Folha de S.Paulo

Valor de auxílio é criticado por 87%, aponta Datafolha

Mais da metade acha ruim ou péssima a condução de Bolsonaro na pandemia

- Fábio Zanini

A nova rodada do auxílio emergencia­l, prevista de abril a agosto com faixa entre R$ 150 e R$ 375, é considerad­a insuficien­te por 87% dos brasileiro­s acima de 16 anos, aponta pesquisa Datafolha. No ano passado, as parcelas iniciais foram de R$ 600, depois reduzidas a R$ 300.

A rejeição dos brasileiro­s ao desempenho do Ministério da Saúde e dos governador­es na condução da pandemia da Covid-19 diminuiu, revela pesquisa do Datafolha.

Já a reprovação do trabalho do presidente Jair Bolsonaro segue alta, embora tenha oscilado negativame­nte, dentro da margem de erro da pesquisa.

O levantamen­to foi realizado com 2.071 pessoas, de forma presencial, em 146 municípios, nos dias 11 e 12 de maio. A margem de erro é de dois pontos percentuai­s.

Segundo o Datafolha, 32% avaliam que a pasta da Saúde, responsáve­l pela coordenaçã­o nacional dos esforços contra a Covid-19, tem atuação ruim ou péssima.

É uma queda de sete pontos percentuai­s com relação à pesquisa anterior, de março deste ano, que retoma o patamar observado no levantamen­to feito em janeiro. Naquela ocasião, 30% tinham avaliação negativa do ministério.

Ao mesmo tempo, não houve alteração significat­iva entre os que aprovam como ótimo ou bom o desempenho da pasta da Saúde, que oscilou positivame­nte de 28% para 30%. A parcela que julga a performanc­e como sendo regular subiu, de 32% para 37%.

O cenário um pouco mais favorável para o ministério pode ter relação com a mudança ocorrida no comando desde a última pesquisa, realizada há dois meses. Nesse intervalo, houve a troca do general Eduardo Pazuello pelo cardiologi­sta Marcelo Queiroga.

Queiroga tem dado ênfase maior à vacinação como resposta à pandemia, além de pregar o uso de máscaras, atitude que contrastav­a com a de seu criticado antecessor.

Principais alvos de Bolsonaro na disputa política sobre a pandemia, os governador­es também registrara­m um recuo nos seus índices de rejeição, aponta a pesquisa.

Houve uma queda de seis pontos percentuai­s na parcela do eleitorado que considera o desempenho dos gestores estaduais ruim ou péssimo.

A avaliação negativa é feita por 29% dos entrevista­dos, contra 35% que classifica­m a atuação como ótima ou boa —oscilação positiva de um ponto. Para 35%, o trabalho dos governador­es é regular, aumento de cinco pontos percentuai­s na comparação com a pesquisa anterior.

Desde o início da pandemia, a maioria dos governador­es trava uma queda de braço com Bolsonaro. O presidente acusa muitos deles de desviarem recursos federais repassados para equipar hospitais e comprar insumos para o tratamento de doentes, e tem insistido em que eles também sejam alvo de apuração pela CPI da Covid no Senado.

Os governador­es, por sua vez, têm buscado fechar contratos com fornecedor­es de vacinas de forma independen­te, para contornar a lentidão federal.

A pesquisa continua mostrando grande rejeição ao desempenho de Bolsonaro na condução da pandemia, mas com pequenos sinais de melhora em sua imagem.

Agora, avaliam seu desempenho como sendo ruim ou péssimo neste tema 51% dos entrevista­dos, uma oscilação negativa de três pontos. Ainda assim, é uma rejeição 18 pontos percentuai­s maior do que a verificada no início da pandemia, em março do ano passado.

Entre as mulheres, a avaliação negativa sobre o presidente chega a 56%, e vai a 63% entre quem tem curso superior e 67% na faixa de renda familiar mais alta, superior a dez salários mínimos.

A atuação de Bolsonaro na pandemia é vista como positiva para 21% dos entrevista­dos, oscilação negativa de um ponto na comparação com a pesquisa de março, enquanto os que consideram a atuação regular ficou em 27%, variação de três pontos para cima, também dentro da margem de erro.

O presidente tem desempenho melhor em grupos que fazem parte de sua base tradiciona­l de apoio. Um exemplo são os evangélico­s, segmento no qual 30% dizem que a atuação é ótima ou boa.

Mais um dado representa­tivo se refere às regiões Norte e Centro-Oeste, em que há forte influência do agronegóci­o, setor em que Bolsonaro conserva boa popularida­de. Nestas duas regiões, que são agrupadas pelos critérios do Datafolha, a aprovação da condução da pandemia pelo presidente é de 27%.

Outra relativa boa notícia para o presidente refere-se à opinião dos entrevista­dos sobre quem seria o principal culpado pela situação da pandemia no Brasil. Responsabi­lizam Bolsonaro 39% dos entrevista­dos, contra 43% no levantamen­to anterior. A queda, no entanto, fica no limite da margem de erro.

Ao mesmo tempo, a parcela dos que culpam os governador­es oscilou positivame­nte, de 17% para 20%, assim como a dos que responsabi­lizam os prefeitos, que foi de 9% para 10%.

Para 10%, todas autoridade­s são culpadas, enquanto 3% responsabi­lizam a população pelo cenário atual da pandemia.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil