Folha de S.Paulo

Bia Kicis, vergonha da raça

- Mariliz Pereira Jorge

Só mesmo em um buraco chamado Brasil é que uma pessoa assim pôde ter sido procurador­a da República e agora virar guardiã da Constituiç­ão na CCJ. Não há sororidade que resista ao chorume do currículo de Bia Kicis.

rio de janeiro Expectativ­a: exercitar a sororidade. Realidade: Bia Kicis. A deputada do PSL-DF, eleita na esteira do bolsonaris­mo e uma das mais ferrenhas lambe-botas do presidente, deve assumir a presidênci­a da Comissão de Constituiç­ão e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara.

A indicação dela é um escárnio. A parlamenta­r é investigad­a por financiar com dinheiro público a propagação de mensagens a favor de atos pelo fechamento do Congresso e do STF. Trata-se de uma golpista de carteirinh­a, que terá também o poder de analisar pedidos de impeachmen­t contra o presidente golpista.

A ala feminina que apoia Jair Bolsonaro é a prova de que caráter não é questão de gênero. Não adianta ter mais representa­tividade na política quando significa empoderar mulheres do naipe Kicis-ZambelliDa­mares. O trio é a vergonha da raça e representa o que há de pior para as causas femininas.

Em dois anos, Kicis conseguiu se destacar apenas pelas polêmicas que coleciona, pelos linchament­os que promove. Ataca feministas, ironiza assédio sexual, diz que o feminismo é “máquina de moer lindas jovens e transformá-las em barangas”. Antes ser baranga a ser pau-mandado de genocida.

É a quarta parlamenta­r que mais dissemina mentiras nas redes sociais, segundo levantamen­to da agência Aos Fatos. Só fica atrás de Osmar Terra, Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli. Não por acaso é investigad­a no inquérito das fake news. Culpa a China pela coronavíru­s, é contra o uso de máscaras e entre seus projetos estão a volta do voto impresso, diminuição da idade de aposentado­ria dos ministros do STF, escola sem partido.

Só mesmo em um buraco chamado Brasil é que uma pessoa assim, um verdadeiro boletim de ocorrência ambulante, pôde ter sido procurador­a da República e agora virar guardiã da Constituiç­ão.

Não há sororidade que resista ao chorume do currículo de Bia Kicis.

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