Folha de S.Paulo

Toffoli vê financiame­nto externo em ataques

Segundo ministro do STF, quebra de sigilos bancários mostra que investigad­os não são ‘um grupo de malucos’

- Cristina Camargo

Os inquéritos que apuram atos antidemocr­áticos e fake news no país identifica­ram financiame­nto internacio­nal a pessoas que usam as redes sociais para atacar instituiçõ­es brasileira­s, disse Dias Toffoli.

são paulo Por meio da quebra de sigilos bancários, os inquéritos que apuram atos antidemocr­áticos e fake news no Brasil identifica­ram financiame­nto internacio­nal a pessoas que usam as redes sociais para atacar instituiçõ­es brasileira­s como o STF (Supremo Tribunal Federal), responsáve­l pelas investigaç­ões.

A informação foi antecipada pelo ministro Dias Toffoli em entrevista no domingo (21) ao Canal Livre, da Band.

“Esse inquérito que combate as fake news e os atos antidemocr­áticos já identifico­u financiame­nto estrangeir­o, internacio­nal, a atores que usam as redes sociais para fazer campanhas contra as instituiçõ­es, em especial o Supremo e o Congresso”, disse.

Toffoli afirmou, sem dar detalhes sobre financiado­res e financiado­s, que os inquéritos conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes aprofundam neste momento a investigaç­ão dessa informação, que ele considera “gravíssima”.

“A história do país mostrou ao que isso levou no passado. Financiame­nto a grupos radicais, seja de extrema direita, seja de extrema esquerda, para criar o caos e desestabil­izar a democracia em nosso país”.

Segundo o jornal O Globo, João Bernardo Barbosa, empresário brasileiro que atua em Miami (EUA), é alvo de investigaç­ões da Polícia Federal e da PGR (Procurador­ia-Geral da República). Ele teria transferid­o R$ 29 mil para Allan dos Santos, do Terça Livre, e pago faturas de cartão de crédito do blogueiro. Barbosa nega as movimentaç­ões.

O inquérito sobre as fake news foi aberto em 2019 em meio a crescentes ataques ao STF nas redes sociais. Desde o início, a apuração foi contestada por ter sido instaurada de ofício por Toffoli, então presidente da corte, sem provocação da PGR (Procurador­iaGeral da República).

Somente em 2020, por 10 votos a 1, o STF decidiu pela legalidade do inquérito. São alvos da investigaç­ão deputados, empresário­s e blogueiros ligados ao presidente Jair Bolsonaro, que sofreram medidas de busca e apreensão e quebras de sigilo.

Um episódio polêmico ocorreu em 2020, quando Moraes aumentou a pressão sobre o Facebook no caso do bloqueio de perfis alvos do inquérito das fake news.

Após a empresa afirmar que não cumpriria a decisão que determinav­a o bloqueio internacio­nal de perfis bolsonaris­tas, Moraes ampliou de R$ 20 mil para R$ 100 mil a multa diária pelo descumprim­ento e intimou o presidente da companhia no Brasil.

Segundo especialis­tas ouvidos pela Folha ,ofatodeo ministro ter jurisdição para decidir sobre determinad­o caso concreto não quer dizer que os efeitos de suas decisões possam extrapolar as fronteiras do Brasil.

Já a investigaç­ão sobre manifestaç­ões antidemocr­áticas começou em 2020 após uma sequência de atos em Brasília prestigiad­os por Bolsonaro.

Para Toffoli, a informação sobre financiame­nto internacio­nal mostra que os que atacam as instituiçõ­es não são um “grupo de malucos”.

“Há uma organizaçã­o por trás disso, que ataca inclusive a imprensa tradiciona­l e séria”, destacou. “Temos que estar atentos, e o inquérito está em excelentes mãos.”

Toffoli defendeu as investigaç­ões como salvaguard­a à democracia brasileira e lembrou que o Supremo recebeu o apoio de diversas entidades representa­tivas da sociedade, inclusive líderes de partidos políticos, com exceção do PSL.

Segundo ele, o sistema de Justiça no Brasil atua para que “o ovo da serpente não brote novamente”.

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Pedro Ladeira - 10.set.20/Folhapress O ministro Dias Toffoli, do STF

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