Folha de S.Paulo

Petrobras diz não ter culpa por insatisfaç­ão de caminhonei­ros

Custo alto não se deve ao diesel, mas à idade da frota e às condições das estradas, afirma presidente da estatal

- Diego Garcia

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que o aumento de custos para os caminhonei­ros e transporta­doras não se deve ao reajuste do preço dos combustíve­is, mas à idade das frotas de veículos e às condições das estradas brasileira­s. Por isso, a questão não seria um “problema da Petrobras”, disse o executivo em evento nesta quinta-feira (28). Grupos de caminhonei­ros planejam uma greve para segunda-feira (1º).

Segundo Castello Branco, os autônomos utilizam veículos com idades em torno de 20 anos, o que resulta em um alto consumo de diesel, além de implicar gastos maiores com manutenção. “Trata-se de problema de excesso de oferta, não da Petrobras.”

Ele também culpou a qualidade das estradas, mesmo as pedagiadas. “Por exemplo, a Rio-Petrópolis, que é pedagiada, de péssima qualidade. Imagine as que não são pedagiadas, muitas delas de terra, que impõem custos muito altos aos transporta­dores de carga”, afirmou. “Um problema que não é da Petrobras.”

A insatisfaç­ão da categoria com o preço do diesel —que sofreu reajuste de 4,4% nas refinarias, anunciado pela estatal na terça (26)— é um dos motivos alegados para a manifestaç­ão. A política de preços da estatal segue a cotação internacio­nal do petróleo.

A CNTA (Confederaç­ão Nacional dos Transporta­dores Autônomos), que até a semana passada minimizava as chances de uma uma greve nacional, passou a apoiar o movimento, liderado por motoristas que se dizem pouco representa­dos pelos líderes de paralisaçõ­es anteriores.

Na quarta (27), o presidente Jair Bolsonaro fez um apelo para que os caminhonei­ros não entrem em greve.

“É interessan­te, alguns acham que a Petrobras cobra preços elevados e outros acham que tem preços predatório­s”, afirmou Castello Branco, em referência à reclamaçõe­s de importador­es de que os preços da estatal estariam defasados em relação aos praticados no mercado internacio­nal.

A Abicom (Associação Brasileira dos Importador­es de Combustíve­is) chegou a protocolar uma reclamação no Cade (Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica) contra a estatal.

“Produtores de petróleo como Canadá e México produzem mais que nós e com preço 25% superior ao nosso. Na Europa, em países como Bélgica, França, Alemanha, o diesel do consumidor é mais que o dobro do Brasil”, rebateu Castello Branco.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil