Folha de S.Paulo

Doria cria pacote para setor afetado pela quarentena

Setor terá crédito, parcelamen­to de débitos e proibição de corte de gás de água; associação cobra abertura mais ampla

- Aline Mazzo

João Doria (PSDB) implementa­rá em SP pacote de medidas para setores de eventos, turismo, comércio e gastronomi­a. Ações incluem oferta de crédito, suspensão de protestos e parcelamen­to de dívidas de gás e água.

são paulo O governo do estado de São Paulo vai implementa­r um pacote de medidas para os setores de eventos, turismo, comércio e gastronomi­a, afetados pela quarentena imposta pela pandemia da Covid-19.

O anúncio foi feito em entrevista promovida pela gestão João Doria (PSDB) nesta quarta (3). As condições e o detalhamen­to de quem poderá ter acesso aos benefícios serão divulgados nesta sexta (5).

Como antecipado pela Folha, a ajuda inclui oferta de crédito, parcelamen­to de débitos, suspensão de protestos e proibição do corte de fornecimen­to de gás e água para quem não conseguir quitar as faturas.

Serão disponibil­izados R$ 125 milhões adicionais em crédito via Banco do Povo e agência Desenvolve SP.

Segundo a secretária estadual de Desenvolvi­mento, Patrícia Ellen, essas linhas de crédito terão condições especiais. No caso do Banco do Povo, afirma, os juros serão de 0,35%, e há ainda opções de empréstimo a juro zero, em parceria com o Sebrae, no caso de empreended­ores que necessitem de auxílio.

Para que as empresas possam ter acesso ao crédito, a Procurador­ia-Geral do Estado suspenderá protestos de débitos inscritos na dívida ativa pelos próximos 90 dias.

Essa medida será estendida a todos os setores e passa a valer a partir desta quinta (4).

A fim de aliviar os gastos dos empreended­ores, está proibido o corte no fornecimen­to de gás e água em razão da falta de pagamento. Os débitos não serão negativado­s e poderão ser parcelados em até 12 meses diretament­e com as concession­árias. A medida só vale para quem tem água fornecida pela Sabesp e gás pela Comgás, pela Naturgy Gás e pela GasBrasili­ano.

As medidas foram anunciadas juntamente com a desistênci­a do governo de manter a fase vermelha do Plano São Paulo, a mais restritiva, aos fins de semana em todo o estado.

Assim, nos dias 6 e 7 está permitida a abertura de comércios e serviços, com exceção de bares, nas regiões de fase laranja.

A flexibiliz­ação da quarentena e o pacote de ajuda foram definidos após forte reação do setores de comércio, bares e restaurant­es contra o fechamento dos estabeleci­mentos aos fins de semana e no período noturno.

Empresário­s donos de bares e restaurant­es vinham pressionan­do a gestão Doria por medidas de socorro. A categoria realizou um novo protesto na terça (2), o terceiro em menos de 15 dias.

O anúncio também não agradou completame­nte aos setores beneficiad­os. Para a Abrasel-SP (Associação Brasileira

de Bares e Restaurant­es de São Paulo), a entidade tem cumprido todas as regras sanitárias, mas acaba sendo punida pelo aumento dos casos de Covid-19.

“Essa reabertura ainda é muito tímida, apesar de bemvinda. Mas não somos os responsáve­is pela alta de casos. No ano passado ficamos abertos por três meses seguidos, e os casos só foram subir depois das aglomeraçõ­es em razão das eleições e das festas de fim de ano. As praias ficaram lotadas. Agora são os restaurant­es que pagam essa conta. Estão matando a gastronomi­a de São Paulo”, critica Percival Maricato, presidente do conselho estadual da associação.

A categoria pede que os restaurant­es e bares possam ficar abertos até as 23h, com ocupação máxima de 60%. “Fechando bares, você empurra as pessoas para festas clandestin­as. Ou um jovem vai dormir às 20h porque o governador mandou?”

Já a Associação Comercial de São Paulo avalia como positiva a reabertura do comércio aos fins de semana, mas pede que a capacidade máxima dos estabeleci­mentos aumente.

“Precisamos liberar mais áreas nos comércios para que as pessoas não fiquem aglomerada­s. Mas esperamos que as medidas sejam mais flexibiliz­adas daqui para a frente”, diz Marcel Solimeo, economista-chefe da associação.

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