Europeus lotam ruas e bares com avanço da imunização
Países fazem planos para reativar turismo no verão, mas temem aglomerações
bruxelas Vários países europeus viram neste final de semana as pessoas voltando à rua “como se uma rolha de champanhe tivesse espocado”, na descrição do porta-voz para assuntos de Covid-19 na Bélgica, Yves van Laethem.
O público comemorava o relaxamento de algumas restrições impostas em outubro do ano passado, quando a segunda onda se erguia muito acima da primeira em vários países do continente, chegando a 623 novos casos quinzenais por 100 mil habitantes na média da União Europeia.
Seis meses depois, a taxa recuou a cerca de 340/100 mil por quinzena, e a vacinação avançou o suficiente em grande parte dos países para reduzir a pressão sobre os hospitais e permitir limites menos estritos para a convivência.
Cansada de meses de restrições, porém, parte da população se aglomerou em cidades da Espanha e da Bélgica para comemorar a reabertura de bares e restaurantes ou o fim de toques de recolher.
Como champanhe espumando não volta sozinho para dentro da garrafa, a polícia interveio para dissolver as festas em alguns locais.
Na Espanha, emissoras de TV mostraram praças lotadas na madrugada de sábado para domingo, para comemorar o fim do estado de alarme implantado em outubro do ano passado. Nesse período de restrições, a taxa de novos casos diários caiu de cerca de 35/100 mil habitantes para cerca de 13 em cada 100 mil pessoas.
Com o fim do estado de alarme, o poder de impor (ou retirar) restrições para evitar o contágio saiu das mãos do governo central e passou à dos regionais, desde que com autorização da Justiça.
A animação exigiu o trabalho da polícia em Barcelona e Madri, para fazer valer a lei que proíbe beber na rua. Festas em vários bairros foram dispersadas na madrugada deste domingo. Nesta semana, o país chegou a cerca de 30% da população com ao menos uma dose de vacina, abaixo da Alemanha, mas à frente de França e Itália.
Na Bélgica, que também já administrou uma dose a cerca de 30% dos residentes, ruas comerciais de Bruxelas e mesas de bares nas calçadas lotaram na tarde deste sábado (8), no primeiro dia de restrições relaxadas. A ida a esses estabelecimentos estava proibida desde outubro, quando a taxa de novos casos explodia no país, chegando ao pico de 154/100 mil. Nesta semana, ela recuara para 26/100 mil.
No boulevard Waterloo, que concentra lojas de grife, consumidores esperavam em fila por quase uma hora para voltar às compras. A noite foi de concentrações na capital e em outras cidades da Bélgica.
Na praça Flagey, que já havia sido palco de aglomerações proibidas, a polícia dispersou com jatos d’água cerca de mil pessoas que se reuniam numa festa de rua. Pelas regras atuais, um grupo pode ter até dez integrantes.
Van Laethem disse que o governo belga já esperava reuniões “efusivas”, mas ponderou que aglomerações precisam ser contidas se o país não quiser passar por mais uma onda de doentes e novas restrições.
Na Alemanha, a partir deste domingo, quem já tomou as duas doses da vacina ou se curou após ter contraído Covid-19 passou a ter permissão para circular quase livremente. Eles podem se reunir à vontade e não precisam cumprir o toque de recolher.
Entre os maiores países da Europa, a Alemanha é um dos mais avançados na vacinação, com cerca de 40% da população tendo recebido ao menos uma dose e mais de 7 milhões já totalmente imunizados.
A pressão dos mais jovens, que se sentiram excluídos pela nova regra de relaxamento, levou o país a rever sua política de vacinação, permitindo que o imunizante da AstraZeneca seja aplicado a adultos de qualquer idade, e não mais apenas a partir dos 60 anos.
O distrito de Coesfeld, no estado de Renânia do NorteVestfália, deu na segunda-feira (3) o pontapé inicial no primeiro projeto modelo do país para voltar à vida normal.
Com número de novos casos semanais abaixo de cem há mais de um mês, a cidade reabriu academias, piscinas e clubes. Teatros e salas de concerto também devem voltar.
A taxa de contágio na Alemanha na segunda onda não subiu tanto: de 23 por dia/100 mil habitantes em outubro, está agora em 19/100 mil.
Várias restrições foram suspensas na semana passada na Dinamarca, um dos primeiros países a lançar um “passe verde” para todos os adultos vacinados, recuperados de Covid-19 ou com um teste negativo feito até 72 horas antes.
Lojas estão abertas, e restaurantes voltaram a servir consumidores em áreas externas. O documento também permite frequentar museus, estádios de futebol, cabeleireiros e academias de ginástica.
Na Itália, o relaxamento começou no final de abril, e bares e restaurantes já estão autorizados a atender em áreas externas. A principal preocupação do momento é derrubar a barreira para a entrada de estrangeiros, permitindo a retomada do setor turístico.
Na última semana, o governo anunciou que quer lançar ainda um passe sanitário para pessoas já vacinadas ou recuperadas da Covid-19, para viajantes de países que já atingiram um alto nível de imunização, como o Reino Unido (onde mais de 50% da população tomou ao menos uma dose).
As atuais restrições às chegadas de residentes do resto da União Europeia expiram no próximo sábado (15), e a Inglaterra deve liberar viagens não essenciais a seus habitantes a partir de segunda (17).
A França, por enquanto, planeja retomar neste mês a frequência a lojas, espaços culturais e áreas externas de bares e restaurantes, fechados para clientes internos desde outubro, quando a taxa de contágio diária era de 69 casos/100 mil habitantes. Nesta semana, ela recuou para 38/100 mil, e 37% da população já recebeu ao menos uma dose de vacina. O toque de recolher deve ser suspenso em junho.
40% dos alemães receberam ao menos uma dose da vacina contra o coronavírus
7 milhões de pessoas estão completamente imunizadas no país
623 novos casos quinzenais por 100 mil habitantes eram registrados em média na União Europeia em outubro
340 novos casos por 100 mil pessoas a cada 15 dias é a taxa atual