Folha de S.Paulo

Vizinhos, PB e PE vivem cenários opostos de ocupação de UTIs

- João Valadares

recife Estados vizinhos, Pernambuco e Paraíba experiment­am realidades distintas há mais de dois meses em relação à taxa de ocupação de leitos para pacientes com sintomas da Covid-19. A situação pernambuca­na é mais crítica.

O estado, desde o dia 26 de fevereiro, apresenta lotação igual ou superior a 90% das vagas. Nesse período, esteve a maior parte do tempo com 97% de ocupação a despeito da contínua criação de leitos.

A Paraíba tem 55% de ocupação —o segundo menor índice do país, atrás de Roraima.

Pernambuco registra hoje o maior número de pacientes graves internados com sintomas da Covid no estado desde o início da pandemia: 1.602. Nos últimos dias, há mais de cem pacientes graves aguardando vaga na UTI.

Na semana passada, o estado teve recorde de confirmaçõ­es da doença. Em 24 horas, foram 3.074 novos casos.

Pernambuco tem população de 9,6 milhões de habitantes. A Paraíba, 4 milhões.

Segundo o Conass (Conselho Nacional de Secretário­s de Saúde), a taxa de letalidade, que mede o índice de mortes entre aqueles que têm a doença, é de 3,4% no território pernambuca­no. No estado vizinho, o percentual é de 2,3%.

A taxa de mortalidad­e da Paraíba, que mede a quantidade de óbitos por grupos de 100 mil habitantes, é de 175,2. Em Pernambuco, 151,9.

Nos dois estados, há restrições de funcioname­nto de bares, restaurant­es e shoppings, mas com algumas diferenças.

Pernambuco só decretou uma espécie de quarentena mais rígida em 18 de março. Não houve toque de recolher. Ao contrário do que ocorreu em 2020, o decreto do governador Paulo Câmara (PSB) não estabelece­u restrição à circulação de pessoas.

Por 15 dias, o estado liberou apenas só serviços considerad­os essenciais, o que incluiu, entre outros setores, a construção civil, concession­árias de veículos, pet shops e lojas de informátic­a.

As aulas começaram a ser retomadas no dia 5 de abril e as atividades religiosas foram liberadas com a exigência de alguns protocolos.

Na Paraíba, mesmo sem o índice de ocupação de UTI acima de 90%, as restrições mais severas tiveram início antes.

Em 24 de fevereiro, o governador João Azevêdo (Cidadania) determinou toque de recolher das 22h às 5h nos municípios classifica­dos com bandeiras vermelha e laranja.

97% ocupação dos leitos de UTI para pacientes com Covid em PE; o número está acima de 90% desde 26.fev

55% ocupação de leitos na Paraíba; é a segunda menor do país

Na Semana Santa, a Paraíba resolveu promover um superferia­do; em Pernambuco, ele ocorreu apenas na sexta.

Na semana passada, em razão do Dia das Mães, o horário de funcioname­nto de lojas de bairros, do centro da cidade e de shoppings em Pernambuco foi ampliado.

A média de espera em Pernambuco é de 12 horas para internar um paciente com sintomas da Covid na UTI. O estado passou a usar, no início de abril, uma calculador­a que auxilia médicos a escolher quem deve ser atendido prioritari­amente —o sistema havia sido elaborado e recomendad­o pelo Conselho de Medicina do estado em abril de 2020.

Os altos índices da doença em Pernambuco fizeram com que, na semana passada, o Conselho Estadual de Saúde recomendas­se a suspensão das aulas presenciai­s nas unidades de ensino públicas e privadas e adotasse uma nova quarentena por três semanas.

No mesmo dia, o governo estadual anunciou que não iria alterar o plano em curso.

Na Paraíba, o secretário­executivo de Saúde, Daniel Beltrammi, afirmou que há uma melhora geral nas taxas de ocupação hospitalar para a Covid-19.

“A Paraíba, além de ter a segunda menor taxa de ocupação de leitos de UTI para adultos do país, apresenta uma progressão sustentada de melhora de suas taxas de ocupação hospitalar para a Covid-19”, declarou.

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