PT celebra com cautela liderança de ex-presidente em pesquisa
Petistas e entusiastas da terceira via para a eleição de 2022 dividiram a surpresa com o bom resultado do ex-presidente Lula (PT) na pesquisa Datafolha e comungam da avaliação de que será difícil para o presidente Jair Bolsonaro se recuperar do tombo na aprovação.
Outro cenário claro entre políticos ouvidos pela reportagem é a polarização entre Lula e Bolsonaro, que estrangula as opções do grupo que tem buscado angariar apoios mais ao centro —e que vai de Ciro Gomes (PDT) a João Amoêdo (Novo). Membros de partidos ligados à construção de uma alternativa, no entanto, ainda se dizem otimistas em relação ao crescimento de seus candidatos.
Segundo a pesquisa, Lula alcança 41% das intenções de voto no primeiro turno, contra 23% de Bolsonaro. O ex-presidente venceria o segundo turno das eleições com 55% dos votos, contra 32% do presidente. Além disso, o governo Bolsonaro tem a aprovação de 24% dos brasileiros, a pior marca de seu mandato até aqui. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
No PT, há comemoração e cautela. Petistas avaliam que, a mais de um ano da eleição, é possível que o favoritismo de Lula diminua, caso a vacinação e uma retomada da economia beneficiem Bolsonaro.
Membros do PT têm evitado entrar de cabeça na campanha antecipada, ressaltando que a agenda do partido é lidar com a pandemia, embora a viagem de Lula a Brasília, quando se reuniu com nomes do centro e até aliados de Bolsonaro, tenha extrapolado a questão do auxílio emergencial e ganhado contorno eleitoral.
“Nossa centralidade nesse momento não é eleição, mas defender vacina para todos, emprego para todos, auxílio emergencial e que a CPI responsabilize Bolsonaro. A pesquisa é boa, mas há longo caminho pela frente”, diz Jilmar Tatto, secretário de comunicação do PT.
“A gente não tem nem a definição de que Lula vai ser o candidato. Defendemos isso, mas depende dele”, diz a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR).
Para ela, a decepção com Bolsonaro se estende àqueles que um dia o apoiaram como o ex-juiz Sergio Moro (sem partido), o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
A pesquisa mostra Moro com 7%, Ciro com 6%, o apresentador Luciano Huck (sem partido) com 4%, Doria com 3%, e, empatados com 2%, Mandetta e o Amoêdo.