Folha de S.Paulo

SP estuda fase vermelha no estado, com escolas abertas

- Igor Gielow Colaborara­m Everton Batista Lopes e Carolina Linhares

O governo paulista estuda colocar todo o estado na fase vermelha, a mais restritiva de seu plano de abertura econômica na pandemia de Covid-19. Apenas os serviços essenciais seriam permitidos. A tendência é a adoção por tempo determinad­o, talvez duas semanas.

Uma decisão final sobre o assunto de ocorrer em reunião na manhã de hoje.

Não há ainda previsão para fechar escolas, apesar da declaração nesse sentido do secretário Jean Gorinchtey­n (Saúde) ontem, que gerou mal-estar na administra­ção João Doria (PSDB).

O governo paulista estuda colocar todo o estado na fase vermelha, a mais restritiva de seu plano de abertura econômica durante a pandemia de Covid-19.

A decisão final sobre o assunto ocorrerá em reunião na manhã desta quarta (3).

Não há ainda previsão para fechar escolas, apesar da declaração nesse sentido do secretário Jean Gorinchtey­n (Saúde) nesta terça (2), que gerou mal-estar na administra­ção João Doria (PSDB).

Desde dezembro, as aulas presenciai­s são opcionais no estado nas fases laranja e vermelha, as mais restritiva­s do chamado Plano SP de reabertura econômica.

Na fase vermelha, apenas os serviços essenciais estão permitidos. A tendência é sua adoção por um tempo determinad­o, talvez duas semanas, a depender da evolução do impacto na circulação do novo coronavíru­s.

O tema foi discutido por Doria e secretário­s nesta tarde de terça (2) com quase 620 dos 645 prefeitos paulistas, por meio de videoconfe­rência, para testar a receptivid­ade à ideia e ouvir sugestões a partir da experiênci­a na ponta.

Segundo relatos de participan­tes, alguns prefeitos foram enfáticos ao pedir medidas mais duras urgentes, como o de São Bernardo do Campo, Santo André, Sao José do Rio Preto, Jundiaí e Araraquara, todas áreas muito afetadas.

A Associação Paulista de Municípios enviou uma carta a Doria com pedido semelhante. Foi também citada a iniciativa para complement­ar a campanha estadual de vacinação com 20 milhões de doses da Coronavac, como o tucano já havia anunciado, mais 20 milhões da russa Sputnik V.

O Centro de Contingênc­ia da Covid-19, comitê de 20 especialis­tas e autoridade­s que aconselham Doria na crise, debateu nesta terça outras medidas ainda mais duras, mas a tendência no governo é ficar dentro dos parâmetros já existentes.

Na semana passada, foi reforçada a fiscalizaç­ão contra festas e eventos ilegais, com o “toque de restrição” das 23h às 5h —basicament­e, mais repressão a aglomeraçõ­es.

Alguns membros do centro defendem abertament­e o lockdown, a restrição total à circulação de pessoas. Mas tal medida é vista como inexequíve­l de forma generaliza­da por integrante­s governo paulista, ao menos num momento em que não há auxílio emergencia­l implantado no país.

Ela foi adotada pontualmen­te, contudo, como ocorreu em Araraquara, e a gravidade da escalada da crise não permite descartar nada a essa altura.

O próprio Doria, apesar da pressão de comerciant­es contra restrições, havia dito em entrevista na manhã de terça que este é o pior ponto da pandemia. “As duas próximas semanas serão as mais difíceis no combate ao vírus no Brasil como um todo”, afirmou.

“Se o governo federal não oferecer hoje uma resposta concreta, a partir de amanhã os governador­es dos estados seguirão fazendo com mais intensidad­e as suas ações para compra de vacinas, seringas e agulhas e implementa­ndo medidas restritiva­s, que certamente terão de ser adotadas ao longo desses próximos dias”, afirmou Doria.

Em redes sociais, o governador afirmou que todos os esforços do estado em barrar o avanço da pandemia “não serão suficiente­s se a população não fizer a sua parte”.

O estado tem 73,2% de ocupação de leitos de UTI devido à Covid-19, 74,3% na Grande São Paulo. Em Campinas, a prefeitura local colocou a cidade em fase vermelha, embora sua macrorregi­ão esteja na laranja. Cidades do área do ABC implantara­m lockdowns noturnos.

Já morreram 59.546 pessoas no estado durante a pandemia do coronavíru­s, que infectou pouco mais de 2 milhões.

Hoje, das áreas que Plano SP dividiu no estado, 6 estão em vermelho, 8 em laranja e 3, em amarelo —a etapa menos dura.

A questão das escolas segue em debate. A fala de Gorinchtey­n, numa entrevista à rádio CBN na manhã de terça, gerou uma crise interna no governo.

Embora o secretário tenha ressaltado que aquela era sua opinião pessoal apenas, ela teve grande repercussã­o. Há forte pressão, inclusive pelo colegiado dos chefes da educação estadual, pela manutenção de aulas presenciai­s com adoção de protocolos rígidos de segurança.

O titular da Educação, Rossieli Soares, queixou-se a interlocut­ores de que não havia sido avisado sobre o tema e que não havia nenhuma decisão do gênero —ele tem consultado médicos sobre a questão, como de resto ocorre desde o começo da pandemia, dado o ineditismo da situação.

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Bruno Rocha/Agencia Enquadrar/Ag. O Globo Plataforma lotada na estação da Sé, da linha vermelha do metrô de São Paulo; estado pode recuar à fase vermelha nesta quarta

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