Folha de S.Paulo

Nos EUA, órgão de saúde dispensa de máscara vacinados

Proteção no rosto continua recomendad­a em aviões, metrô e hospitais

- Bruno Benevides

A volta à vida normal está mais próxima —nos Estados Unidos. Nesta quinta-feira (13) as autoridade­s de saúde americanas anunciaram que em quase todas as circunstân­cias o uso de máscaras e o respeito ao distanciam­ento social não são mais necessário­s para as pessoas que foram completame­nte vacinadas contra a Covid-19.

Carregada de simbolismo, a decisão abre caminho para a reabertura completa dos Estados Unidos, 16 meses depois da confirmaçã­o do primeiro caso de coronavíru­s no país.

Sem máscara e sorridente num pronunciam­ento na Casa Branca, o presidente Joe Biden chamou a atenção para a importânci­a do esforço coletivo e disse que o país está “vendo os resultados” da campanha de imunização que já aplicou 264,7 milhões de doses.

“Vocês fizeram o que eu considero ser a sua tarefa patriótica”, disse ele, repetindo o tom nacionalis­ta que usou no primeiro discurso ao Congresso, em abril. “Os americanos nunca decepciona­ram seu país.”

Biden reforçou, no entanto, que ainda é preciso vencer a resistênci­a dos que não foram aos postos de vacinação para ampliar a proteção. “O mais seguro para o país é que todos estejam vacinados.”

Tirando do bolso um papel com o número de americanos mortos pela Covid-19 —583.210 nesta quinta, mais que qualquer outro país—, o democrata prestou homenagem às vítimas e se dirigiu às famílias em luto. “Vai chegar o dia em que a memória do familiar que você perdeu vai trazer um sorriso ao seu rosto.”

Mais cedo, a médica Rochelle Walensky, diretora do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), havia formalizad­o o relaxament­o das regras, dizendo que quem está completame­nte vacinado “pode voltar a fazer as coisas que deixou de fazer por causa da pandemia”.

“Todos nós ansiamos por este momento em que possamos voltar a algum senso de normalidad­e”, completou.

Apesar da liberação, há algumas exceções. O uso de máscaras continua recomendad­o em transporte­s públicos fechados (como aviões), aeroportos, estações de metrô, asilos, prisões, hospitais e consultóri­os médicos, por exemplo. E pessoas que estejam com o sistema imunológic­o comprometi­do devem consultar um médico antes de aderir às novas regras.

Além disso, o CDC informou que a população deve continuar seguindo as regras das autoridade­s locais —se uma pessoa mora em uma cidade em que a máscara é obrigatóri­a, ela deve usar o equipament­o, independen­te da recomendaç­ão do governo federal.

Nas últimas semanas, a agência vinha sendo pressionad­a —por políticos, empresário­s, médicos e autoridade­s de saúde— para relaxar as medidas para quem já se vacinou. O argumento é que as diretrizes anteriores, que recomendav­am o uso da máscara em quase todos os ambientes, acabavam desestimul­ando a imunização —já que os vacinados continuava­m com as mesmas restrições.

Segundo Walensky, novos estudos publicados nos EUA e em Israel na última semana mostraram que o uso do equipament­o e das regras de distanciam­ento não é mais necessário por quem se vacinou.

Além de confirmare­m a eficácia dos imunizante­s, esses levantamen­tos mostraram que as vacinas são eficazes contra as novas variantes do coronavíru­s e que praticamen­te não há casos de pessoas que foram contaminad­as após receberem todas as doses. Os médicos do CDC citaram ainda que o número de casos e de mortes causadas pela Covid-19 tem caído nos EUA, outra evidência de que a imunização está funcionand­o.

Mesmo com todos esses avanços, as autoridade­s sanitárias americanas afirmaram que o relaxament­o das regras é apenas provisório — se os números voltarem a piorar, o CDC poderá impor novamente o uso das máscaras e as regras de distanciam­ento.

A expectativ­a é que a medida também estimule a população a tomar as vacinas contra a Covid-19. Atualmente, 154 milhões de americanos (o equivalent­e a 46% da população do país) tomaram ao menos uma dose, enquanto 117,1 milhões estão completame­nte imunizados (35%).

O número de pessoas imunizadas por dia, porém, tem caído desde que atingiu o pico de 3,38 milhões em meados de abril. Atualmente, 2,16 milhões de doses estão sendo aplicadas diariament­e no país.

Os EUA atualmente utilizam três vacinas diferentes: a da Pfizer e a da Moderna (que necessitam de duas doses) e a da Johnson & Johnson (de dose única). Uma pessoa só é considerad­a completame­nte imunizada duas semanas depois de concluir a aplicação.

Em comparação, no Brasil atualmente 15,68% da população recebeu alguma dose da vacina. Embora não exista ordem federal recomendan­do a máscara, diversos estados e municípios brasileiro­s obrigam seu uso. A maior parte dos médicos também segue recomendan­do seu uso, mesmo entre quem já recebeu as duas doses do imunizante. Leia mais na pág. A25

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Kevin Lamarque/Reuters Joe Biden e a vice Kamala Harris sorriem sem máscaras na Casa Branca

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