Dracena (SP) tem fila para internação e mortes de jovens
braço do norte (sc) O avanço da pandemia em cidades paulistas fez a Prefeitura de Dracena (a 638 km de São Paulo) passar a divulgar, além do número de casos e de óbitos, o tamanho da fila de espera para transferência hospitalar de pacientes com a Covid-19.
A terceira maior cidade da Alta Paulista, região no oeste do estado, com população estimada em 47.043 habitantes, viu seu sistema de saúde colapsar, com ocupação em 100% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e de enfermaria dedicados a casos da doença neste mês.
O colapso inclui lotação de um centro ambulatorial, o Cemac, e um pronto-socorro, o PAM, onde doentes aguardam internação enquanto têm seu estado agravado. Na terça (22), a prefeitura comunicou três mortes de pacientes à espera.
Uma delas foi a de Jeneffer Giló Pena, 30, que, quando teve leito de UTI disponibilizado em Presidente Prudente (a 556 km de São Paulo), sede da região administrativa, já não teve seu quadro estabilizado a tempo de ser transferida.
A situação foi parecida quanto aos outros doentes, segundo a Secretaria de Saúde estadual. “Não houve falta de vagas para os casos citados pela Prefeitura de Dracena. Infelizmente, os três pacientes tinham quadros clínicos que inviabilizavam qualquer transferência”, disse, em nota.
Para tentar conter o vírus, a prefeitura optou por recrudescer a cidade à fase vermelha do Plano São Paulo, a mais restritiva, no último dia 17, quando o município ainda aparecia na amarela por determinação do governo João Doria (PSDB).
A decisão, no entanto, só veio após recomendação do Ministério Público, que, em parecer encaminhado ao prefeito André Lemos (Patriota), indicou que Dracena mantinha aumento vertiginoso do número de casos desde janeiro e lotação da UTI local a partir do último dia 5.
À frente da classificação das regiões administrativas, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico estadual não ponderou, ao ser questionada pela Folha, se houve erro na alocação da cidade em uma fase mais branda quando já dava sinais de colapso —o estado decretou a vermelha no dia 19.
A pasta disse que a classificação é regionalizada e amparada por critérios técnicos do Centro de Contingência. “O plano segue sob monitoramento contínuo e diário, permitindo inclusive intensificação de medidas restritivas, caso o centro identifique necessidade”, afirmou, em nota.