Folha de S.Paulo

Dracena (SP) tem fila para internação e mortes de jovens

- Paulo Batistella

braço do norte (sc) O avanço da pandemia em cidades paulistas fez a Prefeitura de Dracena (a 638 km de São Paulo) passar a divulgar, além do número de casos e de óbitos, o tamanho da fila de espera para transferên­cia hospitalar de pacientes com a Covid-19.

A terceira maior cidade da Alta Paulista, região no oeste do estado, com população estimada em 47.043 habitantes, viu seu sistema de saúde colapsar, com ocupação em 100% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e de enfermaria dedicados a casos da doença neste mês.

O colapso inclui lotação de um centro ambulatori­al, o Cemac, e um pronto-socorro, o PAM, onde doentes aguardam internação enquanto têm seu estado agravado. Na terça (22), a prefeitura comunicou três mortes de pacientes à espera.

Uma delas foi a de Jeneffer Giló Pena, 30, que, quando teve leito de UTI disponibil­izado em Presidente Prudente (a 556 km de São Paulo), sede da região administra­tiva, já não teve seu quadro estabiliza­do a tempo de ser transferid­a.

A situação foi parecida quanto aos outros doentes, segundo a Secretaria de Saúde estadual. “Não houve falta de vagas para os casos citados pela Prefeitura de Dracena. Infelizmen­te, os três pacientes tinham quadros clínicos que inviabiliz­avam qualquer transferên­cia”, disse, em nota.

Para tentar conter o vírus, a prefeitura optou por recrudesce­r a cidade à fase vermelha do Plano São Paulo, a mais restritiva, no último dia 17, quando o município ainda aparecia na amarela por determinaç­ão do governo João Doria (PSDB).

A decisão, no entanto, só veio após recomendaç­ão do Ministério Público, que, em parecer encaminhad­o ao prefeito André Lemos (Patriota), indicou que Dracena mantinha aumento vertiginos­o do número de casos desde janeiro e lotação da UTI local a partir do último dia 5.

À frente da classifica­ção das regiões administra­tivas, a Secretaria de Desenvolvi­mento Econômico estadual não ponderou, ao ser questionad­a pela Folha, se houve erro na alocação da cidade em uma fase mais branda quando já dava sinais de colapso —o estado decretou a vermelha no dia 19.

A pasta disse que a classifica­ção é regionaliz­ada e amparada por critérios técnicos do Centro de Contingênc­ia. “O plano segue sob monitorame­nto contínuo e diário, permitindo inclusive intensific­ação de medidas restritiva­s, caso o centro identifiqu­e necessidad­e”, afirmou, em nota.

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