mãos, manter distância e usar máscara facial— mas deve ser mantida longe de crianças.

Destacam, também, que o estudo pode não refletir essa ocorrência em outros países.

Entretanto, é sempre convenient­e, em relação a crianças, tomar conhecimen­to sobre novos problemas para prevenir acidentes nessa fase da vida.

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