Russos expulsam diplomatas europeus por ida a protestos
Representantes estrangeiros são acusados de terem participado de manifestações contra a prisão de Navalni
são paulo A Rússia anunciou nesta sexta (5) a expulsão do país de diplomatas da Alemanha, da Suécia e da Polônia, sob acusação de que eles teriam participado de protestos no mês passado contra a prisão do opositor Alexei Navalni. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse, em comunicado, que considerou as ações deles “inaceitáveis e incompatíveis com o status diplomático”. O total de pessoas que terão de deixar o país não foi informado. Pela legislação russa, atos públicos precisam ser autorizados pelo governo. Como as manifestações em apoio a Navalni não receberam essa permissão, elas foram consideradas ilegais pela Justiça. Os representantes russos anunciaram as expulsões depois que o chefe da política externa da União Europeia, Josep Borrell, pediu a liberação imediata de Navalni durante uma entrevista coletiva com o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov. Lavrov não respondeu diretamente ao pedido, mas reclamou que a UE era um parceiro pouco confiável. Mais cedo, Borrell havia dito que o caso Navalni era um ponto baixo nos laços entre a Rússia e o bloco europeu. “Nos últimos anos, nosso relacionamento foi marcado por diferenças fundamentais e falta de confiança”, afirmou. A Alemanha também reagiu e prometeu consequências se a expulsão não for revista. “A decisão da Rússia de expulsar vários diplomatas europeus, incluindo um funcionário da embaixada em Moscou, não se justifica de forma nenhuma e prejudica as relações com a Europa”, disse Heiko Maas, ministro das Relações Exteriores da Alemanha. Para o chanceler britânico, Dominic Raab, a medida é uma “tentativa grosseira” de distrair a atenção do fato de que a Rússia está mirando manifestantes e os jornalistas. “Somos solidários aos nossos amigos europeus diante dessa ação injustificada. É a última em uma série de ações, desde o envenenamento de Navalni, que mostram que o governo russo está dando as costas à lei internacional”, escreveu ele no Twitter. Uma onda de protestos começou na Rússia em 23 de janeiro, contra a prisão de Navalni. Houve atos em cerca de 100 cidades, e milhares de pessoas foram presas. Navalni foi envenenado em agosto de 2020 e acusou diretamente Putin pela tentativa de assassinato. Ele foi tratado em Berlim, onde os médicos afirmaram ter encontrado o famoso veneno dos serviços secretos russos Novitchok (novato) em seu corpo. O Kremlin nega envolvimento. Navalni foi preso ao voltar à Rússia, em 17 de janeiro. Ele é acusado de violar os termos de liberdade condicional —teve uma sentença de prisão por fraude comutada em 2014, em uma ação que classifica como perseguição judicial. Na terçafeira (2), o ativista foi condenado a cumprir mais dois anos e oito meses de prisão.