Folha de S.Paulo

Maioria no Congresso dá a Bukele poderes amplos em El Salvador

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BUENOS AIRES Como apontavam os resultados parciais, o partido do presidente Nayib Bukele, 39, terá maioria no legislativ­o unicameral de El Salvador. Segundo anúncio feito pelo tribunal eleitoral do país nesta terça (2), o Nuevas Ideas, recém-nascido para abrigar os alinhados à política de direita populista do mandatário, terá 56 deputados de um total de 84.

Contando com pelo menos outros cinco parlamenta­res de partidos alinhados, Bukele terá a maioria na Casa —e poderá propor alterações à Constituiç­ão, além de nomear juízes da Suprema Corte e o procurador-geral do país.

Bukele, que tem uma popularida­de de 97%, vinha centraliza­ndo poder desde que foi eleito, em 2019. Com bons resultados no combate à violência, o mandatário, porém, comete avanços contra a imprensa independen­te e é acusado de corrupção e nepotismo, favorecend­o familiares em cargos públicos.

Jornais independen­tes que divulgaram esses abusos vêm sendo perseguido­s ou ameaçados. O site El Faro, o mais importante do país, está sendo processado por expor publicamen­te o nepotismo do governo e irregulari­dades na aplicação das medidas de quarentena.

Desde que começou a pandemia do coronavíru­s, vem sendo cobrado por organismos internacio­nais como a Human Rights Watch por conta de abusos na imposição confinamen­tos para calar opositores. Além disso, os espaços para isolamento e quarentena dos que chegam do exterior foi avaliado como inapropria­do por defensores de direitos humanos.

Na eleição ocorrida no último domingo (28), os partidos tradiciona­is do país tiveram um desempenho fraco. O direitista Arena (Aliança Nacional Republican­a) ficou com 14 assentos no parlamento, enquanto a esquerdist­a FMLN (Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional) deteve apenas cinco.

Desde a redemocrat­ização do país após a guerra civil, em 1992, nunca um presidente salvadoren­ho tinha conseguido acumular tamanho poder para governar.

A oposição entrou com pedido de investigaç­ão contra Bukele pelo fato de ele ter feito campanha no próprio dia da eleição, por meio de pronunciam­entos e pelas redes sociais, algo que vai contra as regras eleitorais do país.

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