Folha de S.Paulo

Saúde fecha compra de mais 54 milhões de doses da Coronavac

- Natália Cancian

brasília O Ministério da Saúde e o Instituto Butantan assinaram na segunda-feira (15) contrato para obter mais 54 milhões de doses da Coronavac. A vacina é desenvolvi­da pela empresa chinesa Sinovac e produzida no Brasil pelo instituto paulista.

A aquisição se soma a 46 milhões de doses que já haviam sido compradas pela pasta no início deste ano. Com isso, o total de doses que devem ser fornecidas pelo Butantan chegará a 100 milhões. A previsão é que esse volume seja fornecido até setembro.

O anúncio da confirmaçã­o do contrato ocorre em meio à pressão de municípios sobre o baixo número de doses de vacinas contra a Covid.

Salvador anunciou na terça (16) a suspensão da vacinação devido à falta de imunizante­s. No Rio de Janeiro, a aplicação da primeira dose também deve ser interrompi­da. Especialis­tas criticam ainda o atraso do governo federal na definição desses contratos.

Em nota, o Ministério da Saúde diz que tinha a “opção” de decidir sobre a compra até 30 de maio. “Preferimos adiantar a confirmaçã­o para termos logo essas 54 milhões de doses”, informou o secretário-executivo da pasta, Elcio Franco.

A confirmaçã­o do interesse nas doses extras, no entanto, foi alvo de impasse em janeiro. Na época, a Fundação Butantan enviou um ofício em que pedia ao ministério que confirmass­e a intenção de obter as doses para evitar o risco de atrasos no fornecimen­to, devido à dificuldad­e em obter insumos.

O ministério, porém, evitou responder inicialmen­te à demanda, frisando que o prazo estipulado no acordo inicial previa confirmaçã­o até maio.

O governo paulista ameaçou exportar doses a outros países caso não houvesse manifestaç­ão da pasta. Após dias de discussão, o Ministério da Saúde confirmou que compraria as demais doses.

Segundo a pasta, a previsão é que a entrega das novas doses ocorra de forma escalonada, como já tem ocorrido com as doses iniciais já acertadas.

O Butantan já entregou ao menos 9,8 milhões de doses ao Ministério da Saúde, as quais têm sido usadas na campanha de vacinação com esquema de duas doses, com intervalo de cerca de 28 dias entre a primeira e a segunda.

O cronograma prevê ainda entrega de 9,3 milhões de doses em fevereiro (destas, 1,1 milhão já foi entregue, segundo o Butantan), 18,1 milhões em março e 15,9 milhões em abril. O restante deve ser distribuíd­o nos meses seguintes.

Além do Butantan, o ministério tem um acordo para obter 224 milhões de doses da vacina pela Fiocruz, mas o cronograma tem sofrido mudanças devido ao atraso na obtenção de insumos da China para fabricação das doses.

Em nota, o Ministério da Saúde diz ainda que deve assinar “nos próximos dias” contratos para obter mais 30 milhões de doses de duas outras vacinas contra Covid.

Deste total, 10 milhões de doses da vacina russa Sputnik V estão sendo negociados com a União Química, que tem uma parceria com o Fundo Russo de Investimen­to Direto.

O restante, ou 20 milhões, seriam da vacina indiana Covaxin, em negociação com a Precisa Medicament­os, laboratóri­o que tem parceria com a empresa indiana Bharat Biotech, que desenvolve a vacina.

A pasta diz ainda aguardar a entrega de 42,5 milhões de doses da vacinas que devem ser fornecidas pelo consórcio Covax Facilty, ligado à Organizaçã­o Mundial de Saúde.

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