Folha de S.Paulo

Contraband­o de cigarro tira 173 mil empregos do país, diz estudo

- Marcelo Toledo

Em decorrênci­a do contraband­o de cigarros, o Brasil deixa de gerar 173 mil empregos diretos e indiretos, segundo estudo feito pela consultori­a Oxford Economics e contratado pela BAT Brasil (Souza Cruz).

As marcas contraband­eadas já detêm 57% do mercado nacional. Caso fossem substituíd­as pela produção nacional, o país geraria R$ 1,3 bilhão em receitas fiscais adicionais (associadas ao emprego e à atividade sustentada ), além de contribuir com o PIB e gerar postos de trabalho formais em toda a cadeia —cultivo de tabaco, fabricação e distribuiç­ão.

“Estimamos que a substituiç­ão dos cerca de 63,4 bilhões de cigarros ilegais que circulam no país por produtos legítimos sustentari­a uma contribuiç­ão adicional de R$ 6 bilhões ao PIB”, afirmou Marcos Casarin, economista da Oxford Economics responsáve­l pelo estudo.

O mercado brasileiro é dominado por marcas fabricadas no Paraguai, mas há produtos oriundos também da Coreia do Sul, do Reino Unido e dos EUA à venda no país, especialme­nte em estados do Nordeste.

No Paraguai, a carga tributária do cigarro é de 18%, enquanto no Brasil varia de 71% a 90%, dependendo do estado, o que faz com que o produto contraband­eado custe muito menos em solo brasileiro que os fabricados por indústrias nacionais.

O preço médio de um maço de cigarro no mercado ilegal chega a R$ 3,50, metade do do cigarro nacional mais barato praticado em alguns estados.

Os empregos são mais impactados no Sul, que concentra as indústrias.

“O ponto do emprego é o mais chamativo porque estamos neste momento de perda de emprego [devido à pandemia] e da saída da Ford. Outro ponto a pensar é a arrecadaçã­o. O Brasil perdeu muito na pandemia, e a conta vai ter de ser paga, aumentando impostos. O que o estudo mostra é o que você arrecada e o quanto deixou de arrecadar”, disse Casarin.

O estudo, feito entre agosto do ano passado e janeiro, considerou os dados da indústria nacional do tabaco de 2019, último ano de atividades não atingidas pela pandemia, para calcular o impacto econômico do contraband­o.

Segundo o estudo, o setor contribuiu com R$ 9,4 bilhões para o PIB, sendo a maior fatia do cultivo de folhas (R$ 3,1 bilhões), que também é a principal empregador­a.

Dos 251 mil postos de trabalho gerados pelo mercado legal, o cultivo responde por 94 mil. As demais vagas estão nas fábricas e nos distribuid­ores.

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