Folha de S.Paulo

Músicos buscam na Nova Zelândia palco para shows lotados e sem gente de máscara

- Eduardo Moura

Era o primeiro domingo deste novo ano quando o músico inglês Ed Keeley se apresentou para uma multidão sem máscara ou distanciam­ento. No dia seguinte, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, decretou um novo lockdown na Inglaterra. Passou mais um dia e Keeley aglomerou de novo.

Só que o DJ não infringiu nenhuma regra. O músico conhecido como Friction se apresentou no festival Bay Dreams, na Nova Zelândia, onde avidados habitantes segue sem grandes restrições.

O país foi avaliado como oque lidou melhor com acrise sanitária pelo LowyInstit ute—o Brasil ficou no último lugar.

“Foi uma sensação incrível poder tocar para pessoas, andar por aí sem máscara. No início foi difícil de acostumar, depois de tanto tempo em casa. Só de pode restar fora, ir beber com um amigo, eu me senti um E.T.”, diz Friction.

A última apresentaç­ão dele tinha sido em março de 2020. Desde então, Friction fez uma live e aproveitou a viagem para criar um novo álbum.

A Nova Zelândia está com as fronteiras fechadas para estrangeir­os, mas há exceções. Para ter a entrada aprovada, o visitante tem que ser considerad­o um “critical worker”, isto é, um trabalhado­r essencial.

E para isso, tem que atendera critérios a serem avaliados por autoridade­s neozelande­sas. Apessoa precisa demonstrar que tem“experiênci­a única e habilidade­s técnica sou especializ­adas que não são facilmente encontrada­s na Nova Zelândia ”, de acordo coma Imigração do país.

Autorizado a entrar, o “critical worker” precisa então cumprir duas semanas de quarentena em um hotel.

O DJ Friction teve que passar o Natal trancafiad­o sozinho num quarto de hotel, longe da família e dos amigos, para poder tocar em festivais nos dias 3 e 5 de janeiro. O músico também fez outras apresentaç­ões em casas de shows, pavilhões e after parties nas cidades de Wellington, Christchur­ch e Tauranga.

O Bay Dreams é um festival de grande porte que tem dinheiro par abancara ida de artistas estrangeir­os ao país, além de toda a burocracia envolvendo a imigração em meio a uma pandemia.

Nem todos os eventos conseguem fazer o mesmo. A Feira de Arte de Auckland costuma receber artistas de países do Pacífico, como Austrália, Japão, China e Chile. Em fevereiro de 2021, porém, não receberão nem mesmo os vizinhos australian­os.

Ainda assim, a feira contará com quatro galerias estrangeir­as —da China, da Austrália e das Ilhas Cook—, só que os estandes serão tocados por moradores da Nova Zelândia.

O país não saiu totalmente ile soda pandemia. Auckland, acidade mais populosa, passou por dois lockdowns.

Nesses períodos, a Orquestra Filarmônic­a de Auckland teve 60% de suas apresentaç­ões canceladas ou adiadas.

Enquanto os novinhos que foram ao Bay Dreams se aglomerara­m sem piedade, o público da Filarmônic­a de Auckland tem sido mais cauteloso. Muitos ainda têm preferido assistir aos espetáculo­s usando máscaras de proteção.

Mas não dá para acusá-los de excesso de zelo.

O país não registrava infecção local desde novembro, até que no domingo passado, dia 24, o governo anunciou um novo caso de Covid-19 no país de Jacinda Ardern.

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