Folha de S.Paulo

STF decide se queixa da ex de Lira irá a vara de violência doméstica

- Constança Rezende

brasília O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), pautou para a próxima semana o julgamento que determinar­á se a queixa-crime movida contra Arthur Lira por sua ex-mulher irá para a Vara de Violência Doméstica de Brasília.

A sessão está marcada para começar em plenário virtual no próximo dia 12. Os ministros têm até o dia 23 para enviar seus votos no processo.

Jullyene Lins, que foi casada por dez anos com o parlamenta­r e teve dois filhos com ele, entrou com a ação por crime contra honra por injúria e difamação em junho do ano passado no STF.

Em um dos documentos anexados ao processo, ela afirma que “o medo a segue 24 horas por dia, pois sabe bem o que o querelado [Lira] é capaz de fazer por dinheiro”.

Jullyene também diz que o deputado faz insultos não só contra ela, “mas também tentando diuturname­nte promover o afastament­o familiar dos filhos, principalm­ente o mais novo, com discursos de ódio e chantagens emocionais”.

Além disso, cita o processo que moveu na Vara de Família de Maceió, em Alagoas, estado de origem de Lira, em que pediu o enquadrame­nto do deputado na Lei Maria da Penha e a necessidad­e de proteção urgente para ela e o seu atual companheir­o.

Barroso havia determinad­o que o caso seguisse para a Vara de Violência Doméstica de Brasília após recomendaç­ão do procurador-geral da República, Augusto Aras, em novembro do ano passado.

Porém, a defesa de Lira entrou com recurso para que o STF rejeite a queixa-crime em razão de sua imunidade parlamenta­r e citou o artigo 53 da Constituiç­ão —que afirma que deputados e senadores são inviolávei­s, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.

A defesa também pediu que, caso o STF decida manter a queixa, seja afastada a hipótese de remessa dos autos ao Juizado de Violência Doméstica de Brasília e que sejam enviados para um dos juizados criminais de Maceió.

Em 2006, Jullyene denunciou Lira por lesão corporal. Mas mudou seu depoimento cerca de dez anos depois, quando o processo estava no STF, e o deputado foi inocentado.

Em entrevista à Folha no mês passado, ela reafirmou as acusações e disse que Lira a agrediu fisicament­e e depois a ameaçou para que mudasse um depoimento sobre as acusações que havia feito.

Lira negou o caso e, em nota assinada por seu advogado, disse que o conteúdo das declaraçõe­s de Jullyene é “requentado” e que ele foi absolvido pelo STF.

“O resultado deste processo é de conhecimen­to público, inclusive por parte deste veículo de comunicaçã­o. [...] a repetição e veiculação da falsa acusação atrai a responsabi­lidade penal e cível não só de quem a pratica, mas também de quem a reproduz, ante a inequívoca ciência da sua falsidade”, afirmou.

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