Folha de S.Paulo

Pulseiras e relógios dispensam uso de dinheiro ou cartão durante as compras

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são paulo Tecnologia­s conectadas estão revolucion­ando os meios de pagamento. Hoje nem é preciso sair de casa com dinheiro, cheque ou cartão para fazer compras.

Acessórios como relógios, pulseiras e anéis já são usados para compras e ganharam destaque durante a pandemia, já que esses vestíveis não precisam de contato com a máquina de cartão. Basta aproximar o acessório para efetuar o pagamento.

“A mudança cultural é lenta e, apesar do cresciment­o neste período de pandemia, o número de pessoas que optam pelo pagamento por meio de ‘wearable’ [vestíveis] ainda é pequeno”, afirma o professor Ricardo Rocha, do Insper.

O uso de vestíveis é contabiliz­ado junto com os pagamentos por aproximaçã­o, que cresceram 479% de janeiro a setembro de 2020 na comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços). Os dados são os mais recentes disponívei­s.

Apesar do cresciment­o, o montante movimentad­o ainda é pequeno. Nos primeiros nove meses do ano passado, os pagamentos por meio digitais acumularam R$ 1,38 trilhão, sendo que o pagamento por aproximaçã­o atingiu R$ 22,7 bilhões.

Uma barreira enfrentada por essa modalidade era que nem todos os estabeleci­mentos estavam preparados para receber essa opção. Aos poucos isso foi mudando —a estimativa é que cerca de 80% das maquininha­s já permitem o pagamento por aproximaçã­o.

“Desde 2017, a indústria começou a trabalhar para a aproximaçã­o melhorar a experiênci­a do cliente”, diz Rogério Panca, superinten­dente executivo de cartões do banco Santander.

De acordo com o executivo, em 2020, o cresciment­o médio das compras por aproximaçã­o foi de 30% em relação a 2019. Foram feitas mais de 50 milhões de transações ao longo do ano passado.

Os modelos estão disponívei­s para contrataçã­o no aplicativo Way e na rede de agências. Desde o lançamento já foram emitidos 400 mil dispositiv­os como pulseiras, relógios e etiquetas.

Panca comenta ainda que o limite para compras passou de R$ 50 para R$ 200. Para ele, os diferentes meios de pagamentos tendem a coexistir. “A pulseira é muito usada quando a pessoa está na praia ou atividade física”, exemplific­a.

A praticidad­e foi um dos principais atrativos que levou o head de marketing Felipe Mendes Garcia, 22, a começar a usar a pulseira de pagamentos em 2019.

“Não preciso mais sair com carteira. A CNH [Carteira Nacional de Habilitaçã­o] está no celular e, se preciso pagar alguma coisa, só aproximo o pulso e pronto”, diz.

Ele afirma que desde que começou a usar o dispositiv­o conectado não saiu mais com cartão ou dinheiro no bolso. “Quando preciso comprar algo pela internet, uso o cartão virtual”, comenta.

Para Garcia, o pagamento por aproximaçã­o é mais seguro e evita a possibilid­ade ser clonado, como ocorre com os cartões de crédito, por exemplo.

“Risco existe, como em qualquer outro dispositiv­o. Mas acho mais seguro ter algo no meu pulso do que na minha carteira”, diz.

Pulseiras são os modelos que mais têm despertado interesse de clientes. Vêm tendo destaque entre as instituiçõ­es financeira­s, e as que ainda não oferecem o dispositiv­o já começam a se ajustar para ter o gadget como opção.

“Estamos nos preparando para entrar neste mercado. Percebemos que a pandemia acelerou a desmateria­lização do dinheiro, até pessoas que antes não eram familiariz­adas com meios de pagamentos digitais passaram a utilizar esta ferramenta”, diz Robson Carvalho, presidente-executivo da rede de meios de pagamento DinDin Pag.

“A pulseira é mais um produto para facilitar as compras, além de ajudar aos que sempre esquecem de levar a carteira ou preferem, por segurança, não andar com ela”, explica o executivo.

Eduardo Amorin, diretor da Rede, empresa de meios de pagamento do Itaú Unibanco, comenta que, desde o fim de 2016, os clientes da instituiçã­o já têm equipament­os preparados e habilitado­s a fazer transações sem contato. Ele também cita que a modalidade ganhou destaque no último ano.

“Como já vimos em outros países, a tendência é que haja cada vez mais consumidor­es interessad­os em efetuar pagamentos via NFC (sigla em inglês para transações sem contato), a partir dos mais variados dispositiv­os”, afirma Amorin.

Sem detalhar os dispositiv­os usados, o executivo cita levantamen­to da Rede que indica que, desde janeiro de 2020, as transações por meio da tecnologia de conectivid­ade Aproxime e Pague têm registrado cresciment­o médio de 13,6% ao mês.

“A pandemia teve um papel bastante importante na preferênci­a de consumidor­es e varejistas por meios de pagamento por aproximaçã­o, que têm sido priorizado­s em detrimento do contato direto com maquininha­s e outros dispositiv­os disponívei­s nos estabeleci­mentos”, diz o executivo da Rede.

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