São Paulo demite Fernando Diniz, e Raí pede para sair da direção de futebol
Sem substituto definido, auxiliar Marcos Vizolli assume como técnico interino
são paulo A cinco rodadas do fim do Campeonato Brasileiro, o São Paulo demitiu o técnico Fernando Diniz, 46. A decisão foi tomada em reunião da diretoria nesta segunda-feira (1º), um dia após a derrota para o Atlético-GO por 2 a 1, pela 33ª rodada da competição.
Segundo o clube, Raí decidiu antecipar sua saída do cargo de diretor de futebol, que estava planejada para o fim da temporada. A agremiação já havia anunciado a chegada de um novo executivo, Rui Costa, para a posição então ocupada pelo ídolo do clube.
O resultado de domingo deixou a equipe tricolor na quarta posição, com 58 pontos, a 7 do líder Internacional. Em 26 de dezembro de 2020, após vencer o Fluminense por 2 a 1, pela 27ª rodada, o São Paulo tinha vantagem de sete pontos na ponta da tabela e era o principal favorito ao título.
A pressão pela queda do técnico feita por conselheiros e outros integrantes da direção sobre o presidente Julio Casares, eleito no final do ano passado e empossado em 1º de janeiro, só aumentava. O plano inicial do dirigente, que ainda não comemorou uma vitória no comando da agremiação, era esperar o final do Brasileiro para tomar uma decisão.
“Depois do duro resultado contra o Inter, fizemos reunião para aguardar reação contra Coritiba e Atlético-GO, mas não veio. Assumimos num contexto diferente. No calendário normal teria pré-temporada. Temos de planejar o futuro e por isso a decisão foi tomada agora, visando planejamento em curso. Temos cinco rodadas, acreditamos em bons resultados, mas precisamos pensar no planejamento”, disse Casares em entrevista coletiva.
Não há uma nome definido para substituir Diniz. Segundo Casares, a escolha será dos responsáveis pela gestão de futebol. Entre eles, além de Rui Costa, Muricy Ramalho, contratado recentemente como coordenador técnico.
Enquanto a diretoria procura por um novo treinador, Marcos Vizolli, auxiliar fixo da comissão técnica, assume o time de forma interina.
Desde o triunfo sobre o Fluminense, foram quatro derrotas e dois empates pelo Brasileiro. Alguns desses resultados deixaram marcas que levaram à queda do técnico.
O revés por 4 a 2 diante do Red Bull Bragantino é lembrado pela discussão de Diniz com Tchê Tchê, em que ele chama o volante de “mascarado” e “ingrato.” No jogo seguinte, o time perdeu para o Santos, que entrou em campo com reservas, por causa da participação na Libertadores.
O pior ocorreu no último dia 20, quando o São Paulo fez no Morumbi um confronto visto como decisivo para chegar ao título, contra o Internacional. Foi goleado por 5 a 1.
Horas depois do apito final, Casares teve reunião com diretores e ouviu pedidos para demitir o treinador, mas decidiu mantê-lo por não haver nomes de peso no mercado que poderiam substituí-lo.
No total, a equipe acumula sete jogos sem vencer. Houve também o empate em 0 a 0 com o Grêmio, em casa, pela semifinal da Copa do Brasil —placar que eliminou o São Paulo da competição.
O trabalho de Raí, que estava na diretoria tricolor desde o fim de 2017, também era questionado há tempos, principalmente por não conseguir reverter a seca de títulos que já passa de oito anos. Foi ele que deu suporte para Diniz nos vários momentos em que este balançou no cargo.
O comandante foi contratado pelo São Paulo em setembro de 2019 para substituir Cuca, que havia deixado o clube.
Vice-campeão paulista pelo Audax em 2016, Diniz, que também passou por Athletico e Fluminense, levou o São Paulo à sexta colocação no Brasileiro de 2019 e obteve classificação para a fase de grupos da Copa Libertadores seguinte.
Com um início irregular em 2020, a equipe esboçou recuperação em março, quando venceu a LDU (EQU) por 3 a 0 no Morumbi, pela Libertadores. Logo na sequência, bateu o Santos por 2 a 1 pelo Paulista, em jogo realizado já sem público no Cícero Pompeu de Toledo. A vitória no clássico foi a última partida do clube antes da paralisação causada pela pandemia da Covid-19.
Após quatro meses sem jogos, o São Paulo acumulou reveses que quase culminaram com a demissão de Diniz no segundo semestre de 2020.
Primeiro, caiu nas quartas de final do Paulista para um remendado Mirassol, que havia reformulado todo o time em razão da pandemia e contratara jogadores às pressas. Mesmo com a eliminação no Estadual, a diretoria decidiu seguir com o treinador.
Pressionado, Diniz fez alterações no início do Brasileiro e engatou uma boa sequência entre o fim de agosto e o começo de setembro, com quatro vitórias em cinco jogos, incluindo um triunfo no clássico contra o Corinthians, levando o São Paulo à vice-liderança.
O retorno à Libertadores, porém, faria a pressão voltar. O São Paulo apenas empatou em casa com o River Plate (ARG) e foi goleado pela LDU em Quito, o que complicou a situação no torneio.
Com nova derrota, agora por 2 a 1 para o River Plate em Buenos Aires, o clube se despediu da Libertadores, em sua primeira eliminação na fase de grupos desde 1987.
No início de novembro, outra eliminação no Morumbi: para o Lanús, na Copa SulAmericana. Ao mesmo tempo, porém, o São Paulo engatava boa sequência no Brasileiro. Assumiu a liderança da competição no início de dezembro e abriu vantagem.
Um mês após a principal organizada do clube ter pendurado uma faixa pedindo a saída do técnico, torcedores se aglomeraram no Morumbi para dizer que estavam “fechados com o time do Diniz”.
Toda essa confiança começou a desmoronar após a eliminação para o Grêmio nas semifinais da Copa do Brasil. As críticas ao estilo de jogo de toques curtos adotado pelo técnico, que nunca foram totalmente deixadas de lado, voltaram com ainda mais força.
O São Paulo passou a ser chamado de time previsível, sem um plano B e facilmente anulado pelos adversários.
O sucessor de Diniz será o décimo técnico do time desde 2015, quando começou a gestão de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. Ele deixou a presidência no final de 2020 para dar lugar a Casares.