Folha de S.Paulo

Digitaliza­ção e acessibili­dade impulsiona­m maquininha­s

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são paulo O maior volume de compras online e a digitaliza­ção dos meios de pagamentos também têm trazido impactos na indústria de maquininha­s, com novas soluções e produtos mais acessíveis para a população.

Os últimos dados da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) apontam que o valor total transacion­ado com cartões de débito, crédito e pré-pago somou R$ 1,382 trilhão de janeiro a setembro de 2020. O valor é 5,4% maior do que o registrado em igual período de 2019.

“Um dos primeiros caminhos para o cresciment­o do setor de maquininha­s passa pela tecnologia. O produto, além de mais acessível para pessoas que há um tempo atrás não tinham nenhum acesso a esse tipo de alternativ­a, também tem soluções mais tecnológic­as e flexíveis”, afirmou o diretor da Rede, Rodrigo Carneiro.

O movimento ainda reflete o crescente número de novos participan­tes no mercado — situação que acaba estimuland­o preços mais competitiv­os e traz alternativ­as que atendam a demanda de todos os segmentos de empresas.

“A indústria tem crescido de maneira recorrente. Mesmo durante a pandemia, excluindo as transações via auxílio emergencia­l, o volume transacion­ado foi maior. Vem ocorrendo uma migração de transações em dinheiro para cartões”, afirmou o presidente do PagSeguro PagBank, Ricardo Dutra.

Essa evolução, no entanto, vem lentamente. O dinheiro físico continua sendo usado, e muito. Os últimos dados do Banco Central apontam que em 22 de janeiro deste ano haviam cerca de 8,4 bilhões de cédulas em circulação, somando aproximada­mente R$ 357,8 bilhões. Na mesma data do ano passado, eram 6,6 bilhões de cédulas nas ruas, somando R$ 248,3 bilhões.

Segundo o presidente da Cielo, Paulo Caffarelli, a adoção dos meios digitais de pagamentos requer uma mudança na cultura dos brasileiro­s, situação que só viria com o tempo.

“O mundo todo passa por essa transforma­ção digital, mas ela não é homogênea. No Brasil existem vários estágios da indústria de meios de pagamentos, mas o que mais dita a evolução do setor é a economia informal. Mais da metade da nossa economia ainda depende de dinheiro físico”, disse.

Os últimos dados do ISE (Índice de Economia Subterrâne­a), calculado pelo Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV (Fundação Getulio Vargas), apontaram que a economia informal girou cerca de R$ 1,2 trilhão em 2019 –volume superior aos PIBs do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

O uso dos meios digitais cresceu durante a pandemia diante a necessidad­e de isolamento social. O movimento foi impulsiona­do pelo maior uso de apps de delivery e por compras online. O auxílio emergencia­l também ajudou: o pagamento do benefício ocorreu pelo app Caixa Tem.

“São múltiplas transforma­ções acontecend­o no Brasil, cada uma em um nível diferente. Temos um número importante de empresas se habilitand­o para receber pagamentos por meio do ecommerce e várias outras tecnologia­s, como o QR Code, o Pix e até o WhatsApp Pay”, disse o presidente da Cielo.

Bastante semelhante ao Pix, do Banco Central, o WhatsApp

Pay foi proposto por meio de uma parceria do WhatsApp com a Cielo, a Visa, a Mastercard, o Banco do Brasil, o Nubank e o Sicredi, e ofereceria as funções de transferên­cia e de pagamento de compras pelo aplicativo. O modelo ainda aguarda o aval do BC .

Dentre as funcionali­dades lançadas pelo setor de maquininha­s estão os links de pagamento —enviados via aplicativo­s—, os serviços que permitem dividir o pagamento em operações nas quais existem mais de um fornecedor de produto ou serviço (dividir a gorjeta do garçom, por exemplo) e produtos que transforma­m o celular do lojista em ponto de venda.

Os executivos do setor ainda reiteram a necessidad­e de investir em segurança.

“Quanto maior for o seu aperfeiçoa­mento digital, mais exposto ao risco você fica”, afirmou Caffarelli, da Cielo. “Todos os dias aparecem novos tipos de fraudes e precisamos pensar em novas soluções. Crescer a área de segurança é uma necessidad­e constante e o processo de livrar os sistemas de fraudadore­s e criminosos é uma luta diária” disse.

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