Um russo e um chinês lideram os aplicativos no mundo
O fundador do Telegram, o russo Pavel Durov, festejou seis meses atrás a entrada na lista dos aplicativos com mais downloads no mundo. Era o oitavo.
“Obrigado por nos amarem e por falarem aos seus amigos sobre o Telegram”, escreveu Durov, 36, em seu canal no próprio aplicativo de mensagens. “A cada novo usuário, o poder retorna das empresas para as pessoas.”
Estava comemorando também que o governo russo, depois de banir —ou tentar banir— o Telegram por dois anos, havia desistido da “proibição ineficaz”, como noticiou a agência AP.
O aplicativo não saiu mais da lista e em janeiro deste ano, segundo a SensorTower, que levanta os downloads nas lojas da Apple e do Google, ele tomou a ponta.
O que impulsionou o crescimento do Telegram em 2020 foi a pandemia, mas não só. O WhatsApp vinha derrubando contas por motivos diversos, inclusive no Brasil, à direita e à esquerda, levando à busca de uma alternativa tida como mais segura.
No começo de janeiro, o WhatsApp anunciou aos usuários que passaria a compartilhar alguns de seus dados com o Facebook; dias depois, houve a cassação de Trump por Facebook e outras plataformas americanas.
Foi então que disparou o que Durov descreveu, com ironia, como “a maior migração digital da história da humanidade”, acrescentando que 94% dos novos usuários vieram de fora dos EUA.
No tom costumeiro, comentou: “As pessoas não querem mais trocar sua privacidade por serviço grátis, não querem mais ser reféns de monopólios que parecem pensar que podem se safar com qualquer coisa”.
Mas talvez o Telegram não seja a maior história de sucesso —ou de resistência— entre os aplicativos globais.
Em 2020, Donald Trump fez de tudo para banir o TikTok dos EUA ou tirá-lo das mãos do chinês Zhang Yiming, 37. Mas o aplicativo fechou o ano como aquele com mais downloads no mundo, 987 milhões, e segue no encalço do Telegram em janeiro.
Foi banido na Índia, talvez o principal efeito dos esforços do ex-presidente dos EUA, e agora é um clone indiano do TikTok, o TakaTak, que entra em oitavo na lista.
vacinas também Fechando a semana, no alto da home page do New York Times, “As vacinas da China e da Rússia funcionam. Por que não as usamos?”, artigo de dois pesquisadores-ativistas de saúde pública, da Índia e da Malásia. Escrevem que a solução para a escassez de vacinas, inclusive na Europa, está na China, na Rússia “e logo, talvez, na Índia”. Questionam o veto à produção de Pfizer e Moderna fora dos países ricos —e o fato de estes terem reservado a quase totalidade. Sobretudo, cobram da Organização Mundial da Saúde a aprovação das vacinas chinesas e russa, que abriram processos antes e foram para o fim da fila.