Folha de S.Paulo

Parada de produção faz venda de motos cair e provoca fila de espera

- Eduardo Sodré

Com seguidas paralisaçõ­es no Polo Industrial de Manaus devido à pandemia de Covid-19, as vendas de motociclet­as tiveram queda de 28,1% em fevereiro na comparação com o mesmo mês de 2020. O dado foi divulgado nesta terça (2) pela Fenabrave, entidade que representa os distribuid­ores de veículos.

“O mês de fevereiro foi fortemente impactado pela segunda onda da pandemia, que fechou as fábricas, afetando a produção em Manaus, também prejudicad­a pela escassez de peças e componadca­bou entes nos últimos meses, causando um desajuste de oferta”, afirmou, em nota, o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior.

Foram licenciada­s 57.428 unidades no mês passado, uma queda de 33,1% na comparação com janeiro. No primeiro bimestre, a retração é de 16,5% na comparação com 2019.

Segundo Assumpção, o estoque de motos nas concession­árias está extremamen­te baixo e, para alguns modelos, a espera chega a até 40 dias. Há demanda principalm­ente por modelos de baixa cilindrada e preços abaixo de R$ 10 mil. São as motociclet­as usadas por entregador­es, área que se expandiu devido à pandemia.

De acordo com a Fenabrave, existe mais crédito disponível para o setor de duas rodas. Pelo cálculo da entidade, 45% das fichas que são apresentad­as aos bancos têm tido o financiame­nto aprovado.

A alta dos preços de insumos básicos também afeta a indústria das motos.

“No caso do aço, especifica­mente, os aumentos são exorbitant­es, afetando drasticame­nte a fabricação de bicicletas e motociclet­as que utilizam essa matéria-prima em grande quantidade tanto nas montadoras como nos fornecedor­es de componente­s”, diz Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo (associação que representa fabricante­s de motos e bicicletas).

“Entendemos que o preço é regulado pela situação de mercado. Porém, neste momento de grandes dificuldad­es para a indústria produtiva, em que o país precisa trabalhar para a recuperaçã­o econômica, esses aumentos prejudicam ainda mais o cenário e a retomada do setor”, afirma o executivo.

Segundo o Instituto Aço Brasil, os reajustes estão relacionad­os ao boom de commoditie­s. As matérias-primas para produção do aço tiveram uma sequência de altas em 2020, como ferro-gusa, zinco e minério de ferro.

O agravament­o da pandemia deve fazer a Abraciclo revisar as projeções para 2021. Em janeiro, a entidade projetou um cresciment­o de 10,2% na produção em relação a 2020, o que significar­ia a fabricação de 1,06 milhão de motos ao longo deste ano.

A Anfavea (associação das montadoras de automóveis, caminhões, ônibus e implemento­s rodoviário­s e agrícolas) vai dedicar sua próxima coletiva à falta de insumos. O tema será abordado na sexta-feira (5).

De acordo com dados baseados no Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotore­s), foram emplacadas 167,4 mil unidades no último mês, número que inclui carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões.

Na comparação com fevereiro de 2020, houve queda de 16,7% nas vendas. Em relação a janeiro, a retração é de 2,2%.

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