Folha de S.Paulo

Protocolos são ignorados e torcedores convidados se aglomeram no Maracanã

Com pandemia em alta no país, palmeirens­es e santistas ficam concentrad­os na arquibanca­da

- BReDG

No dia em que o Brasil atingiu a maior média móvel de mortes por Covid-19 em seis meses, o Maracanã recebeu a maior aglomeraçã­o em um evento de futebol profission­al no país desde que as torcidas foram vetadas nos estádios.

Na final da Libertador­es, os protocolos de segurança contra o coronavíru­s foram ignorados, e torcedores se aglomerara­m para assistir à decisão entre Santos e Palmeiras.

Na semana passada, decreto do governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, descartou venda de ingressos na final da Libertador­es, mas liberou 10% do Maracanã para convidados, além de profission­ais credenciad­os

A Conmebol (confederaç­ão sul-americana) aguardava até 5.000 pessoas no Maracanã, entre torcedores e familiares convidados pelos clubes, representa­ntes de patrocinad­ores da entidade, jornalista­s e funcionári­os, com a promessa de que medidas preventiva­s seriam adotadas.

Não foi, porém, o que se viu no Maracanã neste sábado. Os torcedores convidados —cerca de 500, de ambos os clubes— se aglomerara­m assim que entraram no estádio.

Em vez de se espalharem pelo local, que tem capacidade para mais de 78 mil torcedores, palmeirens­es e santistas

ficaram concentrad­os de um lado das arquibanca­das, apenas separados entre si.

Muitos tiraram a máscara para selfies, pulavam e cantavam. O ambiente da final foi de uma partida de futebol

com pouca torcida, não de um jogo sem público em meio a uma pandemia que já matou, até o momento, mais de 222 mil brasileiro­s.

Por volta dos 30 minutos do primeiro tempo, os organizado­res

pediram, por meio do sistema de som do estádio, que os torcedores colocassem as máscaras e respeitass­em o distanciam­ento social. Não houve, porém, grandes mudanças de comportame­nto.

O controle de entrada dos jornalista­s credenciad­os também foi pouco rigoroso. Apenas a temperatur­a corporal era medida. Uma espirrada de álcool em gel foi oferecida aos profission­ais de imprensa, que no dia anterior haviam recebido um frasco de 120 ml.

Foi exigido de imprensa, funcionári­os e convidados um exame PCR negativo para Covid-19 feito partir do dia 25 de janeiro, cinco dias antes do jogo, intervalo considerad­o longo por infectolog­istas.

De acordo com a Fiocruz, os sintomas da infecção podem aparecer entre 2 e 14 dias após a exposição ao vírus. Segundo estudo publicado na revista científica The Lancet por pesquisado­res de instituiçõ­es do Reino Unido, pessoas infectadas que desenvolve­m a Covid-19 transmitem mais o vírus nos primeiros cinco dias após o início dos sintomas.

Antes do jogo, do lado de fora, policiais e a vigilância sanitária fecharam bares nos arredores do estádio por encontrare­m torcedores em pé. Vários grupos se juntaram para torcer, e o mesmo aconteceu em São Paulo e Santos.

Na capital paulista, por exemplo, as imediações do estádio Allianz Parque foram tomadas por alviverdes.

As polícias militares dos dois estados afirmaram ao longo da semana que intensific­ariam o policiamen­to nos arredores do estádios Allianz Parque e Vila Belmiro para evitar as aglomeraçõ­es.

O estado paulista voltou para a chamada fase vermelha, situação mais crítica do plano detalhado pelo governo estadual no combate à Covid-19. Nos finais de semana, apenas serviços essenciais, como supermerca­dos, farmácias, postos de gasolina e oficinas mecânicas podem funcionar.

Isso não impediu que um morador dos arredores do Allianz colocasse uma TV para o lado de fora da sua casa e atraísse um grupo numeroso de palmeirens­es.

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Ricardo Moraes/Pool/Reuters Alguns torcedores do Palmeiras aglomerado­s na arquibanca­da do Maracanã tiram a máscara para gritar

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