Folha de S.Paulo

Hackers pedem desculpas por ataque a oleoduto nos EUA

- Tim Bradshaw e Hannah Murphy Tradução de Paulo Migliacci

Grupo lamenta transtorno­s e diz que só visa ganhar dinheiro; governo declarou emergência por risco de faltar combustíve­l

londres e san francisco| financial times O grupo de hackers ao qualé atribuída acul papel o ataque com“ransomw are” realizado no fim de semana contra o oleoduto da Colonial Pipeline insistiu em que seu único interesse era ganhar dinheiro e lamentou ter “criado problemas para a sociedade”.

Em comunicado, o grupo criminoso conhecido como DarkS ides e declarou“apolítico” e tentou desviara culpa pelo ataque para“parceiros” que teriam utilizado sua tecnologia de “ransomware”.

O FBI identifico­u nesta segunda (10) o DarkSide como responsáve­l pelo ataque de hackers em escala maciça que tomou o controle de um importante oleoduto nos EUA por três dias, ameaçando causar alta no preços do combustíve­l e forçando o governo americano a invocar seus poderes de emergência par amantero fluxo de combustíve­is.

O governo dos Estados Unidos declarou estado de emergência no domingo (9), na tentativa de manter as linhas de distribuiç­ão de combustíve­is funcionand­o, enquanto aumentavam os temores de escassez dos produtos depois do fechamento do sistema de dutos.

A medida suspendeu várias proibições do transporte de combustíve­is por rodovia, para atenuar as consequênc­ias do fechamento do Colonial, que transporta quase a metade do combustíve­l consumido na Costa Leste dos EUA.

“O FBI confirma que o ransomware do DarkSide foi responsáve­l por compromete­r as redes da Colonial Pipeline”, anunciou a agência em comunicado. “Continuamo­s a trabalhar com a companhia e nossos parceiros no governo para investigar o ocorrido.”

Ataques de “ransomware” são operações de hackers que levam à tomada de controle do software ou dos sistemas de dados de uma organizaçã­o, impedindo o acesso dos proprietár­ios a eles, por meio de um bloqueio cifrado, até que um pagamento seja feito.

“Nosso objetivo é ganhar dinheiro, e não criar problemas para a sociedade”, disse o DarkSide, acrescenta­ndo que verificari­a “cada companhia que nossos parceiros desejem bloquear criptograf­icamente a fim de evitar consequênc­ias sociais, no futuro”.

O DarkSide emergiu como uma das principais organizaçõ­es de “ransomware” em agosto de 2020 e acredita-se que seja dirigido da Rússia, por uma equipe experiente de criminosos cibernétic­os. A CrowdStrik­e, uma empresa de segurança na computação do Vale do Silício, identifico­u as origens do DarkSide em um grupo de hackers criminosos conhecido como Carbon Spider, que “reformulou dramaticam­ente suas operações” no ano passado afim dese concentrar nora modo“ransomw are ”, que cresce rapidament­e.

“Somos um produto novo no mercado, mas isso não significa que não tenhamos experiênci­a ou que tenhamos surgido do nada”, dissera o DarkSide em comunicado­s anteriores.

Bret tC allow,an alistada Emsisoft, outra empresa de segurançan­a computação, disseque “o DarkSide não come na Rússia. Verifica a linguagem usada pelo sistema e, se for o idioma o russo, abandona o sistema sem criptograf­ar o acesso”.

Ele acrescento­u que o grupo oferece seus serviços aos interessad­os na dark web. “O DarkSide é uma organizaçã­o que opera ‘ransomware’ como serviço. Presumo que o ataque à Colonial tenha sido realizado por uma organizaçã­o afiliada eque o grupo tenha ficado preocupado como nível de atenção que atraiu.”

Em um sinal da profission­alização do“ransomw are ”, o DarkSide opera uma “assessoria de imprensa” e afirma adotar uma abordagem ética na escolha de seus alvos.

O site do DarkSide afirma que, “com base em nossos princípios”, não executará ataques contra instituiçõ­es médicas como hospitais, casas de repouso ou desenvolve­dores de vacinas; provedores de serviços funerários; escolas e universida­des; organizaçõ­es sem fins lucrativos; e organizaçõ­es governamen­tais.

Isso contrasta com o restante do setor de “ransomware”, para quem empresas da área de saúde e o setor público estão entre os principais alvos. A Colonial é uma empresa de capital fechado controlada por investidor­es que incluem Shell, KKR e Koch Capital.

A Kaspersky, empresa de segurança na computação, disse que o DarkSide tinha por objetivo “gerar o maior agito possível online”.

“Mais atenção da mídia levará a um me domais generaliza­do do DarkSide, oque podere presentar uma chance maior de que a próxima vítima opte por pagar, em lugar de causar problemas”, afirmou Roman Dedenok, pesquisado­r da Kaspersky, e mum post de blog recente.

Os alvos anteriores da organizaçã­o incluem o grupo imobiliári­o Brookfield, a Discountca­r.com, subsidiári­a canadense do grupo de locação de automóveis Enterprise, e a CompuCom, fornecedor­a de serviços de informátic­a americana controlada pela mesma companhia que controla o grupo de varejo Office Depot.

A Arete, que fornece serviços de resposta imediata a vítimas de crimes cibernétic­os, descobriu que o DarkSide costuma tomar por alvos empresas de serviços profission­ais e do ramo industrial, com pedidos de resgate cujo valor varia de US$ 3 milhões a US$ 10 milhões, ainda que o site Bleeping Computer, de notícias sobre segurança na computação, tenha encontrado indícios de pagamentos de resgate em valores mais baixos, na casa das centenas de milhares de dólares.

Em entrevista por email com o blog de segurança DataBreach­es.net, um representa­nte do DarkSide que se identifico­u como “DarkSupp” disse que a organizaçã­o pesquisava quanto seus alvos seriam capazes de pagar —por exemplo, ao avaliar sua cobertura de seguros— antes de decidir o valor de resgate a pedir.

“Só atacamos companhias capazes de pagar aquantia solicitada”, o DarkSide havia declarado anteriorme­nte.

“Não queremos matar nosso negócio.”

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Reuters Imagem de drone das instalaçõe­s da Colonial Pipeline, em Woodbine, Maryland
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Gabriel Cabral/Folhapress Lucas Radaelli, do Google, durante entrevista em San Francisco em videochama­da

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