Volta às aulas em modelo híbrido tem alta procura
Professores e estudantes de colégios privados se desdobram em cronograma com atividades online e presenciais
Escolas particulares relatam alta procura pelo retorno presencial, autorizado desde ontem em São Paulo. Com limite de 35% na presença, colégios organizaram rodízios, aulas em dias intercalados e disciplinas remotas.
são paulo Pela primeira vez desde março, Luísa Gastaldi, 14, voltou na manhã desta segunda (1º) ao colégio em que estuda. Entrar no pátio e encontrar os amigos, subir as escadas até a sala de aula, rever os funcionários, todas essas atividades, antes rotineiras, ganharam um novo significado no início deste ano letivo.
“Eu não prestava atenção nessas pequenas rotinas e interações que tinha na escola e senti muita falta”, contou a aluna, que está no 1º ano do ensino médio no colégio Rio Branco, em Higienópolis, região central de São Paulo.
A volta das aulas presenciais foi autorizada em todo o estado a partir desta segunda. As escolas privadas foram as primeiras a iniciar o ano letivo. Nas unidades públicas, professores e funcionários ainda recebem treinamento para o retorno.
Nas escolas da rede estadual, as aulas começam na próxima segunda (8). Já na rede municipal da capital, o retorno está previsto para o dia 15.
Apesar da autorização para a retomada das atividades presenciais, as escolas só podem receber ao mesmo tempo 35% dos alunos matriculados, já que todos os municípios paulistas estão nas fases laranja ou vermelha, as mais restritivas do Plano São Paulo.
Os colégios particulares dizem ter tido alta procura das famílias pelo retorno presencial e, por isso, tiveram de organizar um rodízio para atendera todos os alunos. No Rio Branco, a saída encontrada foi ade alternar acada semana as turmas dos anos finais de ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) e do médio.
“Os pais se preocupam com o tempo em que os filhos permaneceram isolados e também confiam nas medidas de segurança que adotamos”, conta Renato Judice, diretor do colégio, onde 85% das famílias optaram pelo retorno.
Agrande adesão, no entanto, tem gerado situações incomuns no colégio. Nesta segunda, alguns professor estinham que dar aula em três ambientes diferentes, já que os alunos de uma mesma turma precisaram ser divididos em duas salas para garantir o distanciamento. Ainda tinham que ensinar de forma online os que optaram por ficar em casa.
Mirtes Timpanaro, professora de história, se dividia entre duas salas de aula onde tinha que orientar pessoalmente os alunos. Em cada local, uma câmera foi colocada par agravara aula queé trans mi compareceram tida para quem está em casa.
“Vamos nos adaptar a esse novo modelo híbrido, assim como nos adaptamos ao ensino remoto. Vamos precisar de paciência e ajuda de todos, mas vamos nos adaptar”, disse a professora à Folha enquanto ia de uma sala para outra.
No andar de baixo, o professor Milton Vargas estava sentado no laboratório de química com o celular na mão dando aula online para os alunos de 2º do ensino médio, que só terão atividades presenciais na próxima semana.
“Eles vão vir uma semana sim e outra não. Mas eu venho todos os dias e vou dar aula daqui para quem estiver presente”, contou Vargas.
Para os alunos, ter algumas aulas presenciais significa um alívio, mas eles dizem que o novo modelo vai exigir adaptações na rotina.
“Vamos ter que encontrar um novo equilíbrio para aproveitar o lado bom dos dois sem descuidar do estudo. Por exemplo, nos dias em casa, não dar menos atenção às aulas”, disse Giulio Severino, 15, aluno do 1º ano.
No colégio Bandeirantes, na Vila Mariana, os alunos também terão aulas em dias intercalados. Para facilitar a adaptação ao modelo híbrido, a direção decidiu que algumas disciplinas serão totalmente presenciais e outras completamente remotas.
“Dessa forma é mais fácil para a organização dos professores e dos alunos. O professor não vai ter que dar uma aula presencial e depois ter que continuar o conteúdo online”, explicou Mayra Ivanoff, diretora pedagógica do colégio.
A direção também optou por jornadas mais curtas nos dias presenciais para que os alunos não tenham que se alimentar na escola. Eles terão no máximo 4 aulas por dia, sem previsão de recreio.
Ainda que o modelo com rodízio de alunos esteja distante da rotina das crianças antes da pandemia, as famílias relatam que os filhos ficam mais tranquilos e animados de voltar a ter parte das atividades como conheciam antes.
“Minha filha ficou feliz de colocar o uniforme, de arrumar os materiais da escola, até de acordar cedo porque sabia que iria encontrar os amigos”, contou Giovana da Silva, 46, mãe de Gabriela, 9, que está no 5º ano no colégio Santa Maria, no Jardim Marajoara.
A direção da escola optou por alternar os dias de aulas presenciais para cada série e reduzir a jornada diária. “Ela ainda não entendeu como vai ser a organização, como será a parte online, se as aulas presenciais serão uma continuidade do remoto. Acho que a adaptação acontecerá aos poucos.”
Escolas estaduais reabrem com novas regras e merenda Clayton Freitas
são paulo | agora A agente comunitária de saúde Ana Paula Santana Sousa, 36, fez questão de acompanhar os dois filhos até a escola estadual Livio Xavier, no Itaim Paulista, extremo da zona leste de São Paulo, nesta segunda-feira (1º), no início das atividades letivas de 2021, que, por enquanto, incluem apenas o acolhimento e fornecimento de merenda.
“É como se fosse um treinamento. Traz mais segurança [a acolhida]”, afirma Sousa.
“O objetivo é o de conversar, mostrar como está o ambiente em que eles vão ficar, dizer como devem se comportar na fila e quando estiverem no pátio”, explica a dirigente regional de ensino Leste 2, Geni Delmiro Soares.
Cerca de 5.000 escolas da rede estadual reabriram suas portas, em especial para oferecer diariamente merenda aos 770 mil mais vulneráveis, segundo os registros do Bolsa Família e Cadastro Único.
Esses mesmos alunos participaram no ano passado do programa Merenda em Casa e receberam R$ 55 mensais e podem fazer a refeição na escola todos os dias. Para os demais, a merenda é garantida no dia em que estiverem na unidade.
Dos cerca de 1.500 matriculados na escola Livio Xavier, 45 nesta segunda. A Secretaria Estadual de Educação não informou o total de alunos da rede que foram acolhidos e receberam as refeições em todas as escolas estaduais.
Nesta segunda, a diretora da unidade, Angela Fonseca, 43, recepcionou um pequeno grupo de alunos nasala de aula coma distribuição de máscaras descartáveis e uma mensagem de boas vindas.
As cadeiras e carteiras foram sinalizadas e repositórios de álcool em gel foram distribuídos nos corredores, perto das entradas das salas. Após a recepção, o grupo desceu até o pátio, onde marcas no chão indicavam a distância na fila para que todos recebessem a merenda. Uma equipeérespon sável por realizara higienização de mesa secadeiras.
“Achei toda a estrutura de recepção muito boa. Antes eu tinha muito receio. Mas o que eu vi aqui deu mais tranquilidade”, afirma Marilu Soares Correa, 38, mãe de Gabriel, de 14.
Ela acompanhou o filho, já que esse foi o primeiro conta todo adolescente coma sua nova escola. Sobre a impressão a respeito da nova escola, Gabriel elogiou as dependências e disse que estava ansioso para voltar às aulas. “As salas são bem diferentes, os desenhos são bacanas e o que eu mais gostei foi o pátio”, disse.
Gabriel já está seguindo o perfil do Facebook da escola ejá foi incluído no grupo de WhatsApp para saber quando terá aulas presenciais.
Segundo Fonseca, em salas que contam com 40 alunos, o limite será de 14 estudantes de forma presencial. Ase quência é definida pela ordem da lista de chamada.
Enquanto os 14 estudantes estiverem presencialmente na sala, os demais acompanham a aula ao vivo, em transmissão pela internet. Aqueles que não contarem com equipamentos suficientes para acompanhar online poderão usar as dependências da escola para acompanhar as aulas.