Folha de S.Paulo

Atletas olímpicos receberão doses a partir de hoje

Previsão é imunizar 1.814 membros da delegação brasileira; doses extras serão enviadas ao SUS

- Natália Cancian, Carlos Petrocilo e Daniel E. de Castro

brasília e são paulo O Ministério da Saúde confirmou nesta terça-feira (11) que atletas, comissões técnicas, demais membros das delegações e jornalista­s credenciad­os para os Jogos Olímpicos e Paraolímpi­cos de Tóquio serão vacinados contra a Covid-19.

A medida foi anunciada em entrevista coletiva e também consta de uma nota técnica da pasta. O cronograma de imunização do governo está previsto para começar a partir desta quarta-feira (12) em algumas capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza. Seis delas participar­ão da aplicação das doses.

O COB (Comitê Olímpico do Brasil), porém, afirmou que a vacinação será iniciada efetivamen­te na sexta-feira (14). Segundo a entidade, o limite para a aplicação da segunda dose a todos os integrante­s dos Jogos Olímpicos é 21 de junho, a 15 dias do primeiro embarque para o Japão e a 33 dias da abertura.

“Vamos vacinar nossos atletas olímpicos e as comissões técnicas para garantir que esses atletas possam desempenha­r muito bem suas capacidade­s e trazer bastante medalha”, disse o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Segundo ele, a vacinação ocorrerá a partir de doações de farmacêuti­cas, que também enviarão doses extras ao PNI (Programa Nacional de Imunizaçõe­s) em contrapart­ida, como forma de não afetar a campanha de imunização em curso no país.

A estratégia deverá ocorrer com uso de vacinas da Pfizer e da Sinovac. A escolha considerou a doação das doses intermedia­das pelo COI (Comitê Olímpico Internacio­nal) e o intervalo entre a primeira e segunda aplicação antes dos Jogos, diz o ministério.

A estimativa da pasta é que sejam vacinadas 1.814 pessoas. O volume de doses doadas, no entanto, é maior, uma vez que envolve a aplicação da segunda dose e quantidade extra de vacinas que será redirecion­ada ao PNI.

No total, o Ministério da Saúde receberá 4.050 doses da Pfizer e cerca de 8.000 da Sinovac. Os números exatos não foram divulgados. Como a carga ainda não chegou ao Brasil, o estoque do país será aplicado e depois reposto.

De acordo com nota técnica da pasta, a vacina destinada para os atletas será a da Pfizer, com intervalo de 21 dias entre a primeira e a segunda doses.

“Ambas são vacinas muito boas. Mas é preciso verificar [qual usar e qual doar ao PNI] porque, apesar da Coronavac ser uma excelente vacina, há alguns países que têm restrições a vacinas não aprovadas lá. O importante é que essas doses são muito bem-vindas ao nosso programa de imunizaçõe­s”, disse Queiroga.

A vacinação ocorrerá em Fortaleza, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Brasília, em datas e locais específico­s, alguns deles cedidos pelas Forças Armadas. Em São Paulo, por exemplo, deverá ser realizada dentro do Centro de Treinament­o Paraolímpi­co.

Segundo o COB, cerca de 190 credenciad­os já foram imunizados e outros 200 estão no exterior, portanto fora da lista de vacinação entregue ao governo federal.

A inclusão da delegação brasileira no plano de vacinação contra a Covid havia sido revelada pelo Painel no dia 23 de abril, e os detalhes vinham sendo discutidos desde então.

Em nota técnica, o Ministério da Saúde diz que a decisão do governo e do COB por ofertar a vacina para atletas ocorre “consideran­do a relevância mundial dos Jogos Olímpicos e Paraolímpi­cos”, as “barreiras sanitárias entre os países e nos percursos até os locais destinados aos Jogos” e a circulação de diferentes variantes do coronavíru­s que despertam preocupaçã­o no Brasil e em outros países.

Para Marco Antônio La Porta Júnior, vice-presidente do COB e chefe de missão nos Jogos, a vacinação dos atletas é uma “tendência mundial”.

“Hoje, 16 países já iniciaram essa vacinação dos atletas. Temos certeza que é uma ação benefíca”, disse ele, que frisou que a vacinação incluirá também oficiais técnicos que trabalham em diversas funções, como arbitragem.

“Os brasileiro­s que estarão trabalhand­o nos Jogos Olímpicos estarão seguros para desenvolve­r as atividades.”

A princípio, o Ministério da Defesa procurou o COB e solicitou uma relação de doses necessária­s para vacinar toda a delegação nos Jogos Olímpicos (23 de julho a 8 de agosto) e Paraolímpi­cos (24 de agosto a 5 de setembro).

O comitê, por sua vez, informou ao órgão que havia recebido uma promessa de doação do COI, porém precisaria de um acordo com o Ministério da Saúde para que fosse emitida a nota técnica. Isso porque uma legislação já em vigor permite que entidades privadas adquiram vacinas, mas precisam doar integralme­nte ao SUS enquanto os grupos prioritári­os não forem imunizados.

Os organizado­res de Tóquio-2020 já disseram que não será obrigatóri­o estar vacinado para participar dos Jogos, mas incentivam e ajudarão para que o maior número de pessoas esteja, diminuindo assim os riscos de surtos durante a sua realização.

A Austrália iniciou a imunização de atletas como grupo prioritári­o nesta semana. Alguns países da Europa, como Alemanha, Espanha e Bélgica, também já começaram a vacinar atletas ou anunciaram essa intenção.

O ritmo da campanha nos Estados Unidos permitirá que os representa­ntes da maior potência olímpica cheguem ao Japão vacinados. Alguns atletas brasileiro­s que vivem ou mesmo passaram por período de treinos no país já conseguira­m receber a vacina.

São esperados cerca de 11 mil atletas no megaevento. Eles precisarão fazer testes diários durante sua participaç­ão. Também será exigido de todos que viajarem ao Japão dois exames negativos de coronavíru­s antes do voo. Após a chegada ao país, as pessoas serão testadas diariament­e por três dias. Depois desse período e ao longo da estada, a periodicid­ade dos exames será definida de acordo com a função e nível de contato com os atletas.

Além de Queiroga e La Porta, o anúncio também teve a participaç­ão do ministro da Cidadania, João Roma, do secretário especial do Esporte, Marcelo Magalhães, e do diretor do Departamen­to de Desporto Militar do Ministério da Defesa, MajorBriga­deiro Isaias Carvalho.

“Vamos vacinar nossos atletas olímpicos e as comissões técnicas para garantir que esses atletas possam desempenha­r muito bem suas capacidade­s e trazer bastante medalha Marcelo Queiroga ministro da Saúde

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