Folha de S.Paulo

Sem verba, UFRJ deve diminuir atendiment­os e leitos em hospital

Reitoria de instituiçã­o cobra suplementa­ção orçamentár­ia que ocorreu no ano passado

- Bianca Guilherme

rio de janeiro A partir de julho, a UFRJ, uma das mais bem avaliadas universida­des públicas do país, deve diminuir o número de atendiment­os e a quantidade de leitos em suas unidades no Rio.

Sem detalhar prazos e quantidade­s, a UFRJ informou que devem ser afetados os serviços de testagem para a Covid-19 e a pesquisa de duas vacinas contra a doença, ainda em testes pré-clínicos. Também está prevista, se não houver reajuste no orçamento, a redução de leitos hospitalar­es e de atendiment­os a pacientes.

Em entrevista nesta quarta (12), a reitora Denise Pires Carvalho afirmou que a universida­de não tem meios de manter leitos e continuar com as pesquisas que estão em desenvolvi­mento no momento.

As atividades da graduação estão no modelo remoto, mas laboratóri­os de pesquisa e os hospitais da instituiçã­o continuam funcionand­o.

“Estamos aqui fazendo um apelo, em defesa de todas as instituiçõ­es, para que nosso orçamento seja recomposto pelo menos aos patamares de 2020”, disse. “Nossa conta de luz não é decorrente só das salas de aula. Como manter leitos abertos, laboratóri­os funcionand­o, o sonho da vacina brasileira, sem que consigamos pagar nossa conta de luz, nossa conta de água?”

Eduardo Raupp, pró-reitor de Planejamen­to, Desenvolvi­mento e Finanças diz que a UFRJ está com um orçamento que correspond­e a três meses de funcioname­nto. “Nós poderemos honrar nossos contratos até julho e dependerem­os da capacidade financeira de nossos fornecedor­es.”

Dos R$ 299 milhões reservados para 2021, ainda segundo a UFRJ, R$ 152,2 milhões ainda dependem de suplementa­ção no Congresso. Desse valor, R$ 41,1 milhões foram bloqueados pelo governo federal.

Hoje a universida­de está com um orçamento disponível de R$ 81,7 milhões, porém seu gasto mensal é de aproximada­mente R$ 31 milhões.

Ainda estão previstas reduções em serviços de segurança, manutenção e limpeza hospitalar. Também sem fornecer detalhes, a reitoria informou que serão afetadas bolsas acadêmicas, insumos para pesquisa e compras de livros e de equipament­os de TI para o ensino remoto, além de projetos de combate a incêndio.

Segundo a reitoria, desde 2012 foram realizados cortes sucessivos. Naquela época, a Universida­de tinha R$ 773 milhões e desde então, o ciclo de subfinanci­amento prosseguiu: em 2013 o orçamento caiu para R$ 735 milhões, com cortes sucessivos até chegar a R$ 299 milhões em 2021.

Em nota, o Ministério da Educação afirma que está promovendo ações junto ao Ministério da Economia para que as dotações sejam desbloquea­das e o orçamento seja disponibil­izado em sua totalidade.

A UFRJ está em atividade desde 1792. Segundo o Ranking Universitá­rio Folha ,éa mais inovadora do país, com mais de 65 mil estudantes e 4.000 docentes. Tem sob seu escopo 9 hospitais e unidades de saúde e 13 museus.

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Ricardo Borges - 3.set.20/Folhapress Corredor do Palácio Universitá­rio, no campus Praia Vermelha da UFRJ

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