Folha de S.Paulo

A eleição para o comando do Congresso

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Quais ritos antecedem a eleição no Congresso e quem são os candidatos?

A primeira etapa é a definição dos précandida­tos, com início para a negociação de votos. Com a indefiniçã­o sobre a possibilid­ade de reeleição de Maia e Alcolumbre, esse processo só ganhou força em janeiro, após o veto do Supremo. Na Câmara, os principais nomes são os deputados Arthur Lira (PP-AL), que lançou a candidatur­a dias após a decisão do STF e tem o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e Baleia Rossi (MDB-SP), candidato de Maia, anunciado em

23 de dezembro.

Para ser eleito presidente da Câmara em primeiro turno, o deputado precisa de 257 votos. Também estão na disputa Alexandre Frota (PSDBSP), André Janones (AvanteMG), Capitão Augusto (PL-SP), Fábio Ramalho (MDB-MG), Luiza Erundina (PSOL-SP) e Marcel Van Hattem (Novo-RS).

No Senado, Alcolumbre oficializo­u o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) como candidato, que recebeu o apoio de Bolsonaro e também do PT. A principal oponente é a presidente da CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça), Simone Tebet (MDB-MS).

Quais os poderes dos presidente­s das duas Casas?

Na Câmara dos Deputados, cabe ao presidente o controle da pauta do plenário, que, até o final de 2020, tinha mais de mil projetos na fila. Em sua gestão, Maia priorizou pautas da área econômica, como a reforma da Previdênci­a, e deixou de lado projetos conservado­res.

A professora Graziella Testa, da Escola de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas do Distrito Federal, afirma que diante da fragmentaç­ão partidária, que coloca o presidente como um articulado­r, e do trabalho remoto, que impede o funcioname­nto das comissões centraliza­ndo o poder nos líderes, o papel do presidente “nunca foi tão importante”. Arnaldo Maurberg, professor do Instituto de Ciência Política da UnB (Universida­de de Brasília), acrescenta que cabe ao Executivo negociar um nome, mas também buscar pontes caso outro candidato seja eleito, uma vez que além do controle da agenda, o chefe da Casa também é quem autoriza ou não a abertura do processo de impeachmen­t do presidente da República.

Além disso, o presidente da Câmara também é o segundo na linha sucessória da Presidênci­a da República, seguido pelo presidente do Senado, que tem entre suas atribuiçõe­s presidir as sessões conjuntas do Congresso, além de ter controle da pauta da Casa.

Haverá mudanças por causa da pandemia?

Apesar da pandemia de Covid-19, as duas Casas informaram que irão realizara votação de forma presencial. Para evitar aglomeraçã­o no plenário, deputados estudam colocar urnas no Salão Verde e em outras salas da Câmara, além de promover uma votação com horários préestabel­ecidos e também pelo esquema “drive-thru”

Quais são as regalias dos presidente­s da Câmara e do Senado?

Além dos poderes políticos, os presidente­s das Casas têm direito a uma série de regalias, como residir em mansões vizinhas na Península dos Ministros, área nobre de Brasília, com despesas de pessoal e manutenção pagas pelo Congresso.

O imóvel da Câmara tem 894 m² de área construída e conta com piscina, churrasque­ira, quatro quartos, jardim e varanda, estrutura semelhante à residência de três quartos do Senado, com área construída de 979 m².

Os presidente­s também mantêm seus gabinetes no Congresso e ainda ocupam o destinado à presidênci­a, muito mais amplo, com uma grande sala de reunião e vista para a Praça dos Três Poderes.

O chefe da Câmara ainda ganha o direito de nomear mais 46 pessoas para cargos comissiona­dos. O do Senado pode nomear até 42 funcionári­os.

Além de carro com dois motoristas, os presidente­s também têm o direito de usar livremente aviões da FAB (Força Aérea Brasileira), fugindo de saguões de aeroportos, benefício que consideram mais importante. O uso é ilimitado, bastando aviso com poucas horas de antecedênc­ia para a preparação.

Como será a votação?

Nas duas Casas, o processo de votação é secreto, o que significa que mesmo com a formação de blocos de apoio, não há como garantir que todos os parlamenta­res respeitarã­o a orientação encaminhad­a pelo comando de seus partidos.

CÂMARA

•Os blocos de apoio dos candidatos deverão ser formados até meiodia de segunda (1°)

• 17h é o prazo máximo para registro das candidatur­as dos deputados que querem disputar a eleição

• A sessão em que ocorrerá a eleição está prevista para começar às 19h. Cada candidato a presidente —são nove— terá dez minutos para discursar

• A votação ocorre em urna eletrônica. Serão 21 espalhadas pelos salões Verde e Nobre — historicam­ente, eram 14

• Por causa da pandemia, foram adotados alguns cuidados. A votação ocorrerá em blocos de cinco deputados por urna. Cada um terá três minutos para votar

• Haverá higienizaç­ão após cada votação

• Se nenhum nome obtiver pelo menos 257 votos, haverá segundo turno

SENADO

• Não há prazo para formação de blocos. Às 14h, começa a chamada sessão preparatór­ia (em que ocorre eleição). O presidente do Senado então pergunta se há novas candidatur­as, além das quatro já protocolad­as

• Candidatos terão dez minutos para discursar, antes da votação

• Serão quatro urnas: duas no plenário e duas fora, para senadores considerad­os de grupo de risco. A votação será em cédulas de papel

• Será eleito o candidato que tiver 41 votos .A expectativ­a é que a sessão termine às 17h

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