Folha de S.Paulo

No maior salto da pandemia, país perde 1.726 em 24 horas

Recorde supera o anterior em 144 óbitos; média móvel, pelo quarto dia, é a mais elevada, com 1.274

- Phillippe Watanabe

O Brasil registrou 1.726 mortes por Covid-19, ontem, o maior número diário de vidas perdidas de toda a pandemia de Covid-19. Foi o maior salto de óbitos em relação ao último recorde —144 mortos a mais do que em 25 de fevereiro, o ápice anterior.

O país também teve, pelo quarto dia consecutiv­o, a maior média móvel de óbitos pelo vírus, 1.274. Há 41 dias acima de 1.000, a média é um recurso estatístic­o que busca dar uma visão melhor da evolução da doença. Anteontem, ela era de 1.223.

Outro dado inédito foi contabiliz­ado no estado de São Paulo, que documentou 468 vítimas. É o pior momento da crise, com situações críticas em quase todas as regiões do país. Em Porto Alegre, com todas UTIs ocupadas, leitos são improvisad­os.

Os dados elevados podem, em parte, ser explicados por atrasos de notificaçã­o relativos ao fim de semana. De toda forma, a última segundafei­ra (1º) teve o segundo maior número de mortes para esse dia da semana durante toda a emergência.

O Brasil registrou 1.726 mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas, o maior número diário de vidas perdidas de toda a pandemia. O dado representa também o maior sal toem relação a ore corde anterior. Foram 144m ortosa mais nesta terça (2) do que em 25 de fevereiro, apenas cinco dias antes, o ápice mais recente —um avanço de 9,1%.

A vez que isso chegou mais perto de ocorrer foi em 4 de junho do ano passado, quando o recorde registrado, 1.473 mortes, superava o anterior em 124 óbitos.

O país também registrou, pelo quarto dia consecutiv­o, a maior média móvel de óbitos pela doença: 1.274, e já está há 41 dias acima de mil. O recorde anterior da média móvel era de 1.223.

Esse é um recurso estatístic­o que busca dar uma visão melhor da evolução da doença ao atenuar números isolados que fujam do padrão. Ela é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete.

Outro recorde foi registrado no estado de São Paulo, com 468 mortes em um dia. O estado também teve o maior número de internaçõe­s em UTI por Covid-19 na última semana. O número foi 14,7% maior do que na semana mais grave da pandemia em 2020.

Os dados elevados podem, em parte, ser explicados por atrasos de notificaçã­o relativos a domingo (28) e segunda (1º). De toda forma, a última segunda teve o 2º maior número de mortes em uma segunda durante toda a pandemia.

Os dados do país, coletados até as 20h, são fruto de colaboraçã­o entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavíru­s. As informaçõe­s são coletadas diretament­e com as Secretaria­s de Saúde estaduais.

O Brasil enfrenta o pior momento da pandemia, com situações críticas em todas as regiões do país. A Fiocruz publicou nota técnica nesta terça-feira com um alerta: “Pela primeira vez desde o início da pandemia, verifica-se em todo o país o agravament­o simultâneo de diversos indicadore­s, como o cresciment­o do número de casos e de óbitos, a manutenção de níveis altos de incidência de Srag [Síndrome Respiratór­ia Aguda Grave], a alta positivida­de de testes e a sobrecarga dos hospitais”.

Dez capitais têm UTIs com mais de 90% de ocupação. O sistema de saúde do Rio Grande do Sul já entrou em colapso. Santa Catarina também está em colapso e precisou transferir pacientes para o Espírito Santo (leia mais na pág. B2).

O cenário começou a piorar de forma contínua logo após as festas de fim de ano. Na época, especialis­tas já alertavam que as reuniões poderiam provocar uma situação grave em 2021.

Como consequênc­ia da transmissã­o descontrol­ada, passaram a circular variantes com maior potencial de infecção, como a identifica­da em Manaus, nomeada P.1. Além dela, já foi observada no país avariante B .1.1.7, também com maior potencial de transmissã­o e identifica­da inicialmen­te no Reino Unido —o país faz intenso rastreamen­to genômico, ao contrário do Brasil.

A situação brasileira parece caminhar na direção oposta de outras nações, que têm visto os números de casos e mortes de Covid-19 caírem a partir de medidas restritiva­s para conter a circulação do vírus e com o avanço da vacinação.

O consórcio de imprensa também atualizou informaçõe­s sobre a vacinação contra a Covid-19 de 19 estados e do Distrito Federal. O processo de imunização no país avança lentamente ao mesmo tempo em que a pandemia piora.

Foram aplicados no total 9.273.129 de doses de vacina (7.106.147 da primeira dose e 2.166.982 da segunda dose), de acordo com as informaçõe­s disponibil­izadas pelas secretaria­s de Saúde.

As vacinas disponívei­s no Brasil são a Coronavac, do Butantan e da farmacêuti­ca Sinovac, e a Covishield, imunizante da Fiocruz desenvolvi­do pela parceria entre a Universida­de de Oxford e a AstraZenec­a.

O consórcio de veículos de imprensa foi criado em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informaçõe­s do ar, com a interrupçã­o da divulgação dos totais de casos e mortes.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil