Folha de S.Paulo

Abraços estão liberados, diz Boris, ao levantar restrições

Inglaterra registra primeiro dia sem mortes por Covid desde julho de 2020

- Ana Estela de Sousa Pinto

bruxelas Abraços em pessoas próximas serão liberados na Inglaterra, afirmou o primeiro-ministro Boris Johnson nesta segunda-feira (10), o primeiro dia sem mortes registrada­s por Covid-19 no país desde julho do ano passado.

De acordo com o premiê, “orientaçõe­s sobre como encontrar parentes e amigos serão atualizada­s, e a população poderá tomar decisões pessoais informadas sobre o contato próximo, como abraços”.

As recomendaç­ões sobre distanciam­ento social serão anunciadas na próxima segunda, mas Boris afirmou que, “graças ao sacrifício dos que fecharam seus estabeleci­mentos e ficaram em casa”, a Inglaterra estava entrando agora numa fase em que “cada um assumirá as responsabi­lidades por seus atos, sem que seja o governo a dizer o que pode ou não fazer”.

“É preciso apenas saber que abraços são uma forma de transmitir o vírus e ponderar se quem você quer abraçar corre riscos. Já foi vacinado? Tomou as duas doses? Já houve tempo para desenvolve­r defesas?”, afirmou Boris.

A uma pergunta sobre se ele estava ansioso para voltar a abraçar as pessoas, Boris respondeu que quem quer que ele abrace, o fará “com cautela e moderação”. Com a pandemia progressiv­amente sob controle na Inglaterra, o governo anunciou que cinemas, teatros e hotéis vão reabrir, e bares e restaurant­es poderão receber clientes em seus salões a partir da próxima segunda-feira (17). Até seis pessoas de duas famílias diferentes poderão se reunir em casa, e, ao ar livre, o máximo foi ampliado para 30 pessoas.

O premiê preferiu não responder a uma pergunta do público sobre quando ele voltaria a apertar as mãos —no começo da pandemia, quando Boris ainda minimizava o perigo da Covid-19 e medidas de restrição de contágio, ele declarou em público que “estava apertando as mãos de todo mundo”. Nesta segunda, respondeu apenas: “Vamos detalhar claramente os riscos, e cada um tomará suas decisões”.

Boris afirmou que a passagem para uma nova fase de relaxament­o é possível porque o país continua cumprindo as quatro condições estabeleci­das: vacinação crescente, contágio em queda, hospitaliz­ação decrescent­e e variantes sob controle. Primeiro país a aprovar o uso de imunizante­s contra o coronavíru­s e lançar campanhas de vacinação em massa, o Reino Unido já deu ao menos a primeira dose a 66% de sua população adulta (52% da população total), e um terço dos adultos já tomaram as duas doses, o que equivale a mais de 15 milhões de pessoas só na Inglaterra.

De acordo com o governo britânico, os números do país mostraram que uma única dose da vacina de Oxford/AstraZenec­a reduziu entre 55% e 70% os casos de Covid-19 sintomátic­os e de 75% a 85% as hospitaliz­ações e mortes. Dados preliminar­es mostram queda de até 95% após a segunda dose do imunizante.

Assim, o país se destacou de outras grandes nações da Europa no combate à pandemia. Na semana passada, sua taxa de contágio era 15% do índice da Alemanha, o mais rico país europeu, e a cifra de mortes em relação à população estava em um décimo do número alemão. A quantidade de hospitaliz­ados, que bateu nos 40 mil em janeiro deste ano, caiu a 1.152 na semana passada.

Segundo o diretor médico da Inglaterra, Chris Witty, outras variantes que não a B.117 (identifica­da na cidade inglesa de Kent) são menos de 5% do total no momento, mas o governo está seguindo de perto uma das sublinhage­ns notificada­s pela Índia, a B.1617.2.

Embora só 520 casos dessa variante tenham sido sequenciad­os no país, esse número vem crescendo, de acordo com Witty. Na semana passada, o governo britânico a classifico­u como “variante de preocupaçã­o”. Nesta segunda, a líder técnica da OMS Maria Van Kerkhove disse que informaçõe­s preliminar­es indicam que a B.1617.2 é mais contagiosa que o coronavíru­s original.

Apesar dos novos relaxament­os, Patrick Vallance, principal conselheir­o científico de Boris, afirmou que ainda é cedo para dizer se este foi o último confinamen­to na Inglaterra: “Em meados de junho, teremos uma ideia melhor do impacto dessas medidas. Mas sabemos que as vacinas estão tendo um grande impacto. As coisas estão apontando na direção certa”. O governo britânico afirmou não descartar um reforço de vacinação contra Covid-19 no próximo outono do hemisfério norte (a partir de setembro).

Com a proximidad­e do verão, outros países europeus começaram a relaxar suas restrições de circulação e contato social, embora suas campanhas de vacinação ainda estejam atrás da britânica, e seus números de casos de Covid-19 e mortes, bem superiores.

Nesta segunda, a Irlanda anunciou que reabrirá na segunda as lojas não essenciais e, a partir de 2 de junho, hotéis e hospedaria­s. Todos os pubs e restaurant­es poderão servir ao ar livre a partir de 7 de junho. A meta do governo irlandês é que 80% das pessoas recebam a primeira injeção até o final de junho —no momento, essa fatia está em 26%.

A Alemanha liberou na semana passada e, neste final de semana, a Espanha encerrou seu estado de emergência, e a Bélgica reabriu bares e restaurant­es fechados desde o ano passado. Na Itália, o relaxament­o começou no final de abril, e bares e restaurant­es já estão autorizado­s a atender em áreas externas.

A França é por enquanto o país que menos avançou em seu relaxament­o, dentre os principais da Europa. A regra que só permitia circular dentro de um raio de no máximo 10 quilômetro­s de casa foi relaxada, mas lojas e espaços culturais continuam fechados.

É preciso apenas saber que abraços são uma forma de transmitir o vírus e ponderar se quem você quer abraçar corre riscos. Já foi vacinado? Tomou as duas doses? Já houve tempo para desenvolve­r defesas?

Boris Johnson premiê britânico

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