Folha de S.Paulo

De médico a garçom, protegeu e inspirou a família

NELSON SANTOYO (1930-2021)

- Patrícia Pasquini coluna.obituario@grupofolha.com.br

são paulo Durante os dias que lhe restavam, o pediatra Nelson Santoyo aproveitou para colocar em cartas alguns desejos pós morte. Uma delas guardava o pedido para ter a sua história contada na coluna de obituários da Folha.

A carta em questão estava misturada a poemas, frases impactante­s, recortes, cartas de amor à esposa e outras com recados a familiares dentro de uma pasta encontrada por acaso pela filha Isabella Santoyo, 44.

Nelson partiu no dia 19 de fevereiro, aos 90 anos, em decorrênci­a de infecção generaliza­da.

Decidiu exercer a profissão na saúde pública, pois era um crítico daqueles que cobravam altos preços pelas consultas médicas. Paulistano do Belenzinho (zona leste), Nelson era o caçula de três filhos. Mudou-se para o Rio de Janeiro ainda jovem, no intuito de estudar medicina. Após a formatura, retornou à capital paulista e assim que teve condições financeira­s presenteou os pais com um apartament­o em Santos (a 72 km de SP) —forma de agradecime­nto pelos anos de estudo pagos.

Ao longo da carreira, trabalhou no Posto de Atendiment­o Médico Santa Cruz (hoje chamado de Núcleo de Gestão Assistenci­al), na Vila Mariana (zona sul), e perto de se aposentar aceitou o convite do então secretário de Saúde, Nader Wafae, para dirigir o Hospital Heliópolis, onde ficou cerca de dois anos.

Assim que deixou a medicina, passou a ajudar a esposa Arlette Marar Santoyo, 81, no restaurant­e Gulla, em Moema (zona sul).

“Meu pai costumava brincar que foi de médico a garçom”, conta a filha Isabella.

Nelson e Arlette se conheceram em Santos, por meio de uma amiga em comum. Namoraram e casaram em pouco tempo. Foram 56 anos de união e três filhos, um já falecido.

Nelson tinha temperamen­to eclético: emotivo e contido, mas enérgico e rígido, principalm­ente na educação dos filhos.

Destacava-se pela forma elegante de se vestir e falar. Tinha gosto refinado. Incentivou os filhos a tocarem piano, ouvirem música clássica, lerem jornais e muitos livros. Nelson foi feliz sem grandes ambições. Conseguiu o que considerav­a mais importante: proporcion­ar o melhor à família. Ele deixa a esposa, dois filhos e duas netas.

ANTONIO CARLOS DE ABREU

Aos 73, casado com Irene Lima. Terça (2/3). Cemitério Morumbi (SP)

MARIA STELA BARBOSA SANTOS

Aos 82, casada com Gilberto Barbosa Santos. Terça (2/3). Cemitério Jardim do Pêssego, Itaquera (SP)

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