Bolsonaro faz novo apelo a caminhoneiros e rejeita zerar tributo do diesel
Presidente disse neste sábado que redução da PIS/Cofins do combustível teria impacto bilionário; categoria planeja greve para esta segunda (1º)
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez um novo apelo neste sábado (30) para que os caminhoneiros não façam uma paralisação nesta segunda (1º).
Ele afirmou ainda que a redução da PIS/Cofins do óleo diesel traria um impacto bilionário para os cofres públicos e que, para adotar essa medida, o governo precisa indicar de onde viria a compensação pela perda dos recursos.
“A gente apela para os caminhoneiros, eles realmente são o sangue que leva o progresso, todo o movimento dentro do Brasil. Não é eu que vou perder, o Brasil vai perder. Os senhores também vão perder”, disse o presidente durante passeio de moto por Brasília.
“Nós fizemos já alguma coisa por eles [caminhoneiros]. Agora, fui em cima da Petrobras, para pegar números. Eu não interfiro na Petrobras. O preço do combustível registrado pelo [Roberto] Castello Branco, seu presidente, leva em conta basicamente o preço da cotação do dólar internacional e o preço do dólar internamente”, disse.
Sobre a redução da PIS/Cofins sobre o diesel, hoje em R$ 0,33 por litro, o presidente disse que a eliminação da contribuição traria um impacto de R$ 26 bilhões.
“Eu gostaria —não sei se estou certo, porque tem que falar com o Paulo Guedes [ministro da Economia] antes— que não tivéssemos esse impedimento na Lei de Responsabilidade Fiscal, [de] ao diminuir imposto ser obrigado a achar a fonte para compensar o que foi diminuído em outro local. Se não tivesse, eu zeraria agora imediatamente os R$ 0,33”, disse.
O preço do combustível é um dos pontos que criticados pela categoria, insatisfação agravada pelo reajuste de 4,4% do óleo diesel nas refinarias anunciado pela Petrobras nesta semana.
Entidades que representam caminhoneiros prometem iniciar uma greve para pressionar o governo a negociar uma pauta com dez exigências, em uma tentativa de repetir o movimento que, em 2018, parou o país por 11 dias e deu origem à tabela de preços mínimos para os fretes rodoviários. A categoria, no entanto, está dividida, além de enfrentar a oposição de grupos patronais e do setor produtivo.
O Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), uma das entidades que convocou o protesto, encaminhou na sexta (29) um documento a Bolsonaro, informando sobre o início da greve a partir da segunda.
No texto, a entidade orienta os caminhoneiros a ficarem em casa durante a paralisação. Para quem estiver em trânsito, a recomendação é que sigam os protocolos de segurança contra a Covid-19. A CNTRC afirma que a paralisação é um direito e que cabe ao trabalhador “decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”.
Além da CNTRC, confirmaram adesão à greve CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística), ANTB (Associação Nacional de Transporte no Brasil) e Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores).