Folha de S.Paulo

Atlético-GO não tem culpa pela falta de vacina, diz cartola

Delegação do time, que disputa Sul-Americana, recebeu no Paraguai 1ª dose de imunizante ofertado pela Conmebol

- Bruno Rodrigues e Carlos Petrocilo

são paulo Enquanto atletas não estão incluídos no grupo prioritári­o a ser vacinado contra a Covid-19 no Brasil, 44 integrante­s da delegação do Atlético-GO receberam a primeira dose da Coronavac na sede da Conmebol, em Luque, no Paraguai, na madrugada desta sexta-feira (7).

Jogadores, comissão técnica e o presidente do clube, Adson Batista, tomaram o imunizante após a vitória sobre o Libertad (PAR), por 2 a 1, pela terceira rodada do Grupo F da Sul-Americana.

É o primeiro clube brasileiro que faz uso das vacinas fornecidas pela Conmebol, a entidade máxima do futebol sul-americano, que recebeu doações do laboratóri­o chinês Sinovac. Ainda não está definido onde a delegação receberá a segunda dose.

Com o clube acusado nas redes socias de ter furado a fila de vacinação, à Folha Batista rebateu as críticas.

“Acontece que vivemos em um país em que tudo é sensaciona­lismo. Não estou furando fila, é muito hipocrisia de quem diz isso. Quanto mais gente imunizada, melhor. O clube não pode ser culpado pelo país não ter vacina. Foi nos oferecido e aceitamos, em nenhum momento quebramos nenhuma regra, porque não tem como trazer para o Brasil e colocar essas doses no SUS”, afirma.

Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol, postou em sua conta no Twitter uma foto da aplicação em alguns atletas do clube goiano. “Estamos juntos para tornar o futebol mais seguro”, escreveu.

A entidade afirma que não há previsão de que outro clube brasileiro receba a primeira dose da vacina.

“Cada associação membro [da Conmebol] está armando sua logística. A CBF foi informada sobre as vacinas. É ela quem consulta o clube e pergunta se querem aproveitar a passagem por Assunção para fazer a vacinação. Nós não obrigamos. O clube decide”, disse um porta-voz.

“Paraguai e Uruguai são os países que já têm a logística armada para a realização da vacinação dos clubes.”

Segundo Batista, a Conmebol enviou um email colocando à disposição 70 doses em sua sede, e a segunda aplicação ainda será decidida. “Nos disseram que vão estudar a possibilid­ade para fazer o complement­o. Não quis perder a oportunida­de. Foi tudo muito seguro, um trabalho invejável da Conmebol.”

Na quarta (12), o São Paulo vai ao Uruguai visitar o Rentistas, pela Libertador­es. Questionad­a pela Folha se a equipe tomaria a vacina no país vizinho, a assessoria do time diz que “por enquanto não tem nada marcado”.

A Conmebol recebeu 50 mil doses de Coronavac e pretende distribuir 5.000 para cada um dos dez países filiados.

No entanto, elas ainda não poderão ser usadas no Brasil, porque a legislação que permite às instituiçõ­es privadas adquirirem vacinas também exige que parte delas seja doada ao SUS enquanto os grupos prioritári­os não tiverem sido imunizados. Após esse período, as entidades poderão adquirir imunizante­s e usar 50% do montante adquirido, doando o restante.

Para que os clubes possam usufruir dessas doses no Brasil, é preciso que o Ministério da Saúde emita uma nota técnica e insira os profission­ais no Plano Nacional de Operaciona­lização da Vacinação Contra a Covid-19.

Na semana passada, a CBF levou esse pedido ao Ministério da Saúde, assim como o COB (Comitê Olímpico do Brasil) fez, já que receberá uma carga de 8.400 doses para imunização da delegação que vai aos Jogos de Tóquio.

“Estamos consultand­o a possibilid­ade, assim como tem sido discutido o sistema de vacinação do COB, uma normatizaç­ão para vacinar os atletas, principalm­ente os que vão disputar a Copa América e dos clubes hoje em competiçõe­s com jogos fora do país”, disse à Folha Jorge Pagura, coordenado­r médico da CBF, na quinta (29).

Há a expectativ­a de que o órgão federal emita a nota técnica, instrument­o que garante a atualizaçã­o no PNO, nos próximos dias. O COB trabalha com a ideia de início da vacinação na terça (10).

Procurado, o Ministério da Saúde diz que a questão está em discussão e que nada foi definido até o momento.

O caso do Atlético-GO pode ajudar a CBF reforçar o seu pedido junto ao órgão federal. Além do clube goiano, disputam a Sul-Americana Bahia, Ceará, Athletico, Corinthian­s, Red Bull Bragantino e Grêmio. Na Libertador­es, estão Palmeiras, Internacio­nal, Santos, Fluminense, São Paulo, Atlético-MG e Flamengo.

A Conmebol pretende, pela ordem, imunizar seleções masculinas da Copa América (com início em junho, na Argentina e na Colômbia), times que participam da Libertador­es e da Sul-Americana, clubes da Série A do Brasileiro e da A1 do Brasileiro Feminino e equipes de arbitragem.

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Alejandro Domínguez no Twitter Jogadores e funcionári­os do Atlético sendo vacinados em Assunção

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