Toffoli vê financiamento externo em ataques
Segundo ministro do STF, quebra de sigilos bancários mostra que investigados não são ‘um grupo de malucos’
Os inquéritos que apuram atos antidemocráticos e fake news no país identificaram financiamento internacional a pessoas que usam as redes sociais para atacar instituições brasileiras, disse Dias Toffoli.
são paulo Por meio da quebra de sigilos bancários, os inquéritos que apuram atos antidemocráticos e fake news no Brasil identificaram financiamento internacional a pessoas que usam as redes sociais para atacar instituições brasileiras como o STF (Supremo Tribunal Federal), responsável pelas investigações.
A informação foi antecipada pelo ministro Dias Toffoli em entrevista no domingo (21) ao Canal Livre, da Band.
“Esse inquérito que combate as fake news e os atos antidemocráticos já identificou financiamento estrangeiro, internacional, a atores que usam as redes sociais para fazer campanhas contra as instituições, em especial o Supremo e o Congresso”, disse.
Toffoli afirmou, sem dar detalhes sobre financiadores e financiados, que os inquéritos conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes aprofundam neste momento a investigação dessa informação, que ele considera “gravíssima”.
“A história do país mostrou ao que isso levou no passado. Financiamento a grupos radicais, seja de extrema direita, seja de extrema esquerda, para criar o caos e desestabilizar a democracia em nosso país”.
Segundo o jornal O Globo, João Bernardo Barbosa, empresário brasileiro que atua em Miami (EUA), é alvo de investigações da Polícia Federal e da PGR (Procuradoria-Geral da República). Ele teria transferido R$ 29 mil para Allan dos Santos, do Terça Livre, e pago faturas de cartão de crédito do blogueiro. Barbosa nega as movimentações.
O inquérito sobre as fake news foi aberto em 2019 em meio a crescentes ataques ao STF nas redes sociais. Desde o início, a apuração foi contestada por ter sido instaurada de ofício por Toffoli, então presidente da corte, sem provocação da PGR (ProcuradoriaGeral da República).
Somente em 2020, por 10 votos a 1, o STF decidiu pela legalidade do inquérito. São alvos da investigação deputados, empresários e blogueiros ligados ao presidente Jair Bolsonaro, que sofreram medidas de busca e apreensão e quebras de sigilo.
Um episódio polêmico ocorreu em 2020, quando Moraes aumentou a pressão sobre o Facebook no caso do bloqueio de perfis alvos do inquérito das fake news.
Após a empresa afirmar que não cumpriria a decisão que determinava o bloqueio internacional de perfis bolsonaristas, Moraes ampliou de R$ 20 mil para R$ 100 mil a multa diária pelo descumprimento e intimou o presidente da companhia no Brasil.
Segundo especialistas ouvidos pela Folha ,ofatodeo ministro ter jurisdição para decidir sobre determinado caso concreto não quer dizer que os efeitos de suas decisões possam extrapolar as fronteiras do Brasil.
Já a investigação sobre manifestações antidemocráticas começou em 2020 após uma sequência de atos em Brasília prestigiados por Bolsonaro.
Para Toffoli, a informação sobre financiamento internacional mostra que os que atacam as instituições não são um “grupo de malucos”.
“Há uma organização por trás disso, que ataca inclusive a imprensa tradicional e séria”, destacou. “Temos que estar atentos, e o inquérito está em excelentes mãos.”
Toffoli defendeu as investigações como salvaguarda à democracia brasileira e lembrou que o Supremo recebeu o apoio de diversas entidades representativas da sociedade, inclusive líderes de partidos políticos, com exceção do PSL.
Segundo ele, o sistema de Justiça no Brasil atua para que “o ovo da serpente não brote novamente”.