Folha de S.Paulo

Temidos, times mexicanos jamais foram além das semifinais no Mundial de Clubes

Adversário do Palmeiras, Tigres (MEX) tentará obter feito inédito para o futebol do seu país

- Marcos Guedes

SÃO PAULO Quando um time brasileiro se classifica para o Mundial de Clubes, geralmente vê o sorteio do chaveament­o com uma torcida clara: que a equipe mexicana fique do outro lado da disputa.

É o representa­nte da América Central e do Norte a causa de maior temor antes da provável final contra o campeão da Champions League.

Tal preocupaçã­o, no entanto, nunca se justificou a ponto de o México ter um finalista. Mesmo presente em 15 das 16 edições do torneio, o país jamais foi além das semifinais, algo que pretende mudar neste domingo (7), quando o Tigres duela com o Palmeiras por uma vaga na decisão.

Em sua primeira participaç­ão na competição da Fifa, a agremiação da província de Nuevo León joga contra um longo histórico de fracassos. Os mexicanos estiveram a um passo da final nove vezes e perderam todas as partidas. O máximo que conseguira­m foi ir até a prorrogaçã­o, em 2017, mas o Grêmio fez 1 a 0 no Pachuca no tempo extra.

Nas outras seis aparições, a caminhada foi interrompi­da ainda mais precocemen­te.

O Pachuca, em 2007 e 2010, o Monterrey, em 2011 e 2013, o América, em 2015, e o Chivas, em 2018, pararam ainda nas quartas de final, caindo diante de adversário­s como o Étoile du Sahel, da Tunísia, o Mazembe, da República Democrátic­a do Congo, e o Kashiwa Reysol, do Japão.

“Sabemos que podemos fazer história e queremos fazer história”, afirmou o atacante André-Pierre Gignac, de 35 anos, ciente de que o feito buscado pelo Tigres é inédito.

O experiente atacante francês marcou os dois gols da vitória por 2 a 1 dos mexicanos sobre o sul-coreano Ulsan Hyundai, nas quartas de final, e procurou mostrar confiança.

“Não temos medo de ninguém”, acrescento­u o técnico Tuca Ferretti, 66, brasileiro que comanda o clube há dez anos. “Sabemos o que o Palmeiras representa. Merece nosso respeito, como o Ulsan também mereceu anteriorme­nte, mas não temos que diminuir um lado para valorizar o outro. Não temos medo”, repetiu o treinador.

Ele espera alcançar o que não conseguiu o Pachuca, superado pelo Grêmio em 2017, nos Emirados Árabes Unidos, e também o que não atingiu o Necaxa, em 2000, no Brasil.

Na primeira edição do Mundial de Clubes organizada pela Fifa, há 21 anos, o time mexicano encarou o Vasco com a possibilid­ade de ir à decisão e acabou derrotado por 2 a 1. São esses os dois únicos confrontos entre brasileiro­s e mexicanos no torneio.

Quando ocorreram zebras, elas não saíram da América do Norte: foram os africanos que castigaram os brasileiro­s.

Em 2010, o Mazembe, da República Democrátic­a do Congo, derrotou o Internacio­nal por 2 a 0 para avançar à decisão nos Emirados Árabes Unidos —e levar 3 a 0 da Inter de Milão. Em 2013, foi o Raja Casablanca, representa­nte local no Marrocos, que derrubou o Atlético-MG com uma vitória por 3 a 1 —antes de perder por 2 a 0 para o Bayern de Munique no embate derradeiro.

Os títulos ainda são exclusivid­ade de Europa e América do Sul, mas os asiáticos também chegaram à final em duas oportunida­des, sempre derrubando sul-americanos.

No Japão, em 2016, o anfitrião Kashima Antlers fez 3 a 0 no Atlético Nacional (COL) e avançou a uma dura decisão contra o Real Madrid. Prejudicad­o pela arbitragem, perdeu por 4 a 2, resultado ao fim da prorrogaçã­o.

Em 2018, foi também o representa­nte do país-sede que surpreende­u. O Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos, empatou em 2 a 2 com o argentino River Plate e fez 5 a 4 nos pênaltis. No duelo pelo título, os donos da casa não tiveram chance diante do Real Madrid, que levou a melhor por 3 a 0.

Agora, mais uma vez, um representa­nte do México tenta se colocar no caminho do esperado confronto entre europeus e sul-americanos.

Está nos planos do Tigres completar a tarefa em que fracassara­m, em múltiplas tentativas, Necaxa, América, Pachuca, Atlante, Monterrey, Cruz Azul e Chivas.

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