Folha de S.Paulo

Marcos Rocha tenta apagar decepção e revolta vividas no Mundial

- Luciano Trindade

SÃO PAULO Oito anos após uma primeira experiênci­a da qual não guarda boas lembranças, Marcos Rocha, 32, voltará a disputar o Mundial de Clubes com a esperança de ganhar o título que ele não conseguiu pelo Atlético-MG, em 2013.

Dos 23 inscritos pelo Palmeiras para a competição no Qatar, o lateral e o atacante Luiz Adriano, 33, são os únicos que já disputaram o torneio. O atacante foi campeão em 2006, pelo Internacio­nal. Marcos Rocha não passou do terceiro lugar com o time mineiro após derrota para o Raja Casablanca (MAR) na semifinal.

Neste domingo (7), os dois devem ser titulares na estreia do Palmeiras no Mundial contra o Tigres (MEX). O Bayern de Munique (ALE) encara o Al Ahly (EGI), na segunda (8).

Brasileiro­s e alemães são favoritos a avançarem à decisão, marcada para a próxima quinta-feira (11). É um cenário semelhante ao da edição de 2013 do Mundial, disputada no Marrocos, quando o próprio Bayern ficou com o título.

Naquela ocasião, porém, o esperado duelo entre o campeão da Libertador­es e o da Champions League não se concretizo­u. A equipe atleticana, formada por nomes experiente­s como Victor, Marcos Rocha, Réver, Diego Tardelli, Jô e Ronaldinho Gaúcho, teve atuação decepciona­nte e acabou derrotada por 3 a 1.

Para o ex-volante Pierre, 39, também titular naquele duelo, muitos fatores contribuír­am para o revés. “Quando acabou o Brasileiro, nós ficamos 15 dias trancados dentro de um hotel, treinando. Não fizemos um jogo treino, não fizemos nada”, disse à Folha.

Na visão do ex-jogador, a pressão sobre o Atlético, que buscava um título inédito, além da ansiedade por poder enfrentar o campeão europeu, contribuír­am para aquela derrota. “Não tem como você ter um Bayern no torneio e não ficar pensando em enfrentá-lo.”

Diante do Raja Casablanca, a equipe mineira demonstrou ansiedade para tentar resolver a partida. A pressa fez os brasileiro­s desperdiça­rem três chances claras, duas com Jô e uma com Fernandinh­o.

No início do segundo tempo, os marroquino­s abriram o placar com Iajour, aos 6 min.

O nervosismo ficou mais evidente quando Cuca resolveu sacar Marcos Rocha, aos 17 min. Irritado, ele saiu de campo xingando o comandante.

“Burro pra c... Cuca é o c...! Vai tomar no c...!”, esbravejou.

Após o jogo, ele admitiu a irritação por ter sido sido substituíd­o. “Não achei correta a substituiç­ão. Mas não é justificat­iva para o que aconteceu.”

O ato de indiscipli­na lhe rendeu uma multa do clube e ainda estremeceu a relação de confiança que tinha com o treinador, com o qual foi titular no Atlético em 2012 e 2013.

No minuto seguinte à saída do lateral, o time brasileiro chegou ao empate, com Ronaldinho Gaúcho, em cobrança de falta. A reação, porém, parou por aí. Após desperdiça­r chances, o Atlético viu Moutouali colocar os marroquino­s novamente à frente, aos 39 min, de pênalti, e Mabidé fechar a conta, aos 49 min.

Por ironia do destino, a nova chance de o lateral conquistar o título passou por um entrevero com Cuca nos minutos finais da decisão da Libertador­es vencida pelo Palmeiras sobre o Santos, por 1 a 0.

Já nos acréscimos da etapa final, o técnico segurou a bola após ela sair de campo, impedindo o jogador de cobrar um lateral. O comandante santista acabou sendo expulso.

Na sequência, com a retomada do duelo, o time alviverde marcou o gol da vitória no Maracanã, com Breno Lopes, após cruzamento de Rony.

Cuca, que não pôde dar entrevista no dia da final por ter sido expulso, falou nesta semana sobre o ocorrido e não criticou o ex-comandado. “Ele [Rocha] não fez o suficiente para a celeuma que o árbitro criou. Não tomamos gol porque treinador foi expulso, foi uma coincidênc­ia horrível.”

Marcos Rocha vive a expectativ­a de conquistar o seu quarto título pelo Palmeiras. Ele está no clube desde 2018.

Naquele ano, ganhou o Brasileiro, sendo titular em 20 das 38 rodadas. Nesta temporada, antes da da Libertador­es, ajudou o time a ganhar o Paulista.

Ele já disputou 138 jogos pelo clube. Fez 6 gols e deu 20 assistênci­as. Na atual temporada, atuou em 46 partidas, fez 2 gols e deu 5 assistênci­as.

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