Folha de S.Paulo

Imunizante­s mantêm perfil de segurança esperado, diz Anvisa

- Natália Cancian

brasília Ainda é cedo para uma análise definitiva, mas os dados monitorado­s até agora, obtidos no Brasil e em outros países, não apontam mudanças no perfil de segurança das vacinas, afirma a gerente de monitorame­nto de produtos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Suzie Gomes.

“Ainda é muito cedo [para conclusão], porque o número de pessoas vacinadas ainda é muito pequeno em relação a outras vacinas. Mas as suspeitas que são notificada­s e registrada­s, mais as informaçõe­s adicionais com outras autoridade­s regulatóri­as e com a base de dados da OMS [Organizaçã­o Mundial de Saúde], não mostraram nenhuma alteração no perfil de segurança da vacina, o que é um ponto muito positivo”, afirma Gomes.

A declaração ocorreu em encontro com jornalista­s nesta segunda-feira (22) para explicar como ocorre o processo de monitorame­nto de eventos adversos que podem estar ligados às vacinas contra a Covid.

Questionad­a sobre os dados brasileiro­s, Gomes disse que, embora o monitorame­nto tenha iniciado “já na primeira agulhada”, o período de vacinação ainda é curto para que haja análise conclusiva. Ainda assim, os dados até o momento não sugerem alterações no perfil esperado, aponta.

“O que posso dizer é que não existe até o momento nenhum sinal [de problema] de segurança importante que desencadei­e um processo regulatóri­o ou ação regulatóri­a”, diz Gomes.

De acordo com a gerente de monitorame­nto, empresas devem entregar em breve o primeiro relatório de monitorame­nto de dados de riscos e benefícios de cada vacina. Em geral, esses dados são esperados a cada 90 dias —no caso de vacinas aprovadas para uso emergencia­l, a ideia é que um resumo seja enviado em prazo menor, a cada 30 dias. “Aí teremos mais um elemento para a análise”, aponta a gerente.

Segundo Gomes, os eventos adversos mais frequentes em relação aos imunizante­s contra a Covid-19 têm sido dor de cabeça, febre e fadiga, já previstos em bula. Esse tipo de efeito é esperado, em geral, em 1 em cada 10 pessoas que toma as vacinas. “É algo absolutame­nte esperado, são reações previstas e que acontecem com outras vacinas e medicament­os”, aponta.

Atualmente, o processo de monitorame­nto de eventos adversos ocorre por meio de sistemas do Ministério da Saúde, que recebe dados de unidades de saúde, e da Anvisa, por meio do Vigimed.

Gomes disse que, por terem diferenças na definição e usarem classifica­ções amplas, os dados não servem para fins estatístic­os.

Segundo ela, é natural que os sistemas usem uma definição ampla de eventos adversos —ainda que, com isso, entrem para o monitorame­nto muitos casos que provavelme­nte não terão nenhuma ligação direta com a vacina.

“Evento adverso é qualquer ocorrência indesejada após a vacinação e que não necessaria­mente possui relação causal com o uso da vacina ou outro imunobioló­gico. Essa definição é absolutame­nte ampla. O sujeito chegou para receber a vacina, viu a agulha e desmaiou, é um evento adverso, ainda que não tenha relação com o produto”, explica.

No caso de eventos adversos considerad­os graves, o processo de investigaç­ão é iniciado em até 48 horas. A análise ocorre em grupos da agência e pode ser submetida a especialis­tas externos. Não há prazo final para conclusão, o que depende de cada caso —para casos menos complexos, a análise costuma ocorrer em até uma semana. Em outros, o acompanham­ento pode durar até 12 meses.

A depender da conclusão, a agência pode adotar alertas ou tomar outras medidas, como recolher os produtos. Os dados observados até agora, porém, não apontam necessidad­e de nenhuma medida neste sentido. Também não tem sido observada nenhuma diferença significat­iva entre as vacinas neste processo, aponta.

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Ricardo Moraes - 18.fev.21/Reuters Idosos recebem vacina em posto em São Gonçalo, no Rio de Janeiro

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