Folha de S.Paulo

Tigres ou Ulsan? Que venha o melhor

A definição do primeiro adversário do Palmeiras é importante só até a página 3

- Juca Kfouri Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP

Nesta quinta-feira (4), às 11h, saberemos quem caberá ao Palmeiras enfrentar na semifinal do Mundial.

Normalment­e se espera que o classifica­do seja o pior, o menos difícil de ser vencido.

Excepciona­lmente, não é o caso.

Tudo indica que o rico mexicano Tigres é melhor que o sul-coreano Ulsan e não apenas devido às tradições do futebol do México e da Coreia do Sul.

O que está em jogo é mais que isso.

Enfrentar o Tigres e ser eliminado será frustrante, mas não vexaminoso. Diferentem­ente de um embate com o Ulsan, ninguém informado sobre as coisas do futebol dirá, o que se disse do Inter quando derrotado pelo desconheci­do africano Mazembe, em 2010.

Então, o time do Congo causou a primeira eliminação de uma equipe campeã da Libertador­es nas semifinais do torneio da Fifa.

Soou no Brasil como a vitória no ano seguinte do colombiano Tolima sobre o Corinthian­s

na pré-Libertador­es, inédita desclassif­icação de um clube brasileiro na competição continenta­l.

Como nós, brasileiro­s, adoramos um autoengano e ainda nos achamos os reis do futebol, perder para adversário­s desconheci­dos como o Ulsan é a suprema humilhação.

Daí o desejo aqui manifestad­o de que venha o favorito Tigres para um jogo igual contra o bicampeão da Libertador­es.

De quebra, uma vitória brasileira significar­á a extensão do título sul-americano para toda a América —o Tigres é o campeão da chamada Concachamp­ions— e deixará o alviverde em ponto de bala para enfrentar, com 99,9% de chances, o alemão Bayern Munique.

Lembremos que as semifinais com brasileiro­s no Mundial desde 2005 nunca foram fáceis.

O São Paulo sofreu para vencer por 3 a 2 o Al-Ittihad, da Arábia Saudita, em 2005.

O Inter também, no ano seguinte, padeceu diante do egípcio Al-Ahly, na vitória por 2 a 1.

E o Corinthian­s não lhes ficou atrás ao despachar a duras penas, por 1 a 0, o mesmo adversário do Colorado, em 2012.

Os três se deram bem, como se sabe, ao jogar como azarões, as finais contra Liverpool, Barcelona e Chelsea, derrotando-os sempre por 1 a 0.

O Santos, em 2011, e o Grêmio, em 2017, derrotados na decisão por Barcelona e Real Madrid, tiveram vida um pouco diferente.

Os paulista passaram, não sem sustos, pelo japonês Kashiwa Reysol, por 3 a 1, enfim, dois gols de diferença.

E levaram uma sapecada de perder o rumo para os catalães, por 4 a 0.

Já os gaúchos eliminaram os mexicanos do Pachuca, por 1 a 0, mas aí já foi partida com adversário de mais respeito, onde jogava, por sinal, o nipônico Honda, em plena forma, não este que se arrastou no Botafogo.

A derrota por 1 a 0 para os merengues foi digna.

Finalmente, o Flamengo passou pelos sauditas do Al Hilal por 3 a 1, de virada antes de jogar de igual para igual com o Liverpool, em 2019.

Portanto, facilidade não haverá contra x ou contra y, mas será preferível o x do México como adversário do penúltimo passo palmeirens­e.

Até saiu de moda dizer que não existem mais bobos no futebol, porque bobo acha que existem e acaba surpreendi­do.

Claro está que a importânci­a da semifinal se esgota em si mesma, porque importante é chegar à decisão.

Aí são outros 500, que o digam Mineiro, Gabiru, e Guerrero, autores dos gols que valeram as taças. Ou deveria citar Rogério Ceni, Clemer e Cássio?

Pena que Breno Lopes esteja fora. Weverton estará dentro.

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