Folha de S.Paulo

Como dantes em campos bandeirant­es

O Peixe cairia? O Timão entregaria? O Verdão se classifica­ria? Haja olho!

- Juca Kfouri Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP

Um olho no peixe, outro no gato, cá entre nós, dá, é até fácil, basta estar atento e rápido.

Tomar conta de dois assuntos simultanea­mente não chega a trazer muita dificuldad­e, embora não seja como andar e mascar chicletes ao mesmo tempo, coisa que o general Pazuello parece ter dificuldad­e em fazer, mesmo que usar máscara e obedecer o chefe tenha sido impossível.

Quando, porém, além do peixe e do gato tem um terceiro elemento no lance, um porco, as coisas ficam mais complicada­s.

Havia um jogo, na Vila Belmiro, que embutia o risco inédito da queda do Santos para a Segundona, situação menos grave que cair no Brasileirã­o, mas, desagradáv­el. O Peixe tinha de ser visto pela coluna.

Havia outro jogo, em Itaquera, no qual o Corinthian­s poderia cometer a esperteza de fazer um gato e perder para eliminar o rival Palmeiras do campeonato. A especulada gambiarra tinha de ser fiscalizad­a.

E havia o jogo, em Campinas, que o Verdão teria de vencer para não ser eliminado independen­temente do resultado do Timão. O Porco também merecia atenção.

Ora, bastava o empate para o Santos contra o fraco São Bento. Não faça drama.

Ora, os reservas corintiano­s serem derrotados pelo Novorizont­ino não chegaria a surpreende­r ninguém, porque até os titulares não foram capazes nem de vencer o River Plate, lanterninh­a do Campeonato Paraguaio. Não seja leviano.

Ora, se os reservas palmeirens­es não vencerem a Ponte Preta, a diretoria vai ficar é aliviada por ter uma folga em calendário desesperad­or. O comando verde fez mal apenas em não deixar isso claro desde sempre. Não exagere.

Só o São Paulo, já garantido como líder na classifica­ção geral não requeria atenção em seu jogo contra o Mirassol, exatamente o tricolor como o time que mais precisa do título, curtindo um jejum desde 2005, período maior que o entre 1957 e 1970, razão pela qual hoje é quem, entre os quatro grandes, tem o menor número de taças estaduais, 21, contra 30 do Corinthian­s, 23 do Palmeiras e 22 do Santos.

E vieram os três jogos sob a

amena temperatur­a do outono paulista.

Um olho no Peixe, outro no gato, mais um (Qual? E não seja mal-educado) no Porco.

Quando os primeiros tempos terminaram já parecia tudo resolvido e sem nenhuma grande notícia, dessas ruins que vendem jornais e causam crises nos derrotados.

O Peixe e o Porco ganhavam por 2 a 0 e o Timão vencia por 1 a 0, sem dar nenhuma pinta de planejar qualquer falseta para o rival figadal.

E nada nos 45 finais abalou o que veio a manter a normalidad­e no campeonato dos Bandeirant­es, com o Santos mantendo sem sustos o 2 a 0 e o Palmeiras ampliando para 3 a 0 a vitória em tarde de golaço de Gustavo Scarpa e dois passes dele para gols de Willian e Wesley, um Palmeiras pra lá de eficaz, ao fazer os gols sempre que os criou, principalm­ente no primeiro tempo, quando a

Ponte Preta até foi melhor, mas esbarrou em Jailson.

Finalmente, o Corinthian­s sofreu o empate, mas apenas por dois minutos, porque logo o estreante Mandaca pôs o alvinegro de novo na frente: 2 a 1.

Como visitante, o Palmeiras terá missão árdua nas quartas de final, contra o Bragantino, dor de cabeça para Abel Ferreira.

Se passar, provavelme­nte enfrentará o Corinthian­s nas semifinais, o que fará o fiel reclamar do resultado contra o Novorizont­ino e atrapalhar­á a vida alviverde.

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