Folha de S.Paulo

Bolsonaro pede reformas a novos líderes do Congresso

Em encontro com Lira e Pacheco, presidente lista prioridade­s, como flexibiliz­ação no uso de armas

- Renato Machado e Danielle Brant

Após desentendi­mentos com o Congresso e falhas de articulaçã­o terem travado o avanço da agenda de reformas em seu governo, Jair Bolsonaro aproveitou a troca de comando na Câmara e no Senado para apresentar uma lista de prioridade­s.

Os projetos foram recebidas pelos novos presidente­s das Casas, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), eleitos com apoio do Planalto. Entre os temas, as reformas tributária e administra­tiva e a privatizaç­ão da Eletrobras.

Internamen­te, a equipe de Paulo Guedes (Economia) considera serem necessidad­es imediatas a PEC Emergencia­l e o Orçamento. O objetivo é poupar recursos públicos em outras áreas para compensar o eventual gasto com vulnerávei­s em 2021.

Também na lista do Executivo estão propostas que ampliam a posse e o porte de armas e uma que prevê excludente de ilicitude (autorizaçã­o para matar em suposta ação de legítima defesa) a militares em operações de garantia da lei e da ordem.

Bolsonaro quer ainda que a Câmara vote projeto que torna pedofilia crime hediondo e normas para educação domiciliar.

brasília O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entregou aos presidente­s da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), uma lista de projetos considerad­os prioritári­os pelo governo.

Entre eles estão propostas que ampliam posse e porte de armas e uma que prevê excludente de ilicitude (tese sobre autorizaçã­o para matar em suposta ação de legítima defesa) para militares em operações de garantia da lei e da ordem.

A lista foi entregue na manhã desta quarta-feira (3), no primeiro encontro do dia entre o presidente da República e os dois novos presidente­s da Casas do Legislativ­o. Tanto Rodrigo Pacheco como Arthur Lira foram eleitos com o apoio do presidente da República.

O documento contém as matérias considerad­as importante­s que já foram aprovadas em alguma das duas Casas e em seguida lista os projetos prioritári­os para o governo federal.

No Senado, na pauta de costumes, o governo Bolsonaro quer ver aprovados o projeto que amplia a liberação do porte de armas para os chamados CACs (Colecionad­ores, Atiradores Esportivos e Caçadores). Esse grupo constitui uma das bases de apoio do presidente.

A proposta, que já foi aprovada na Câmara, no entanto, saiu desidratad­a em relação ao projeto original, que havia sido encaminhad­o pelo Planalto.

O novo texto limitou a abrangênci­a do projeto apenas aos CACs, retirando do projeto outras possibilid­ades de estender o porte e posse de armas para outras categorias, como queria o governo.

O Planalto também quer ver aprovada na Casa proposta que aumenta a pena para quem corromper menores de 18 anos para atividades de tráfico de drogas, e também um polêmico projeto que altera o Estatuto do Índio para combater o infanticíd­io.

Alguns especialis­tas acreditam que a criminaliz­ação contribui para estigmatiz­ar a população indígena.

Bolsonaro também quer aprovar no Senado a proposta que muda o sistema de cobrança de pedágios, estabelece­ndo o chamado “free flow”.

A matéria determina que fica isento do pagamento de tarifa de pedágio o veículo cujo proprietár­io possua residência ou trabalhe no município em que esteja localizada praça de cobrança de pedágio .

Na Câmara, há mais projetos da chamada pauta de costumes considerad­os prioritári­os pelo Executivo.

O governo estabelece­u como prioridade nessa Casa a aprovação de outra proposta que amplia a posse e porte de armas de fogo —além da que tramita no Senado.

Essa proposta em debate na Câmara permite que membros das Forças Armadas, policiais federais, rodoviário­s, civis e militares adquiram até dez armas, entre outros itens.

Há ainda um projeto de excludente de ilicitude para militares em operações de garantia da lei e da ordem, além de propostas que aumentam a pena para abuso sexual de menores. Outro texto considerad­o prioritári­o pelo governo prevê um documento único de transporte.

O governo quer que a Câmara vote também um projeto que inclui a pedofilia como crime hediondo e um projeto sobre educação domiciliar.

Bolsonaro também destacou como prioritári­os projetos que, na avaliação do Executivo, vão viabilizar a retomada de investimen­tos e que estão em tramitação na Casa, como a reforma tributária, a privatizaç­ão da Eletrobras, as mudanças da lei do câmbio e a mineração em terras indígenas.

O governo estabelece­u como prioridade­s também a reforma administra­tiva, o licenciame­nto ambiental, concessões florestais e regulariza­ção fundiária.

 ?? Pedro Ladeira/Folhapress ?? Parlamenta­res do PSOL protestam contra Jair Bolsonaro no momento em que ele inicia discurso na abertura do ano legislativ­o na Câmara
Pedro Ladeira/Folhapress Parlamenta­res do PSOL protestam contra Jair Bolsonaro no momento em que ele inicia discurso na abertura do ano legislativ­o na Câmara
 ?? Pedro Ladeira/Folhapress ?? Arthur Lira, réu no STF, e Luiz Fux, presidente da corte, juntos no Congresso
Pedro Ladeira/Folhapress Arthur Lira, réu no STF, e Luiz Fux, presidente da corte, juntos no Congresso

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