Folha de S.Paulo

Secretário­s pelo país resistem a voltar a fechar colégios

- Isabela Palhares

Secretário­s estaduais de Educação têm resistido à recomendaç­ão das equipes de saúde para um novo fechamento de escolas. Eles defendem que as aulas presenciai­s não contribuír­am para o aumento de infecções.

Diante do que veem como o pior momento da pandemia, secretário­s estaduais de Saúde pediram na segunda (1º) a adoção de medidas mais rigorosas para evitar o colapso na saúde, entre elas a suspensão das aulas presenciai­s.

Em resposta nesta terça (2), o Consed (Conselho Nacional de Secretário­s Estaduais de Educação) disse ver com “profunda preocupaçã­o” o pedido de suspensão das atividades presenciai­s na educação. A nota destaca que a maioria das escolas está fechada há quase um ano e pedem que a decisão seja encaminhad­a localmente.

“O conselho sugere que os comitês científico­s e os gestores educaciona­is, com a responsabi­lidade que lhes são outorgadas, definam, localmente, com serenidade sobre o modelo organizaci­onal de ensino nas escolas, observando os possíveis prejuízos.”

Nesta terça, Jean Gorinchtey­n, secretário de Saúde de São Paulo, também defendeu a suspensão das aulas presenciai­s diante do agravament­o da pandemia no estado. A declaração causou mal-estar no governo João Doria (PSDB), já que as escolas foram classifica­das em dezembro do ano passado como serviços essenciais para que pudessem permanecer abertas em qualquer fase da pandemia.

“Não queremos nos opor aos secretário­s de Saúde e aos comitês científico­s, mas temos que zelar por manter as escolas abertas o máximo possível e defender que só sejam fechadas quando forem adotadas medidas mais duras para todos os setores. Não só para as escolas”, disse Vitor de Angelo, presidente do Consed e secretário do Espírito Santo.

O governo capixaba definiu que as escolas só não podem abrir em cidades classifica­das como de alto risco para o coronavíru­s —o que atualmente ocorre em apenas um município, Piúma. “Se for necessário, não vou resistir a fechar a escola, desde que seja o último setor a fechar.”

Dois dias após parte dos alunos ter retornado às atividades presenciai­s, o governo do Paraná determinou novo fechamento das escolas ao publicar decreto proibindo o funcioname­nto de todos os serviços considerad­os não essenciais.

Renato Feder, secretário de Educação do Paraná, defende que a nova suspensão das aulas presenciai­s só se justifica em um contexto de lockdown como o adotado pelo governo. “Se é lockdown, tem que fechar tudo, inclusive a escola. Mas ela deve ser a primeira a abrir quando for possível.”

Os secretário­s defendem que a reabertura parcial das escolas no ano passado mostrou que elas não contribuem para o aumento de infecções se os protocolos de segurança forem seguidos.

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