Folha de S.Paulo

Flamengo se aproxima, mas decisão do título será quinta

- Paulo Vinicius Coelho pranchetad­opvc@gmail.com

O Inter fez bem ao pagar R$ 1 milhão para ter Rodinei em campo na decisão contra o Flamengo, mas era evidente que a multa poderia implicar peso maior sobre suas costas. O gol do Flamengo nasceu de Bruno Henrique no setor de Rodinei, passe para De Arrascaeta. A expulsão do lateral, aos 3 minutos da segunda etapa, foi decisiva.

Também foi marcante o fato de o gol de Arrascaeta ter assistênci­a de Bruno Henrique. Apesar de Abel Braga ter escalado os dois juntos, sua saída da Gávea deixou muito a lembrança das vezes em que o atual técnico do Internacio­nal julgou que o casamento entre Bruno Henrique e Arrascaeta era inviável. Craque sempre pode jogar junto, e Arrascaeta foi o melhor em campo.

Com um homem a mais, Rogério Ceni fez o que a torcida pedia há semanas: Gabigol e Pedro juntos. Não deslocou Gabriel para a direita, manteve os dois pelo meio e foi por ali o segundo gol, com passe brilhante de Arrascaeta para Gabriel marcar pelo quinto jogo seguido.

Pois logo depois trocou Gabigol por João Lucas, para recompor a lateral-direita, perdida pela ousadia de tirar Isla e encher a área com dois centroavan­tes. Outra alteração que deixa a torcida com pulga atrás da orelha com Rogério, mas é inegável que o time melhorou depois de sua chegada. Evoluiu em comparação com o período de Domènec Torrent, não com a fase de Jorge Jesus.

Conta-se no Ninho do Urubu que Jorge Jesus riu ao saber que o Flamengo pensava em Rogério para fazer o time jogar igual ao ano passado. Verdade que o treinador português não anda com motivos para sorrisos.

Sua risada era resultado da sabedoria de que Rogério Ceni foi formado pensando futebol diferente do que pensa Jorge Jesus. Nem melhor, nem pior, apenas diferente.

Rogério fez o Fortaleza do ataque, na Série B, e não manteve a mesma agressivid­ade na Série A porque não tinha elenco para isso. Buscou a força ofensiva quando pôde dirigir um elenco com essa vocação.

Rogério não é o melhor técnico do Brasil, mas foi um exagero a quantidade de cornetas, como se seu trabalho estivesse esgotado, pelo tempo que demorou para fazer avançar. Assim como Abel não estava e nem está acabado. Sempre justo lembrar que seu último grande momento na carreira, antes do Inter, havia sido a conquista da Taça Guanabara num improvável Fla-Flu vencido nos pênaltis. Quatro meses depois, ele perdeu seu filho.

Assim como Rogério, Abel fracassou no Cruzeiro, rebaixado em 2019. Mas quem daria certo num clube tão castigado por maus dirigentes?

A vitória do Flamengo no Maracanã era previsível, porque há mais jogadores de talento, experiente­s e decisivos na Gávea que no Beira-Rio. Mesmo assim, o Inter chega à última rodada com chance de ser campeão. Não se esqueca que Crespo pode até estrear, se sua documentaç­ão estiver regulariza­da. E que o São Paulo não gostaria de ver Rogério Ceni dando a volta olímpica no Morumbi.

O Brasileiro da pandemia terminará na última rodada, o que não acontecia desde 2011. Terá o Flamengo como grande favorito ao bicampeona­to. Mas a decisão só sairá na quinta-feira à noite.

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