No maior salto da pandemia, país perde 1.726 em 24 horas
Recorde supera o anterior em 144 óbitos; média móvel, pelo quarto dia, é a mais elevada, com 1.274
O Brasil registrou 1.726 mortes por Covid-19, ontem, o maior número diário de vidas perdidas de toda a pandemia de Covid-19. Foi o maior salto de óbitos em relação ao último recorde —144 mortos a mais do que em 25 de fevereiro, o ápice anterior.
O país também teve, pelo quarto dia consecutivo, a maior média móvel de óbitos pelo vírus, 1.274. Há 41 dias acima de 1.000, a média é um recurso estatístico que busca dar uma visão melhor da evolução da doença. Anteontem, ela era de 1.223.
Outro dado inédito foi contabilizado no estado de São Paulo, que documentou 468 vítimas. É o pior momento da crise, com situações críticas em quase todas as regiões do país. Em Porto Alegre, com todas UTIs ocupadas, leitos são improvisados.
Os dados elevados podem, em parte, ser explicados por atrasos de notificação relativos ao fim de semana. De toda forma, a última segundafeira (1º) teve o segundo maior número de mortes para esse dia da semana durante toda a emergência.
O Brasil registrou 1.726 mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas, o maior número diário de vidas perdidas de toda a pandemia. O dado representa também o maior sal toem relação a ore corde anterior. Foram 144m ortosa mais nesta terça (2) do que em 25 de fevereiro, apenas cinco dias antes, o ápice mais recente —um avanço de 9,1%.
A vez que isso chegou mais perto de ocorrer foi em 4 de junho do ano passado, quando o recorde registrado, 1.473 mortes, superava o anterior em 124 óbitos.
O país também registrou, pelo quarto dia consecutivo, a maior média móvel de óbitos pela doença: 1.274, e já está há 41 dias acima de mil. O recorde anterior da média móvel era de 1.223.
Esse é um recurso estatístico que busca dar uma visão melhor da evolução da doença ao atenuar números isolados que fujam do padrão. Ela é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete.
Outro recorde foi registrado no estado de São Paulo, com 468 mortes em um dia. O estado também teve o maior número de internações em UTI por Covid-19 na última semana. O número foi 14,7% maior do que na semana mais grave da pandemia em 2020.
Os dados elevados podem, em parte, ser explicados por atrasos de notificação relativos a domingo (28) e segunda (1º). De toda forma, a última segunda teve o 2º maior número de mortes em uma segunda durante toda a pandemia.
Os dados do país, coletados até as 20h, são fruto de colaboração entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais.
O Brasil enfrenta o pior momento da pandemia, com situações críticas em todas as regiões do país. A Fiocruz publicou nota técnica nesta terça-feira com um alerta: “Pela primeira vez desde o início da pandemia, verifica-se em todo o país o agravamento simultâneo de diversos indicadores, como o crescimento do número de casos e de óbitos, a manutenção de níveis altos de incidência de Srag [Síndrome Respiratória Aguda Grave], a alta positividade de testes e a sobrecarga dos hospitais”.
Dez capitais têm UTIs com mais de 90% de ocupação. O sistema de saúde do Rio Grande do Sul já entrou em colapso. Santa Catarina também está em colapso e precisou transferir pacientes para o Espírito Santo (leia mais na pág. B2).
O cenário começou a piorar de forma contínua logo após as festas de fim de ano. Na época, especialistas já alertavam que as reuniões poderiam provocar uma situação grave em 2021.
Como consequência da transmissão descontrolada, passaram a circular variantes com maior potencial de infecção, como a identificada em Manaus, nomeada P.1. Além dela, já foi observada no país avariante B .1.1.7, também com maior potencial de transmissão e identificada inicialmente no Reino Unido —o país faz intenso rastreamento genômico, ao contrário do Brasil.
A situação brasileira parece caminhar na direção oposta de outras nações, que têm visto os números de casos e mortes de Covid-19 caírem a partir de medidas restritivas para conter a circulação do vírus e com o avanço da vacinação.
O consórcio de imprensa também atualizou informações sobre a vacinação contra a Covid-19 de 19 estados e do Distrito Federal. O processo de imunização no país avança lentamente ao mesmo tempo em que a pandemia piora.
Foram aplicados no total 9.273.129 de doses de vacina (7.106.147 da primeira dose e 2.166.982 da segunda dose), de acordo com as informações disponibilizadas pelas secretarias de Saúde.
As vacinas disponíveis no Brasil são a Coronavac, do Butantan e da farmacêutica Sinovac, e a Covishield, imunizante da Fiocruz desenvolvido pela parceria entre a Universidade de Oxford e a AstraZeneca.
O consórcio de veículos de imprensa foi criado em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes.