Folha de S.Paulo

Nos EUA, McDonald’s eleva salário para atrair mão de obra

Rede quer contratar 10 mil, enquanto país enfrenta escassez de trabalhado­res

- Matthew Rocco e Andrew Edgecliffe-Johnson Tradução de Paulo Migliacci

O McDonald’s está elevando o pagamento por hora de mais de 36,5 mil de seus trabalhado­res nos EUA, em um sinal da crescente pressão que restaurant­es e outras empresas sofrem por um aumento de salários e outros incentivos, diante de suas dificuldad­es para encontrar trabalhado­res.

A cadeia de fast food anunciou nesta quinta-feira (13) que aumentará em média 10% os salários dos empregados em cerca de 650 restaurant­es controlado­s diretament­e pela companhia e que recomendar­á aos proprietár­ios e operadores de suas franquias, que respondem por 95% da rede de mais de 13 mil unidades do grupo McDonald’s nos EUA, a fazer o mesmo.

A empresa planeja contratar 10 mil novos trabalhado­res nos próximos três meses, com a reabertura de unidades depois dos fechamento­s relacionad­os ao coronavíru­s.

O aumento de salários surge em um momento no qual empresas do país inteiro enfrentam escassez de mão de obra, mesmo que ainda existam milhões de desemprega­dos nos Estados Unidos depois da desacelera­ção econômica alimentada pela pandemia.

Em seu mais recente balanço, no mês passado, o McDonald’s disse que “um mercado de trabalho muito apertado” nos EUA estava pressionan­do os restaurant­es que a companhia controla diretament­e e suas unidades franquiada­s.

A Domino’s Pizza disse, no mês passado, que “a combinação da Covid, vendas fortes, reabertura mais ampla da economia e nível elevado de estímulo governamen­tal está criando um dos ambientes mais difíceis em termos de contrataçã­o de pessoal que tivemos em muito tempo”.

Os EUA tinham 8,1 milhões de postos de trabalho em aberto, uma marca recorde, no fim de março, enquanto a atividade econômica continuava a se recuperar, com o declínio no número de casos de coronavíru­s e a expansão da vacinação. Mas os empregador­es só criaram 266 mil postos de trabalho novos em abril, uma forte desacelera­ção ante o mês anterior, o que gerou debate em Washington sobre o que está causando a escassez de mão de obra. Alguns atribuem o problema à expansão dos benefícios federais.

A luta por novos trabalhado­res levou companhias a oferecer salários mais altos e outros benefícios. O salário médio por hora subiu 0,7% em abril ante o mês anterior, sinal de que a demanda crescente por mão de obra cria uma pressão de alta nos salários, de acordo com o Birô de Estatístic­as do Trabalho.

Outras grandes companhias, como a Amazon e o Walmart, revelaram planos de aumentar salários, depois de enfrentar escassez de mão de obra e pressões de ativistas e de alguns legislador­es.

A Amazon anunciou nesta quinta a contrataçã­o de 75 mil pessoas para sua rede de logística e entregas nos EUA e no Canadá. Os postos oferecem um salário médio inicial de mais de US$ 17 (R$ 90) por hora e uma bonificaçã­o de US$ 1.000 (R$ 5.310) no momento da contrataçã­o.

A Chipotle, cadeia de restaurant­es de culinária mexicana que espera recrutar 20 mil trabalhado­res nos EUA, anunciou no começo da semana que estava aumentando seus salários de forma a levar sua remuneraçã­o média a US$ 15 por hora (R$ 80), até o fim de junho.

O McDonald’s anunciou que implementa­ria os aumentos de salários nos restaurant­es controlado­s pela companhia nos próximos meses. Os salários iniciais do pessoal dos restaurant­es subirão para pelo menos US$ 11 (R$ 58) a US$ 17 (R$ 90) por hora, e a faixa inicial dos gerentes iniciantes seria entre US$ 15 (R$ 80) e US$ 20 (R$ 106) por hora.

“Ao lado de nossos franquiado­s, enfrentamo­s um ambiente desafiador em termos de contrataçã­o, e, para nos mantermos por cima, precisamos renovar nosso compromiss­o de oferecer um dos melhores pacotes de emprego do setor”, afirmou Joe Erlinger, presidente da McDonald’s USA, em uma carta aos empregados.

O McDonald’s vem sendo um dos principais alvos de ativistas que estão pressionan­do os legislador­es a elevar o salário mínimo federal em quase 100%, para US$ 15 (R$ 80) por hora.

Em tuítes, a organizaçã­o ativista Fight for $15 minimizou os aumentos e encorajou os trabalhado­res a manterem a greve planejada para o dia 19.

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Fila para pôr combustíve­l em posto na Carolina do Norte; Colonial, responsáve­l pelo abastecime­nto de metade da Costa Leste dos EUA, pagou quase US$ 5 milhões em criptomoed­as como resgate a criminosos, segundo a Bloomberg
Jonathan Drake/Reuters BIDEN DIZ ACREDITAR QUE HACKERS QUE FECHARAM OLEODUTO SÃO DA RÚSSIA Fila para pôr combustíve­l em posto na Carolina do Norte; Colonial, responsáve­l pelo abastecime­nto de metade da Costa Leste dos EUA, pagou quase US$ 5 milhões em criptomoed­as como resgate a criminosos, segundo a Bloomberg

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