Eleição no Congresso teve aglomeração e pessoas sem máscara
Senadores puderam escolher novo presidente em votação drive-thru, com urna colocada fora do plenário
A eleição dos novos presidentes do Senado e da Câmara foi preparada para tentar evitar aglomerações durante a pandemia do novo coronavírus, que vitimou até agora mais de 225 mil pessoas.
A capacidade de lotação do plenário foi reduzida, urnas de votação foram espalhadas a distâncias seguras e parlamentares de grupo de risco puderam depositar seus votos em estruturas instaladas fora do prédio do Legislativo.
Apesar do cuidado, não foi possível evitar episódios de aglomeração, com assessores e deputados, muitos deles idosos, deslocando-se e interagindo ao longo do dia sem a utilização de máscara.
Na votação da Câmara, por exemplo, foi autorizada a capacidade máxima de 146 deputados federais em plenário. A maior parte dos presentes, porém, se concentrou próximo à tribuna, e alguns deles ignoraram a necessidade da máscara de proteção.
As cenas de aglomeração também foram vistas nos deslocamentos pela Casa dos dois principais candidatos da disputa legislativa. O líder do centrão, Arthur Lira (PP-AL), por exemplo, passou o dia seguido por um séquito de aliados, sem respeitar a distância de dois metros.
O presidente nacional do MDB, Baleia Rossi (SP), foi recebido na entrada da Casa, minutos antes do início da sessão, por cerca de 20 deputados, que fizeram questão de abraçá-lo e cumprimentá-lo.
A votação presencial foi realizada a pedido dos aliados de Lira, candidato do presidente Jair Bolsonaro, e lotou corredores da Câmara em um volume de pessoas que tornou inócuos quaisquer cuidados para conter a disseminação do novo coronavírus.
Lira e seus aliados também concederam inúmeras entrevistas ao longo do dia que provocaram aglomerações de deputados, jornalistas e assessores.
No Senado, também houve cenas de aglomeração em plenário. Os grupos de risco, contudo, votaram em esquema de drive-thru. Ao todo, dezesseis senadores chegaram à área externa da Casa em seus veículos, preencheram a cédula de votação e deixaram o Legislativo.
Na Câmara, a deputada federal Luiza Erundina (PSOLSP), 86, discursou em uma sala fora do plenário, para evitar o contato com os demais deputados. Ela criticou a direção da Casa em sua fala por causa da realização da eleição presencial.
Para os idosos, foram instaladas três urnas no Salão Nobre. Ao todo, foram disponibilizadas 21 urnas eletrônicas, sete a mais do que em disputas anteriores. A votação deveria ocorrer em blocos de cinco deputados por urna, mas em algumas urnas foi possível observar um número maior de parlamentares nas filas.