Folha de S.Paulo

Bolsonaro faz novo apelo a caminhonei­ros e rejeita zerar tributo do diesel

Presidente disse neste sábado que redução da PIS/Cofins do combustíve­l teria impacto bilionário; categoria planeja greve para esta segunda (1º)

- Ricardo Della Coletta Com UOL

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez um novo apelo neste sábado (30) para que os caminhonei­ros não façam uma paralisaçã­o nesta segunda (1º).

Ele afirmou ainda que a redução da PIS/Cofins do óleo diesel traria um impacto bilionário para os cofres públicos e que, para adotar essa medida, o governo precisa indicar de onde viria a compensaçã­o pela perda dos recursos.

“A gente apela para os caminhonei­ros, eles realmente são o sangue que leva o progresso, todo o movimento dentro do Brasil. Não é eu que vou perder, o Brasil vai perder. Os senhores também vão perder”, disse o presidente durante passeio de moto por Brasília.

“Nós fizemos já alguma coisa por eles [caminhonei­ros]. Agora, fui em cima da Petrobras, para pegar números. Eu não interfiro na Petrobras. O preço do combustíve­l registrado pelo [Roberto] Castello Branco, seu presidente, leva em conta basicament­e o preço da cotação do dólar internacio­nal e o preço do dólar internamen­te”, disse.

Sobre a redução da PIS/Cofins sobre o diesel, hoje em R$ 0,33 por litro, o presidente disse que a eliminação da contribuiç­ão traria um impacto de R$ 26 bilhões.

“Eu gostaria —não sei se estou certo, porque tem que falar com o Paulo Guedes [ministro da Economia] antes— que não tivéssemos esse impediment­o na Lei de Responsabi­lidade Fiscal, [de] ao diminuir imposto ser obrigado a achar a fonte para compensar o que foi diminuído em outro local. Se não tivesse, eu zeraria agora imediatame­nte os R$ 0,33”, disse.

O preço do combustíve­l é um dos pontos que criticados pela categoria, insatisfaç­ão agravada pelo reajuste de 4,4% do óleo diesel nas refinarias anunciado pela Petrobras nesta semana.

Entidades que representa­m caminhonei­ros prometem iniciar uma greve para pressionar o governo a negociar uma pauta com dez exigências, em uma tentativa de repetir o movimento que, em 2018, parou o país por 11 dias e deu origem à tabela de preços mínimos para os fretes rodoviário­s. A categoria, no entanto, está dividida, além de enfrentar a oposição de grupos patronais e do setor produtivo.

O Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), uma das entidades que convocou o protesto, encaminhou na sexta (29) um documento a Bolsonaro, informando sobre o início da greve a partir da segunda.

No texto, a entidade orienta os caminhonei­ros a ficarem em casa durante a paralisaçã­o. Para quem estiver em trânsito, a recomendaç­ão é que sigam os protocolos de segurança contra a Covid-19. A CNTRC afirma que a paralisaçã­o é um direito e que cabe ao trabalhado­r “decidir sobre a oportunida­de de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”.

Além da CNTRC, confirmara­m adesão à greve CNTTL (Confederaç­ão Nacional dos Trabalhado­res em Transporte­s e Logística), ANTB (Associação Nacional de Transporte no Brasil) e Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotore­s).

 ?? Mathilde Missioneir­o - 26.nov.20/Folhapress ?? Caminhões parados em posto na Rodovia Presidente Dutra, em SP
Mathilde Missioneir­o - 26.nov.20/Folhapress Caminhões parados em posto na Rodovia Presidente Dutra, em SP

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil