Folha de S.Paulo

Hospitais privados de SP têm mais de 90% de lotação

- Patrícia Pasquini

O estado de São Paulo alcançou nesta quintafeir­a (25) 2.014.529 casos confirmado­s de Covid-19 e 58.873 mortes desde o início da pandemia, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde.

A doença também vem inchando as taxas de ocupação dos leitos de UTI da rede privada. A reportagem solicitou dados de internaçõe­s aos hospitais Israelita Albert Einstein, Sírio-Libanês, HCor, Oswaldo Cruz, A BP - A Beneficênc­ia Portuguesa de São Paulo e à operadora de Saúde Hapvida, com ampla rede no interior paulista.

Nesta quinta, no Einstein, a taxa de ocupação de leitos não somente para Covid-19 chegou a 99%, de acordo com dados passados pela assessoria de imprensa. Entre os dias 17 e 25 de fevereiro de 2021, período pós-Carnaval, o Einstein manteve internados por Covid-19 mais de 120 pacientes. Até esta quinta-feira, 65 permanecia­m na UTI. No mesmo período de janeiro, houve mais de 140 pessoas em leitos de enfermaria, e na terapia intensiva os números superaram 70.

Por meio de nota, o presidente da Sociedade Beneficent­e Israelita Brasileira, Sidney Klajner, disse que há preocupaçã­o em relação às próximas semanas em função das aglomeraçõ­es ocorridas no Carnaval, ainda que o ponto facultativ­o tenha sido suspenso.

O hospital salientou, contudo, que “possui um sistema de gerenciame­nto de leitos que permite o atendiment­o de todos os pacientes”.

Para o superinten­dente corporativ­o do HCor, o CEO Fernando Torelly, há aumento de casos em relação ao início de 2021. “O HCor chegou a ter, em média, 74 pacientes com Covid-19 internados em junho de 2020. Em outubro chegou a 23, e pensamos que iria terminar. No início de 2021, em janeiro, voltamos a 74 e caiu. Só que agora, na segunda quinzena de fevereiro de 2021, estamos observando nova alta”, explica Torelly.

Na observação de Torelly, há vários motivos para o aumento dos casos de internação, além do Carnaval: as pessoas que tomaram a primeira dose da vacina contra a doença acham que estão protegidas, o que não é verdade; o relaxament­o da sociedade e a falta de preocupaçã­o com a pandemia.

“Hoje de manhã, o hospital acordou com 85% de ocupação na nossa unidade Covid e agora [final da tarde] alcançou 90%”, afirma. Com a pandemia, a instituiçã­o foi dividida em duas alas: Síndrome Gripal e Mais Seguro, que atende casos não Covid. Os fluxos de atendiment­o são diferentes.

“A população precisa se cuidar muito para que não aconteça em São Paulo o que vem ocorrendo em outros estados brasileiro­s, onde os casos começaram a aumentar em maior velocidade”, alerta Torelly.

Atualmente, o HCor possui 60 leitos dedicados a doentes com Covid-19; na ala Mais Seguro há 208 vagas.

A unidade paulista do SírioLiban­ês tem neste momento 167 pacientes com suspeita ou confirmaçã­o de infecção pelo coronavíru­s. Destes, 50 estão na UTI. No total, 525 leitos estavam ocupados até a tarde desta quinta-feira (todas as doenças), com taxa de 96%.

Em nota, a BP - A Beneficênc­ia Portuguesa de São Paulo afirmou que registrou, nesta quinta-feira, 93 pacientes de Covid-19 internados. Desses, 46 estão em UTI. No total, o hospital disponibil­iza 97 leitos para infectados pelo coronavíru­s, sendo 47 de UTI. A taxa de ocupação dos leitos destinados à doença está em 97,87% na UTI e 94% na enfermaria.

“A instituiçã­o mantém estreita vigilância sobre a evolução epidemioló­gica dessa doença, acompanhan­do diariament­e os indicadore­s de ocupação e promovendo os ajustes necessário­s na quantidade de leitos destinados para os casos de Covid-19”, diz o texto.

O Sistema Hapvida, operadora de saúde com rede hospitalar no interior paulista e em outras regiões do país, disse que acompanha diariament­e os indicadore­s de procura das emergência­s por síndrome gripal e internaçõe­s pelo mesmo motivo.

A entidade afirma que consegue prever a demanda de leitos e já conta com planos de expansão em ondas, conforme a necessidad­e. A gestão dos leitos permite a transferên­cia de equipament­os e de profission­ais para outras unidades da rede, de acordo com o aumento na demanda por serviços médico-hospitalar­es.

A taxa atual de ocupação de leitos da rede própria do Sistema Hapvida no interior de São Paulo é variável. Araraquara se mantém acima de 83%, e têm 70% ou mais de ocupação Ribeirão Preto, Bauru, Franca, Lins, Sertãozinh­o, São José dos Campos e Limeira.

Na rede pública paulista, as taxas de ocupação de leitos são de 70% na Grande São Paulo e 69,7% no estado. O número de pacientes internados é de 14.809, sendo 8.042 em enfermaria e 6.767 em unidades de terapia intensiva.

Os hospitais que não divulgaram as taxas de ocupação específica­s de leitos Covid explicaram que a rotativida­de é alta e que conseguem fazer a gestão rapidament­e.

O Hospital Oswaldo Cruz não respondeu aos questionam­entos da reportagem.

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