Folha de S.Paulo

Horizonte

- Joana Cunha painelsa@grupofolha.com.br

Enquanto o governo se movimentou para apresentar aos novos presidente­s da Câmara e do Senado a lista de projetos que considera prioritári­os para a economia, grandes empresário­s, por sua vez, começaram a se organizar em torno do atual comando do Congresso para falar dos rumos possíveis. Na terça (2), Arthur Lira participou de um jantar com cerca de dez líderes de grandes companhias de setores como energia, telecomuni­cações, bancos, indústria farmacêuti­ca e varejo.

anfitrião Um dos presentes, o dono da Riachuelo, Flávio Rocha, já havia, ele próprio, recebido Lira em um jantar em São Paulo no final do ano passado com outros colegas do empresaria­do. Desta vez a reunião aconteceu em Brasília, na casa de Mario Rosa, que trabalhou na campanha do deputado ao cargo.

mesa Rocha publicou o encontro nas redes sociais com uma foto ao lado de Lira. Na legenda, fez votos de sucesso. Mas os outros nomes foram tratados com discrição. Procurada pela coluna, a assessoria de Lira não divulgou a lista de convidados.

leitura A presença pública do dono da Riachuelo chamou a atenção de observador­es interessad­os no futuro da reforma tributária. O empresário é um dos maiores entusiasta­s da proposta de criação da nova CPMF, vista pelo ministro Paulo Guedes como uma solução para levantar recursos que compensari­am uma redução de encargos trabalhist­as.

futuro A proposta tinha a resistênci­a de Rodrigo Maia na Câmara. Mas agora, com Lira alinhado ao governo Bolsonaro, os defensores da CPMF inflaram as expectativ­as.

café Rocha saiu otimista da reunião. “Estamos no mesmo clima que proporcion­ou a aprovação da reforma da Previdênci­a”, afirmou ao Painel S.A.. Segundo ele, mesmo em um ambiente com setores de visões diferentes sobre a tributária, houve mais diálogo do que na gestão anterior.

jogada Uma das protagonis­tas do caso Gamestop, a corretora digital Robinhood, que restringiu a compra de novas ações da empresa na semana passada, deve dar uma guinada publicitár­ia. A empresa planeja levar ao ar um comercial de 30 segundos no intervalo do Super Bowl no próximo domingo (7), nos EUA.

horário nobre A iniciativa serve como medida da dimensão que o caso tomou: a final do campeonato de futebol americano transmite anúncios memoráveis no país e é o espaço publicitár­io mais caro da mídia americana.

ciranda Entre as ideias que circulam nas reuniões de Brasília nesta semana surgiu uma possível troca de posições entre a ministra Tereza Cristina, da Agricultur­a, e Ricardo Salles, do Meio Ambiente. A sugestão da inversão dos cargos apareceu em conversas de empresário­s próximos do presidente Bolsonaro.

boiada A mudança entraria na esteira da reforma ministeria­l que Bolsonaro pretende fazer após a eleição de seus aliados do centrão no Congresso.

cadeira Um grande nome do agronegóci­o avalia que a presença da ministra poderia levar credibilid­ade à imagem do Brasil na questão ambiental. Salles na Agricultur­a é visto com uma incógnita maior, mas atrai simpatia de alguns grupos. Procurados pela coluna, Tereza Cristina e Ricardo Salles não comentaram.

onda A gigante da infraestru­tura chinesa CCCC (China Communicat­ions Constructi­on Company), que já comprou 80% da brasileira Concremat, tem mais oito empresas no país e venceu o leilão da ponte SalvadorIt­aparica, avança no Brasil.

mapa Agora chega ao Cade (Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica) o processo da compra, em 2020, de parte da construtor­a portuguesa Mota-Engil pela CCCC.

lupa O órgão começou a analisar a negociação entre as duas companhias que têm operações brasileira­s. A portuguesa, que também é dona de ações da Ecoss Ambiental, de limpeza urbana em São Paulo, tem outras oito empresas no país.

expectativ­a Apesar do compromiss­o público assumido por grandes empresas para elevar a diversidad­e nos cargos de liderança, a quantidade de profission­ais negros no topo das cem maiores companhias do Reino Unido caiu para zero, segundo pesquisa da consultori­a Green Park.

realidade Pela primeira vez em seis anos de análise, não há presidente­s de conselhos, presidente­s-executivos ou diretores financeiro­s negros nas empresas britânicas avaliadas.

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