Folha de S.Paulo

Ernesto e comitiva irão a Israel por spray ‘milagroso’, que ministro diz não conhecer

- Daniel Carvalho

brasília Em meio ao pior momento da pandemia de Covid-19 no país, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta terça-feira (2) que uma comitiva de dez pessoas, chefiada pelo ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores), embarca para Israel no sábado (6) em busca de um spray que ele afirma não saber o que é e que “parece um produto milagroso”.

O Brasil registrou 1.726 mortes por Covid-19 nesta terça, o maior número diário de vidas perdidas de toda a pandemia.

Há, atualmente, 35 pesquisas em humanos avaliando 22 possibilid­ades de drogas contra Covid aplicadas por inalação feita em hospital. O estudo de Israel com o spray nasal EXO-CD24, citado pelo presidente, é um dos mais iniciais.

A chamada fase 1 do EXOCD24 começou no final de setembro do ano passado e, oficialmen­te, seria concluída apenas em 25 de março.

As informaçõe­s são da base internacio­nal Clinical Trials.

A droga está sendo testada para Covid-19 com 30 voluntário­s e, por enquanto, não há resultados publicados em artigo científico nem da fase 1.

“Todas as tratativas foram feitas. Acordos, memorandos. A gente vai, o pessoal nosso que vai sendo chefiado pelo ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, vai ter encontro com Binyamin Netanyahu, que é o primeiro-ministro, vai no hospital, vai no laboratóri­o”, disse Bolsonaro a apoiadores.

Na conversa, gravada e publicada por um canal simpático ao presidente na internet, Bolsonaro afirmou que há acertos para que a fase 3 de testes seja realizada aqui.

“Está tudo acertado para isso, não quer dizer que vai acontecer, mas está tudo acertado. O pessoal vir para cá [sic], é dada entrada na documentaç­ão na Anvisa para que a fase 3 venha a ser feita em forma experiment­al no Brasil”, afirmou o presidente.

Bolsonaro começou a falar do spray de Israel logo depois que um jornal do país, Times of Israel, noticiou, em 5 de fevereiro, que a droga em teste “curou” 29 de 30 casos. O tom foi de “grande descoberta”.

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