Empresas americanas abrem vagas, mas não encontram trabalhador
O presidente Joe Biden defendeu na segunda (10) suas realizações econômicas, depois que os números sobre o emprego nos EUA revelaram dois fatos intrigantes: milhões de pessoas que perderam o emprego na pandemia continuam desempregadas, mas as empresas dizem que não estão encontrando pessoas para contratar.
A incapacidade das companhias para atrair novos trabalhadores deflagrou um debate polarizador sobre as possíveis causas, e os republicanos e algumas figuras do mundo dos negócios dizem que os benefícios generosos aos desempregados estão desencorajando as pessoas de procurar emprego.
O principal culpado por isso, afirmam, é a extensão, pelo governo Biden, do pagamento adicional de US$ 300 (R$ 1.570) semanais em benefícios-desemprego. Nos estados onde os pagamentos são mais altos, os benefícios combinados podem chegar a US$ 600 (R$ 3.140) por semana, o equivalente a quase US$ 16 (R$ 85) por hora. Isso é mais que duas vezes o valor do salário mínimo federal americano.
Biden disse que seu plano econômico está “funcionando”, a despeito da desaceleração na criação de empregos registrada no mês passado, que viu a geração de 266 mil novos postos, bem abaixo da expectativa de 1 milhão.
Ele insistiu em que não existiam “muitas provas” de que a extensão do prazo de validade dos benefícios-desemprego estava desencorajando as pessoas de trabalhar.
Pessoas do mundo dos negócios disseram que a falta de mão de obra é real em setores como serviços alimentícios, transporte e construção.
Donos de franquias da loja de conveniência 7-Eleven pediram que a companhia não os force a voltar a operar 24 horas por dia, porque não estão encontrando pessoal para os turnos noturnos.
Os administradores de uma loja do McDonald’s que está com falta de pessoal, no Texas, colocaram um aviso nos cardápios da área de drive-thru pedindo paciência aos fregueses porque “ninguém mais quer trabalhar”.
Os riscos de trabalhar de modo não remoto em meio à crise da Covid fizeram com que muitos trabalhadores de salários baixos reconsiderassem se seus empregos valiam mesmo a pena, dizem ativistas sindicais e economistas.
“A ideia de que a pessoa precisa voltar ao trabalho e potencialmente pôr a família em risco, e ao mesmo tempo receber um terço [das gorjetas] de antes da pandemia, é uma decisão que eu provavelmente não tomaria, se fosse um dos meus empregados”, disse Matt Glassman dono do Greyhound Bar & Grill, em Los Angeles.
Duas semanas antes de reabrir, Glassman marcou 15 entrevistas de contratação de pessoal de cozinha. Mas 12 não apareceram. Dos três que o fizeram, “um não servia para o posto” e outro se demitiu no primeiro dia.
Há também os que acham que benefícios-desemprego podem ter desencorajado potenciais candidatos.
Henry McMaster, governador republicano da Carolina do Sul, instruiu seu estado a suspender o pagamento dos benefícios federais adicionais no final de junho, dois meses antes do Washington planeja encerrar os pagamentos adicionais.
“O que deveria ter sido uma assistência financeira de curto prazo aos vulneráveis e aos prejudicados no pico da pandemia se transformou em um perigoso benefício federal, incentivando os trabalhadores ao pagá-los para ficar em casa.”
Organizações progressistas dizem que existe uma maneira simples de atrair mais trabalhadores: oferecer salários maiores.
“Os empregadores agora dizem que não conseguem encontrar pessoas para ocupar os postos de trabalho, mas o que deveriam estar dizendo é que não conseguem encontrar pessoal para esses postos com a remuneração que estão oferecendo”, disse Melissa Boteach, do National Women’s Law Center, uma organização progressista.
“A ideia de que a pessoa precisa voltar e pôr a família em risco, e ao mesmo tempo receber 1/3 [das gorjetas] de antes da pandemia, é uma decisão que eu provavelmente não tomaria, se fosse um dos meus empregados Matt Glassman dono do Greyhound
Bar & Grill, em Los Angeles