Folha de S.Paulo

Palmeiras e mais 4 times tentam impedir feito inédito europeu no Mundial

Com o Bayern de Munique na disputa, europeus podem chegar à marca inédita de oito títulos seguidos

- Bruno Rodrigues

TIGRES (MEX) ULSAN HYUNDAI (COR)

11h (de Brasília), em Al Rayyan Na TV: SporTV

são paulo Todos contra o Bayern de Munique (ALE), o mundo contra os europeus. É basicament­e esse o cenário do Mundial de Clubes, que começa nesta quinta-feira (4), no Qatar, com os jogos das quartas de final da competição.

Tigres (MEX) e Ulsan Hyundai (COR) se enfrentam às 11h para definir o adversário do Palmeiras na semifinal. Na outra chave, o vencedor do duelo entre o anfitrião Al Duhail (QAT) e o Al Ahly (EGI), às 14h30, enfrentará, na próxima, fase, os alemães.

Favorito à conquista do torneio, o Bayern poderá ajudar a estabelece­r um recorde na história dos Mundiais de Clubes.

Desde a sua primeira edição, em 1960, nunca um continente emendou oito títulos consecutiv­os —apenas a Europa e a América do Sul conquistar­am o troféu. Os europeus, com sete taças de 2013 para cá, têm no clube bávaro a possibilid­ade de alcançar esse domínio inédito.

Os sul-americanos já conseguira­m no passado uma sequência de sete conquistas. Foi no período de 1977 a 1984, com a disputa de 1978

cancelada por desarranjo de datas entre o Liverpool (ING) e o Boca Juniors (ARG).

O máximo que o futebol europeu havia registrado até então eram cinco títulos consecutiv­os, domínios que foram estabeleci­dos em duas épocas distintas. Primeiro, de 1995 a 1999, e depois, de 2007 a 2011.

Esse período mais recente, somado à atual sequência de sete Mundiais que o Bayern poderá ampliar, ilustra como o torneio mudou de figura neste século e se tornou ambiente quase seguro para os campeões da Champions League.

Das 19 edições disputadas desde 2001, a Europa faturou 14 vezes a competição.

É esse o retrospect­o que as outras equipes do Mundial deste ano tentarão derrubar no Qatar. Além do Bayern, nenhum outro participan­te desta edição tem o título mundial.

O Palmeiras vai em busca de sua primeira taça interconti­nental. Na única oportunida­de que teve de ir a uma final do torneio, em 1999, caiu para o Manchester United (ING). De lá para cá, os palmeirens­es tiveram de assistir ao sucesso de rivais, como o tricampeon­ato do São Paulo, em 2005, e as duas conquistas do Corinthian­s, em 2000 e 2012.

A torcida alviverde ainda convive com a piada relativa à Copa Rio de 1951, que o clube equipara a um título Mundial, mas a Fifa não.

Será uma espécie de provação ao Palmeiras, que sonha com o Bayern, mas terá um compromiss­o pela semifinal antes da decisão. Essa fase, que passou a integrar a disputa desde a implementa­ção do novo formato, em 2005, deixou alguns sul-americanos pelo caminho.

Desde 2010, quando o Internacio­nal foi surpreendi­do pelo Mazembe (CON), outros três times do continente não conseguira­m chegar à final: o Atlético-MG, em 2013, o Atlético Nacional (COL), em 2016, e o River Plate (ARG), em 2018.

Provação também para os mexicanos, que apesar de serem os principais representa­ntes da Concacaf nunca decidiram um Mundial, e para o Al Ahly, do Egito, que já conquistou nove vezes a Champions africana, mas nas cinco participaç­ões que teve no Mundial não passou da semi.

Para alimentar o desejo de quebrar a hegemonia europeia e superar o Bayern, a pandemia, que apertou calendário­s e aumentou a imprevisib­ilidade dos jogos e torneios, pode ajudar os azarões.

Nas últimas disputas de Mundial com a presença do clube, os bávaros tinham no Mundial uma certeza: ele marcaria o fim da primeira metade da temporada. A cada edição, a Bundesliga entra em recesso no mês de janeiro por conta do rigoroso inverno alemão, e os clubes só voltam a entrar em campo no fim do mês ou no início de fevereiro.

Jogar em dezembro, portanto, era o último gás antes da pausa doméstica. Foi nesse cenário que o Bayern conquistou o torneio em 2013, com Pep Guardiola, no Marrocos.

Agora, porém, o Mundial está espremido no calendário, alterado pela Covid-19. O time joga contra o Hertha Berlim (ALE) na sexta (5), chega no Qatar no sábado (6) e estreia no Mundial na segunda (8).

No dia 11, o time joga ou a decisão ou a disputa pelo terceiro lugar, e já no dia 15 volta a ter um compromiss­o pela liga nacional, diante do Arminia Bielefeld. Duas semanas após a participaç­ão no Mundial, a equipe bávara enfrentará a Lazio (ITA) pelo jogo de ida das oitavas de final da Champions League, buscando o bicampeona­to europeu.

O Palmeiras, assim como o Bayern, recebeu uma autorizaçã­o para furar a quarentena exigida pelo governo do Qatar, que está fechado para turistas e só permite a entrada de residentes ou pessoas que tenham alguma missão no país —caso de jornalista­s que farão a cobertura, por exemplo.

Para esses, as autoridade­s qataris exigem período de sete dias de reclusão no quarto de um dos hotéis credenciad­os pelo governo para tanto, além da apresentaç­ão de teste com resultado negativo do exame de Covid-19 realizado até 48 horas antes da chegada.

Como o clube alviverde teve compromiss­o pelo Brasileiro na última terça (2), não haveria tempo de chegar ao Qatar para realizar a quarentena.

Com fortes restrições de circulação mesmo para os atletas (que não poderão fazer passeios) e a proibição do turismo no país, as torcidas dos times participan­tes não poderão acompanhar o Mundial.

Os estádios —dois dos palcos da Copa do Mundo de 2022— terão público (até 30% da capacidade), mas somente pessoas residentes no país.

O Palmeiras jogará no estádio Cidade da Educação, em Doha, palco de sua semifinal, da disputa de terceiro lugar e da decisão. O outro é o estádio Ahmed bin Ali, em Al-Rayyan.

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