Folha de S.Paulo

Proposta que torna Pronampe permanente vai para sanção

Projeto autoriza União a elevar repasses a fundo que socorre micro e pequenas

- Washington Luiz

brasília O Senado aprovou nesta terça (11) a proposta que torna permanente o Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempre­sas e Empresas de Pequeno Porte ).

O texto já foi avaliado pela Câmara dos Deputados e agora segue para sanção do presidente Jair Bolsonaro.

Caso seja sancionada, a iniciativa se tornará uma política oficial de crédito, deixando de valer apenas durante a pandemia.

Para isso, o projeto permite que a União aumente, até 31 de dezembro de 2021, os repasses para o FGO (Fundo Garantidor de Operações) a partir de verbas orçamentár­ias estabeleci­das pela LOA (Lei Orçamentár­ia Anual), por doações privadas, recursos decorrente­s de operações de crédito externo realizadas com organismos internacio­nais e emendas parlamenta­res de comissão e de relator.

Se o aumento da participaç­ão no FGO ocorrer via crédito extraordin­ário para enfrentame­nto de efeitos econômicos e sociais de calamidade pública, os recursos deverão ser segregados, para que se assegure que sejam usados exclusivam­ente para esse fim.

Pelo projeto, fica estabeleci­do que o programa é destinado a micro e pequenas empresas, tomando como base a receita bruta auferida no exercício imediatame­nte anterior ao da contrataçã­o do crédito.

O crédito concedido será de até 30% da receita bruta anual calculada com base no exercício anterior ao da contrataçã­o.

Para empresas com menos de um ano de funcioname­nto, o limite do empréstimo será de até 50% do capital social ou de até 30% de 12 vezes a média da sua receita bruta mensal apurada desde o início de suas atividades, o que for mais vantajoso.

O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) receberá os dados cadastrais sobre as operações concedidas e poderá oferecer ajuda e ferramenta­s de gestão.

As instituiçõ­es que participar­em do Pronampe operarão com recursos próprios e poderão contar com garantia do FGO Pronampe de até 100% do valor de cada operação garantida.

Os bancos poderão cobrar juros anuais máximos iguais à taxa básica Selic mais 6% sobre o valor concedido, para as operações fechadas a partir de 1º de janeiro de 2021.

O texto também autoriza a prorrogaçã­o por até 365 dias ou 12 meses das parcelas a vencer ou vencidas dos empréstimo­s concedidos até 31 de dezembro de 2020 por meio do Pronampe, a pedido do tomador do crédito. O prazo máximo de 36 meses para o pagamento pode ser prorrogado pelo mesmo período.

Criado em maio de 2020, o Pronampe tem a finalidade de apoiar pequenos negócios que enfrentam dificuldad­es provocados pelo coronavíru­s. De acordo com dados do Ministério da Economia, foram liberados aproximada­mente R$ 37,5 bilhões para 517 mil empresas.

“Deu para atender só 7% das empresas. Quando eu digo que 20% foram atendidas, foi com juros altos. Mas com juro barato do Pronampe, só menos de 7%; 6,9% foram atendidas com os juros do Pronampe. E isso são 517 mil empresas que tiveram essa sorte. Cada uma delas tirou em média R$ 72 mil reais”, afirmou a relatora do projeto, senadora Kátia Abreu (PP-TO).

Para 2021, a expectativ­a é que o governo destine R$ 5 bilhões para o Pronampe. A parlamenta­r, no entanto, afirmou que esse valor não será suficiente e defendeu que o Congresso o amplie para R$ 10 bilhões.

“Se nós destinarmo­s R$ 8 bilhões, R$ 10 bilhões, ao invés de R$ 5 bilhões, [...] isso não vai trazer legalmente nenhum prejuízo ao Ministro da Economia e ao presidente da República, porque nós estamos com folga, porque a LDO colocou uma meta de déficit de R$ 247 bilhões.”

O projeto aprovado permite a portabilid­ade do crédito via Pronampe entre as instituiçõ­es que aderiram ao programa, observados os limites operaciona­is de cada uma definidos no estatuto do FGO.

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